Thursday, December 13, 2012

Entusiasmo



Já lá vai algum tempo que não escrevo no blog. O Doutoramento e a escrita cientifica tem-me roubado o tempo de escrita.
Mas refletir é que é realmente viver. E esta semana, dei por mim a pensar que as pessoas estão a perder força, a perder brilho, a perder muita clareza, lucidez, alegria.
E Andei à procura de palavras. E Cheguei à palavra ENTUSIAMO.
É uma palavra muito completa.
ENTUSIASMO.
E o pior é que elas estão a perder tudo isso porque se estão a roubar a elas próprias. E Pior ainda, perdem e roubam-se dessas características e culpam crise, o dinheiro e outras coisas.
Sei que muitas pessoas pensam que eu sou idealista. Talvez. Mas a verdade é que sou feliz. Sou feliz por mim, não por outros, ou por dinheiro.
A verdade é que eu vi pessoas, à minha frente, a perderem o entusiasmo pela vida, a olhos vistos, de dia para dia, por causa de dinheiro, de ganância. E reparem: as palavras são muito importantes. Eu não escrevi ambição, mas sim GANÂNCIA. É tão diferente!
Muitas pessoas alegam que não têm entusiasmo, que sempre foram assim, e não querem mudar. Mas se lhes perguntarmos se querem ser ricos, aí…sim, já estão dispostos a mudar. O dinheiro é muito mais difícil de ganhar do que o ENTUSIASMO, não dá para ver? O entusiasmo pela vida só depende de nós próprios e de querermos abrir os olhos, abrir a mente.
Fico triste quando as pessoas dizem não vale a pena (Fernando Pessoa parece que também ficava). Fico triste quando as pessoas não se dão ao trabalho de surpreender os outros, de lhes criar emoções, de se emocionarem!
Fico triste quando usam a desculpa do TEMPO.
Fico desiludida tantas vezes com a humanidade. Porque não conseguem ver…
Fico triste quando olho no fundo dos olhos de uma pessoa e não vejo entusiasmo. E fico mais triste ainda quando alguém em diz que me entusiasmo com pouco. É uma frase que me ficará para sempre gravada na memória.
Mas ao mesmo tempo, fico feliz por alguém ma dito, cara a cara, olhos nos olhos. Porque confirmo que ainda me consigo entusiasmar com pouco.
E não, eu não nasci assim. Nasci na mesma crise que todos os outros. E simplesmente fui abrindo a mente.
E fico triste quando alguém diz que não radicalmente a algo, porque está a dizer que não.
E fico triste quando alguém me diz “ainda bem que ainda tens paciência para isso”, seja isso o que for. Porque é que não havia de ter? Ter paciência com tudo e todos, é ter paciência para viver! E PACIÊNCIA é outra palavra tal bela. É quase ciência, é leve, é sagesse, é anciã, é melódica.
Se eu não tiver paciência com a vida, vou tê-la quando? Com a morte?
Fico sinceramente e profundamente triste pelos seres humanos. E fico preocupada quando alguém não se entusiasma. Parece haver cura para tudo. Parece haver doença para tudo.
A falta de entusiasmo devia ser uma doença (nota: como psicóloga sei que, de alguma forma é depressão, mas não cumpre os critérios de diagnóstico todos…)
A falta de entusiasmo é muito séria muito grave. É ver os olhos baços de pessoas que deveriam ter tanto pelo que se entusiasmar.
ENTUSIASMAR.
ENTUSIASMAR.
E não sei o que fazer mais.
E, depois, por outro lado, além de querer que as pessoas se entusiasmem com a sua própria VIDA, penso que quero que alguém se entusiasme comigo. Por mim, para mim, por minha causa, pela minha presença, pelo meu olhar, pela minha pele, pelo meu cheiro, pela minha forma de ver a vida, pelas minhas obsessões, pelos meus defeitos, pelo meu ENTUSIASMO.
E acho que isso é que é AMAR alguém. E, no fim de tudo, isso é que é amar a vida.

Thursday, September 06, 2012

Há momentos na vida que nos apanham desprevenidos


Há momentos na vida que nos apanham desprevenidos...e profundamente felizes.

Algum citou as minhas palavras e, por momentos, nem sequer queria acreditar que eram as minhas palavras!

”A vida é para tentar, para tombar, sofrer, e depois ser feliz, e depois sofrer outra vez. Mas para viver plenamente, temos de tombar. E quanto mais vezes dermos o salto, de coração, mais vamos sofrer e mais vamos ser intensamente felizes! Não há outra forma de viver. O resto de formas de SOBREviver.” Patricia Arajo 2012.

Obrigado, Sandra Silva, pelo seu apoio e por me citar...

Sunday, July 15, 2012

FAÇA O PITCH DE SI PRÓPRIO

O meu ultimo Artigo tecnico do PORTAL DE GESTÃO (FAÇA O PITCH DE SI PRÓPRIO)tem recebio muitos comentários, por isso, decidi fazer um comentário global aqui.

SIM; VAMOS OUVIR MUITOS NÂOS!!!!

Ao longo da nossa vida, nas areas laborais, pessoais, vida amorosa, etc...e então??? Qual é o problema do NÃO!???

Não deixem que o não vos atrapalhe. Não vivam com o Não dentro de vocês a toda a hora, se não... vão ouvir mais nãos ainda!!!

Não imagino o que é viver constantemente a pensar que toda a gente nos vai dizer não ou que tudo vai correr mal! Livrem-se disso, por favor!

Arrisquem, tentem, não queiram chegar ao fim da vida arrependidos por nao ter tentado! Mesmo vos digam NÃO, tentem! Só assim vale a pena.

Além disso, às vezes ouvimos um talvez e achamos que é Não. Não deduzam. Se não ouviram um NÃO definitivo e redondo, tentem sempre!

Não se permitam viver eternamente a pensar "e se afinal a pessoa até viesse a dizer sim"?

A vida é para tentar, para tombar, sofrer, e depois ser feliz, e depois sofrer outra vez. Mas para viver plenamente, temos de tombar. E quanto mais vezes dermos o salto, de coração, mais vamos sofrer e mais vamos ser intensamente felizes! Não há outra forma de viver. O resto de formas de SOBREviver.

Sunday, June 24, 2012

I´m High on life

Já lá vai um tempo que escrevo no meu querido Blog.
Entre facebook, a escrita crónica no PORTAL DE GESTÃO e as AULAS DE YOGA resta pouco tempo e, por vezes, ideias, para escrever no blog.
Acho que o facebook já está tirar protagonisto aos blogs, que merecem muita mais a nossa atenção...
Mas hoje, enfim, I'M HIGH ON LIFE.
No meio de toda a crise, que as pessoas teimam em achar que é coisa nova, acho que a maior crise é de valores e, obviamente, esta crise também não é de agora!


Começo a achar que 80% das pessoas do planeta sofrem de vários critérios clínicos de Depressão. Por isso, quando olho para dentro de mim, sinto-me realmente feliz, porque estou certamente viciada na vida! 
Em inglês soa melhor, I'm High on life. As voltas e voltas que a nosso percurso dá, as incertezas com que vivemos faz de nós seres espantosos. A imprevisibilidade é o mais belo desta coisa a que chamámos vida.


Talvez eu esteja a ser influenciada por uma série de coisas que me acontecem, ou, por outro lado, por estar a ler A FÓRMULA DE DEUS do fantástico José Rodrigues dos Santos. Como escritora que sou, deixou os romances históricos e filosóficos para quem sabe, mas, a César o que é de César, e este livro está a mexer comigo. E não é isso que se quer de um livro? Aprendo física, Quântica, Matemática, num abrir e fechar de olhos e páro a cada páginas para revolver a minha cabeça nas minhas áreas, a Psicologia e o Yoga.


No meio de tudo é fascinante perceber que tudo o que as ciências confirmaram, o Yoga já defendia. Mas claro, como cientista que sou, sei que o método cientifico tinha de confirmar as coisas à sua forma, ou não vivêssemos nós nesta sociedade que assim o convencionou.


No meu de toda esta confusão, a vida é simples. Há entropia (tudo nasce, tudo caminha para o fim e tudo morre) e é um conforto saber disso, por muito que por vezes não pareça.


Há coisas que são indetermináveis, diz a Física e a matemática. E mesmo as que parecem muitas vezes determináveis, são influenciadas pela presença do Observador (Heisenberg).


Nós vivendo a nossa própria vida, influenciámo-nos a nos próprios. 


A Vida é um caos, e a teoria do caos vai ao milímetro da influência...


Mas no meio de tudo isto, a imprevisibilidade é sem dúvida a coisa mais fascinante que o Criador (será?!) nos deu. Talvez seja preciso que nos aconteça a coisa que, considerávamos nós, fosse completamente impossível, para reconhecer a magia da imprevisibilidade.
No entanto, também é preciso cavalgar a imprevisibilidade ao invés de fugir dela. Se fugirmos da imprevisibilidade da vida, estaremos a fugir da vida em si...


Santosha.

Monday, May 14, 2012

As barbaridades que eu ouço sobre a crise…


Com certeza, eu sou uma pessoa atípica. Com certeza devo ter muito melhor memória do que milhões de pessoas.
Esta é uma das alturas mais belas, mais ricas de todos os tempos e de repente, toda a gente só fala em crise.
Não sei desde quando é que todo o cidadão comum se tornou economista de café. Há 20 ou 30 anos, ninguém dava palpites sobre a gestão financeira ou medidas de desenvolvimento de um país. As pessoas davam ideias, comentavam as medidas e iam às suas vidas. No momento de votar, votavam. Depois envolviam-se na medida do possível, no quotidiano politico-economico.
Hoje em dia, todos os dias, notícias complexas sobre economia, politica e finanças são simplificadas para o cidadão comum que, não percebendo patavina, dá palpites. Atenção, eu também não percebo patavina, mas ao menos não acho que percebo.
A crise é muito antigo e plenamente previsível há mais de 20 anos. A europa chegou ao seu auge. Sim, enfrentamos agora a ausência de crescimento…mas, GENTE, é para isso que toda a gente andou a trabalhar estes anos todos. Vão todos a correr para os países em desenvolvimento…eu também já fui e foi uma ótima experiencia. Mas isso não é a solução para a Europa.
Quando eu era catraia ouvi muitas vezes a seguinte frase dos mais velhos “Em tempos, comprávamos um bocadinho de carne para dar sabor à sopa, não tínhamos dinheiro para nada, e alterávamos a roupa dos mais velhos, costurando roupa para os maisnovos”.
Sim, definitivamente estes tempos catuais são uma desgraça!!! Todos temos roupa e da boa, todos compram coisas todos os dias, e é uma crise desgraçada. Em tempos muitas pessoas não tinham televisão, há menos de 40 anos! E agora, quase ninguém tem televisão…têm plasmas, LCD, e LED…é uma tristeza.
Em tempos perdíamos contactos com amigos…e morríamos sem nunca mais saber o que era feito deles. De veze em quando via nos olhos dos mais velhos, a tristeza de perder um grande amigo. Nestes tempos horrorosos em que vivemos, encontro amigos a toda a hora, na net, n o facebook e falo com eles, e mantenho amigos anos e anos, mesmo do outro lado do planeta. É muito triste. Como bem todos os dias, e não passo fome, compro barato, acessível e bom.
AS doenças diminuíram e o controle de qualidade aumentou drasticamente em 40 anos. Que chatice, este país, é uma merda. E dantes demorávamos 7 horas para ir de férias a algum sítio, e agora excelentes autoestradas, infelizmente pagas claro, levam-nos a todo o lado. É mesmo uma merda de país...sem  dúvida, gente!
Há menos de 30 anos, as pessoas morriam sem saber porquê. Morriam aos 40 e aos 50 anos e so alguns tinham a sorte de passar essa barreira. Agora, a evolução do nosso país permite-nos viver, em média, até aos 80 anos. É uma desgraça, sim senhor. Realmente, para muitos, mais valia viverem só até aos 40 ou 50, uma vez que andam sempre a querer voltar aos velhos tempos.
Mas é assim: nos velhos tempos, as pessoas amavam-se, casavam, tinham filhos, formavam família, sem saber o que ia passar-se amanha. Sem acumular dinheiro obsessivamente, sem saber da carreira, e às vezes sem saber onde viver. Muitos dos nossos pais e avós viveram grande parte das suas vidas em casas da família, e não compraram casa.
Eu sou uma pessoa muito atípica, mesmo. Eu acho que não há melhores tempos do que estes. Quando eu era pequena, comecei a pedir coisas de marca à minha mãe. Claro que economicamente, não podia, mas o argumento certo é: qual é a necessidade dessa marca? É uma necessidade ou um desejo? Hoje em dia, sou coach e formadora e, quer nas formações de comportamento do consumidor, quer em consultas individuais de poupança, é das primeiras coisas que abordo: É necessidade ou desejo?
Todos os dias, nas lojas, nas ruas, ouço pessoas a dizerem: “Preciso mesmo do novo ipod”, “Preciso mesmo de umas calças vermelhas”, “preciso mesmo daqueles sapatos”…PRECISO??? Vocês esqueceram o significado dessa palavra? Vocês precisam de um fato Massimo Duti? PRECISAM de queijo marca XPTO? Precisam de …etc.etc.???? PRECISAM?
Quando eu era pequena, fui educada assim. “Enquanto se come não se vê televisão. Antes de saires da mesa, pedes licença e depois é que vais ver TV”. Os adultos davam o exemplo. Hoje, toda a gente vive com a tv ligada, “Para companhia”, dizem alguns. Não suportam o silêncio…o que me preocupa bastante.
Sadomasoquistas ou bombas de agressividade? Ouvem as notícias para em seguida desatar a insultar alguém ou alguma coisa, já repararam? Até no café, com a TV ligada, observo isto. As pessoas veêm TV para descarregar em alguém as suas frustrações. É fácil.
Dantes não havia nada para fazer. Fazia-se filhos, como diz o povo, às vezes, em tom de brincadeira. Agora, ao fim de semana, é impossível. Todos os shoppings estão cheios. E ainda se podia pensar que não compram nada. Mas na semana passada, estive no shopping a contar quantas pessoas saiam de saco na mão. Só contei 21 com saco e 2 sem saco nenhum! Sim, as pessoas compram coisas! É esta crise horrível que os manipula e os leva a comprar…mas como, se não tem dinheiro? Não sei…
Durante muitos anos, não soube o que eram férias. A família ia para a praia e dava umas voltas num raio de uns quilómetros e pronto. Agora, toda a gente vai de férias, e faz créditos, etc….é o raio da crise que se instalou.
Instalou-se nas vossas cabeças distorcidas, com ajuda da comunicação social. O comportamento das pessoas é que está em crise. Severamente em crise. Ninguém pratica a aceitação, o contentamento, a celebração do que têm e do que são e do que conseguiram na vida. Querem mais e mais, e como já tiveram talvez, um pouco mais, não aceitam menos.
Eu tenho orgulho no meu país. Tudo o que conseguimos nos últimos 30 anos é fabuloso. Paisagens, Politicas sociais, económicas, qualidade de vida, etc. Já para não falar em temros tecnológicos e reconhecimento mundial. Onde estão os portugueses aventureiros descobridores? Como eu li aqui há tempos, numa piada da internet, Os portugueses que aqui estão não são descendentes dos portugueses descobridores que se lançaram ao mundo. São descendentes dos medrosos que cá ficaram. Mas eu tenho orgulhos dos portugueses que todos os dias lutam, e ficam aqui, não arredam pé, e estão gratos pela sua vida. Tenho orgulhos dos portugueses que passam por mim na rua e me cumprimentam sem saber quem eu sou. E num BOM DIA, nasce uma sorriso de sabedoria e luta que me ilumina o dia. E quando se pergunta “Como vai”, a alegre resposta, “Vai-se andando, é a vidinha”.

Friday, April 06, 2012

Até acabar a gasolina do carro, não posso tomar um banho quente!

Estes programas de fidelização de clientes sao uma inteligente manobra de marketing. Parabéns. Mas chega a um pouco que uma pessoa tem de se chatear.

Então não é que até acabar a gasolina do carro, não posso tomar um banho quente! ? Como, perguntam vocês? Porquê? Tentando ser inteligente, uma pessoa cai nas armadilhas destes novos profissionais, denominados "Gestores de programas de fidelização de clientes"! Eu quero ser, contratem-me!

Graças a estes programas, ser cliente modelo, implica recebes descontos da Edp, da Galp, da SKip, etc. etc. 
Então, é assim: Ainda tenho gasolina no carro. Quando encher o depósito vai sair uma vale de desconto que quero usar para comprar uma botija de gás. Além disso, só dia 9 de abril posso usar o vale que vem pelo correio de 5 euros, do Modelo. O vale da EDP chegou agora (Quase 3 euros). Logo, ando a acabar de gastar a gasolina, para poder ir comprar gás ao modelo! Que chatice! Que raio de circulo vicioso em que me meti! Não é de rir!? Mas também é de elogiar a forma como estes novos profissionais gerem estas coisas...parabéns aos marketers...conseguiram-me fidelizar (ou será viciar?)...

Wednesday, March 21, 2012

Acerca do Dia do Pai: Ser pai, ser mãe.

Cresci sem pai (oficial), mas rodeada de pais afectivos. Apesar de não sentir a falta de um pai, isso afectou a minha vida de uma forma muito forte. Abandonada pelo pai, passei a ter medo de ter filhos. Vi a minha mãe passar pelas dificuldades de mãe solteira e senti tudo na pele.
Passei a recear tal responsabilidade. Em particular, recear o parto e o peso de criar um ser tão pequenino tão frágil. Preferia que nascesse logo com 2 anos e que conseguisse falar logo à chegada a esta vida!
Penso sinceramente, que as pessoas têm filhos por motivos estranhos. Para fortalecer relações, porque "está na hora" ou porque sim. Pior que tudo, muitos não sabem bem porquê. Simplesmente afirmam obcecadamente que querem ter filhos e, muitas vezes, não dão qualquer valor à família e não sabem, eles próprios, vestir o papel de filhos. Ter filhos é fundar uma família.
Então, reflicto agora sobre os meus medos. No entanto, o medo não me trouxe solução. Não casei (Ainda!), nem tive filhos (Ainda!), por profundos medos de ser abandonada e, no entanto,  acabo por ser abandonada na mesma. Estranho, não?

Decidir ser mãe é decidir nunca mais abandonar ninguém. É decidir não desistir. É decidir passar a amar, sem condições, sem chantagens, incondicionalmente.

Por isso, achava que um filho só poderia nascer de um amor profundo entre duas pessoas. Mas, apesar de já ter tido isso, afinal, esse amor acaba por ser sempre desistente.
Isso fez-me perceber que afinal, já estou pronta para ser mãe há muitos anos, e isso deixa-me profundamente orgulhosa de mim própria.

Sei que sou uma excelente filha, adoro passar tardes e noites com a minha família, e sei amar sem desistir e sei aceitar as pessoas, sempre (Talvez também pela minha profissão) e acima de tudo, sei aceitar as mudanças da vida.
Continuo a alimentar a ideia de que um filho deve nascer do amor de duas pessoas, mas hoje sei que é provável que o meu filho tenha apenas o meu amor incondicional e não desistente. É pena, mas é a vida.

Cada vez mais os homens reclamam os seus direitos à vivência plena da Paternidade. Ser pai não é afirmar que se quer ter filhos e depois não fazer mais nada até a criança ter idade para ir jogar futebol! 

No entanto, depois de trabalhar 2 anos num projecto de Igualdade de Género, fiquei muito feliz por saber, esta semana, que aumentou o número de famílias monoparentais com pai, e aumento significativamente o número de homens a pedir licença de paternidade!

Ser pai é viver a gravidez como se o bebé estive a nascer dentro dele próprio. É ter amor para dar e vender, para mim e para o meu filho, ainda no ventre. É estar presente, sempre, sem condições ou excepções, se desculpas.
Hoje, não sei se encontrarei o pai que quero para o meu filho (ou, mais certo, acho que será a minha filha!). Mas sei que a minha filha terá uma mãe que reflectiu e a desejou profundamente, e enfrentou os seus medos.

Se não encontrar um pai, isso hoje parece cada vez mais indiferente. A minha filha terá sempre a mãe, como eu tenho sempre a minha fantástica mãe! Afinal...não tive pai presente desde os 4 anos de idade, e desenvolvi-me num ser humano óptimo! Gosto muito de ser quem sou e terei muito para dar à minha filha.
Mas continuarei a alimentar (pelo menos mais uns anos!) o desejo que a minha filha tenha o que eu não tive. Um casal, pai e mãe, que se adoram, para que, assim que ela abra os olhinhos, lhe possamos dizer, em uníssono: "Bem vinda a esta VIDA, bem-vinda ao planeta terra, nós somos os teus pais, e porque nos amamos iremos amar-te também até ao fim da tua e da nossa vida! "

Ser Escravo do dinheiro...

Quanto tempo é que aos seres humanos vão demorar ate perceber que as coisas boas da vida são gratuitas?

Dar um abraço, receber um abraço, dar um beijo, receber um beijo, caminhar numa praia, passear no meio da floresta, fazer amor com quem realmente se ama, envelhecer ao lado de alguém, respirar, parar a ver o mar, cheirar a terra molhada depois de uma chuvada, ouvir os pássaros, ver um rio a fluir, deitar no chão a olhar para o céu, mergulhar no mar, receber um sorriso, dar um elogio, receber um elogio, ver o pôr-do-sol ou o nascer do sol em qualquer sitio do planeta, sentar debaixo de uma arvore, observar e cheirar uma flor, sentir o corpo de quem amamos junto ao nosso, sentir o cheiro do amor, sentir um arrepio de felicidade.

Façam do dinheiro vosso escravo, não sejam escravos dele.

Tuesday, March 13, 2012

A fantochada da Crise???

Lamento partilhar a minha opinião tão frontalmente, mas há coisas que têm de ser ditas.
A "crise" é uma fantochada.

A Crise existe, é económica, mundial e complexa. O "discurso da crise" para tudo, é que é muito estranho.

Infelizmente, no fundo as pessoas tornaram-se fúteis, consumistas e materialistas. Têm muito mais do que na realidade podiam, e agora não conseguem ter CORAGEM para descer à realidade!



Conheço imensas pessoas que sofrem todos os meses privações para pagar um grande carro, uma grande casa ou manter outras coisas estúpidas!

Em tempos dificeis, as pessoas parece que querem enriquecer mais rapidamente! Onde está o trabalhar no duro, calmamente para conquistar a felicidade...discurso  que eu sempre ouvi desde pequena? No nosso idosos que agora já nem ouvimos? Já nem tentamos aprender nada com eles? Ouvir as suas aprendizagens?

As pessoas tiveram demasiado dinheiro nas maos e agora que já não dá para comprar tudo, queixam-se. Mas continuam a trocar de carro, a comprar tudo do bom e do melhor...enfim, chateia-me um pouco, mas tento ajudar uma serie de pessoas.

Eu já era uma pessoa simples, que dava importância ao amor, à família e  à felicidade e menos ao carro XPTo, ao i phone, aos sapatos ou roupa Xpto....mas viver em  Africa quase 4 anos ainda me fez ver mais claramente.

Acho sinceramente, que esta crise está a fazer muito bem às pessoas, que começam a abrir os olhos para as coisas importantes da vida.

É com esta crise que as pessoas vão realmente aprender que não importa o que têm, mas o que são. Não importa o que se pensa, mas o que se sente. E que só há uma coisa que justifica tudo: a nossa felicidade. O nosso bem-estar. E isto não é um discurso utópico ou impossível. É possível ser feliz, simplesmente. Mas só se pode ser feliz, se se é AUTÊNTICO. Se fizermos tudo com autenticidade, seremos felizes. Se fizermos tudo por amor, tudo fará sentido.

Se fizermos tudo para ganhar mais do que os outros, ter o carro melhor, ter melhor casa do que o vizinho, andar à guerra por causa de uma herança, ou continuar a rezingar todo o dia pelo que não se tem, ao invés de estar grato por tudo que já temos, nada valerá a pena nessa vida.

Agradeço ao Universo, a Deus, a Mim própria e a todas as pessoas que me rodeiam, por tudo o que tenho e tudo o que sou. Se tudo desaparecer da minha vida (e vai mesmo desaparecer quando eu morrer), só ficam sentimentos e memórias, e isso, são as pessoas que criam! 


Só tenho mais uns 30 anos de vida. Por isso, viva as pessoas! Viva o amor! Viva este planeta lindo!

Tuesday, February 28, 2012

Pelos caminhos de Portugal

Ontem, dia 27 de Fevereiro de 2012, perfaz 2 meses que decidi não regressar a Angola. Exactamente ontem, reiniciei a minha carreira em “terreno” português! Até agora, estive a trabalhar em casa, em teletrabalho. Ontem saí à rua. Ontem, percorri os caminhos pelo norte de Portugal. Ontem senti-me invadida por um sentimento de orgulho patriótico como nunca havia sentido. Sim, parece que foi necessário sair de Portugal, para realmente lhe dar valor…é a vida…

Pelas estradas de Barroselas, Lanheses, Ponte de Lima, Fontão, Geraz do Lima, Neiva até Esposende, vi raios de sol cruzarem pinhais, senti o maravilhoso cheiro português, de terra, de trabalhadores, de eucalipto, de carros no corre-corre da vida.
 
Infelizmente, invade-me também uma certeza de que Portugal tem baixa auto-estima. Parem de culpar a crise. O povo português descobriu o mundo, conquistou terras, moveu corações e, agora, recolhe-se, infeliz, com medos, parecendo que se esqueceu de como é ser feliz. Ser feliz passou a ser, em 2 ou 3 décadas, ter muitas coisas e muito dinheiro. Onde está o orgulho de se ter o que se tem “e de agradecer a Deus o que já tens?”
 
Obrigado, Deus, Ser superior, Dharma, Buda, Alá, Universo. Obrigado pelo meu país. Obrigado pelo meu povo, ele recuperará desta depressão em que caiu. Obrigado pela minha família, pelos meus amigos, por todos que eu amo, amei ou que me amaram ou amam. Obrigado por me ajudares a gostar cada dia mais de mim própria. Só feliz comigo própria, posso tentar passar a felicidade para este país deprimido. E Vou conseguir!

Thursday, February 23, 2012

“Universidades Lean?”

Mais um artigo Publicado! Desta vez, o meu primeiro artigo Internacional!

Araújo, P. (2011). “Universidades Lean?”: Contribuición para la reflexión para a reflexão. Revista de la Educación Superior Nº. 160, Vol. XL (4), Octubre/Diciembre, pp. 135-154.


Brevemente disponível no site oficial da Revista, em:
Mas entretanto, decidi digitalizar a revista, em vez de aguardar pela Publicação Electrónica. É um artigo um pouco polémico ....Principalmente no campo da gestão do ensino superior!

A quem interessar, façam download no link abaixo, gratuito! 
http://www.4shared.com/office/AUBurixZ/Artigo_Rev_educ_superior_160.html

Wednesday, February 01, 2012

Nunca voltes ao sítio onde foste feliz??!!!

Parece que existe um ditado que diz "Nunca voltes ao sítio onde foste feliz". Não o consigo compreender.

Hoje passeei em muitos sítios onde fui feliz. Transbordava de felicidade. O sentimento não cabia em mim! Soube tão bem. A rua da Junqueira na minha terra, a Póvoa de Varzim, a praia, o sol quentinho a aquecer o rosto e o corpo já embrulhado em roupa. A Mariadeira, o liceu, a Biblioteca, a minha escola, etc, etc.

Emoções de infância e da adolescência vieram até mim e deixei-as entrar. Os namoricos, as paixões fortes, os fins, o choro, o riso...tudo...

Não percebo esse proverbio. Talvez tenha como objetivo prevenir as pessoas para que não sofram de novo. Porém, é tão estranho. Quando as pessoas pensam no passado, parece que têm prazer em reviver os sentimentos negativos! Masoquistas! 

Porque não ir ao passado e reviver a felicidade? Se não a podemos viver no futuro, então só podemos revivê-la no passado!

Quando as pessoas visitam o passado, parece que escolhem os piores momentos para visitar, o que significa que têm prazer em sofrer com eles.

O Yoga e psicologia positiva, e a vida em si, ensinaram-me e treinaram-me bem. Visito e visitarei sempre os sítios onde fui feliz! Porque só lá consigo relembrar e simular a felicidade que já tive no meu coração. E, assim, fico a saber que este coração ainda sabe o que é sentir felicidade. Só assim...

Tuesday, January 24, 2012

Angola e Portugal: Uma aprendizagem para a vida

O meu tempo em Angola terminará no dia 30 de Janeiro. Aterrei em Luanda pela primeira vez no dia 22 de Setembro de 2008 e saí de Angola no dia 22 de Dezembro. Quase 3 anos e meio de aventuras.
 
Desde que lá cheguei conheci centenas de pessoas, visitei 9 das 18 províncias de Angola, conheci a Namíbia (Capital=Windhoek), fiz um safari (Etosha National Park), visitei Moçambique (Maputo e Bilene), pus o pé em África do Sul (Joanesburgo).
 
Tive oportunidade de trabalhar no Lubango e em Benguela. Em termos profissionais, estou descansada pois dei o meu máximo e o meu melhor por Angola. Pelos alunos, pelos colegas, pelas instituições, pelos amigos. Dei-me ao máximo, como, aliás, já é me hábito. 
Mas dei-me até à exaustão, por estar longe do meu país.
 
Com Angola reforcei o meu sentido de simplicidade. Lembro-me de um reitor de uma universidade, que mal me conhecia, me dizer: “Sabes porque é que tens sucesso, Patrícia? Porque és simples.” Ficou-me na mente até hoje. Viver a vida simples.
 
Com Angola reforcei essa ideia de que devemos viver em Simplicidade. Infelizmente, muitas das pessoas que eu vi viverem no máximo da sua simplicidade, não o faziam por opção. Mas serviu para eu perceber a coragem que as pessoas têm para viver a vida. E não vida, enfrentar, lutar, debater-se nem outras narrativas do tipo, digo, viver. No meio do nada, entre a terra vazia e o fim do mundo, sorrisos apareciam iluminados na berma da estrada, fazendo fogueiras, acompanhando cabras ou simplesmente caminhando a pé por quilómetros. Viver sem luz, sem telemóvel, sem rede no telemóvel, sem cozinha, sem banheira, sem…enfim, uma série de coisas.
 
Com Angola aprendi que eu própria já era tolerante e muito adaptativa. Foi difícil ajustar-me á distância da minha família e amigos, mas não foi difícil dar aulas, trabalhar, ver a motivação dos alunos no ensino superior em Angola, saber entrosar-me na cultura, aceitando-a, querendo melhorá-la, mas sem insultar ou me sentir revoltada. Em África, em geral, pelo menos do que eu conheço, entristece-me as desigualdades sociais. 
Entristece-me alguém ter milhões e não ajudar o que só tem uns trocos.
Com Angola aprendi o lema mais importante dos angolanos: estamos juntos. Ouvi essa expressão quase todos os dias que vivi em Angola! Portugal tem de fazer renascer esse lema no seio do povo português.
 
Em Portugal, sinto o amor a casa. Sou internacional, sou do mundo, posso ir para qualquer sítio e serei boa e capaz, competente e lutadora, divertida e exploradora, mas só serei feliz em Portugal. Pela primeira vez na vida compreendo profundamente o significado da expressão “There’s no place like home”. Profundamente. Não há companhia como a da nossa mãe, não há melhor alegria do que partilhar uma mesa em família (Acho engraçado como é que existem pessoas que quere ter uma família, casar e ter filhos, e não suportam conviver com a própria família!). Nada melhor que o sofá da nossa casa. Nada melhor do que conduzir o nosso carro, estrada aberta, sem medos, tendo certeza que a igualdade e justiça estará lá, para mim ou para qualquer outro, independentemente do dinheiro que tem, do estatuto que tem ou dos títulos que tem.
 
Tinha planeado muito mais projectos em Angola. Muitos mais anos e algumas mais aventuras. Contudo, o universo quis que fosse de outra forma.
 
Em Angola fiz coisas que muitos seres humanos no planeta não farão: brinquei com Macacos, vi elefantes, vi girafas, vi elefantes, vi rinocerontes e dezenas de outros animais exóticos. Atravessei sítios onde não havia estrada. Atravessei estradas com minas de ambos os lados. Acampei no breu mais escuro do mundo, sem ver almas nenhumas. Dormi em praias desertas, com um céu inigualável. As minhas memorias são tantas que perderia meses da minha vida a escrever este texto…
 
E agora abro espaço para mais memórias. Encerro o capítulo de Angola. Penso que irei lá de novo antes de morrer. Quem sabe, nos últimos três anos vivi em Angola e fiz férias em Portugal, quem sabe a situação não se inverte?
Uma das grandes aprendizagens dos seres humanos, na minha opinião, é saber aceitar os fins. O fim de qualquer coisa. Quando julgamos o FIM de algo como BOM, ficamos felizes. Mas outro fim, que avaliamos como MAU, torna-nos infelizes, revoltados, doentes. E, como eu dizia num texto anterior neste blog, o “mal” do mundo está na dicotomizaçao.
 
Penso que cheguei ao ponto de aceitar os fins sem os julgar. E e como dizia o Budismo, o Yoga e tantas outras filosofias ou religiões: sabe bem. Quando passamos a aceitar a vida como ela corre, ficamos em paz, ficamos no presente, sem reviver o passado, sem obcecar pelo futuro.
Existem aproximadamente 195 países no mundo (até isso, ainda não é um conceito claro, depende do reconhecimento das instituições!), porém, aos 33 anos já visitei 13 países. 

Curiosamente, já pus os pés em cerca de 7% dos países do mundo! (Quem me conhece sabe que simpatizo com o número 7!). Ainda me falta pisar 93%. Ainda me falta viver muita vida e é uma perda de tempo fica obcecado com algum coisa nesta vida a não ser o amor, principalmente, o amor a nós próprios, o amor aos outros, o amor à paz de espírito, o amor à felicidade, o amor universal.
 
Obrigado, Angola, por estes anos da minha vida que nunca esquecerei.
Obrigado Portugal, porque sim. Talvez Portugal precise de mim. Talvez eu precise de Portugal.

Saturday, January 21, 2012

Cheguei à conclusão que sou romântica...

Cheguei a conclusão que eu sou muito mais romântica do que o que pensava. Os outros dizem-se românticos e não o são.
Quando eu penso em casar, penso em casar quando eu quiser. Não sou mesmo "Maria vai com as outras". 
Quando as pessoas se referem a casar “porque está na hora” ou a ter filhos “porque o relógio biológico esta a apitar”…sempre me arrepiei.

Agora percebo: eu quero casar e ter filhos. Aliás, no fundo eu já casei. 
Porque casar nunca foi assinar um papel. 

Casar é estar junto da pessoa “no melhor e no pior, na saúde e na doença”, “ na vida e na morte até que a morte os separe”. 

E, quando eu tive essa certeza, de que pude deixar a minha vida nas mãos daquela pessoa, aí, eu casei-me com essa pessoa.

Afinal, eu sou muito mais romântica do que os outros, porque não pus entraves. 

Acreditei na pessoa. Fui, lancei-me, confiei. Isso é que é casar, de alma e coração.
Ser romântico não é oferecer flores ou chocolates como nos mostram os filmes. 


Ser romântico, é estar lá, é ir sempre, sem por em causa o que se vai fazer, quanto se vai ganhar ou o que é que vai acontecer a seguir, porque desde se esteja com aquela pessoa, estaremos sempre bem.


Por isso é que o meu blog se chama pseudo-tudo. Porque as pessoas nem sempre são autênticas consigo próprias e com os outros. 

Se eu for autêntica comigo, eu estarei sempre bem comigo e com os outros. 

Adoro a palavra autenticidade. Custe o que custar, acho que temos que honrá-la. 

Autenticidade não é verdade, porque cada um tem a sua verdade. Ao contrário do que pensamos, que existe uma verdade objectiva para todos.

Autenticidade é interna, pode ser simplesmente não dizer, não falar nada. 

Mas quando nos sentimos autênticos, somos nos próprios. O resultado final não importa tanto como ser autêntico pelo caminho (caminho=vida).

E assim, aos 33 anos descobri que sou romântica. Que até faço surpresas às pessoas. 

Ser romântico não é dar beijinhos ou abracinhos ou sequer dizer que se é. Ser romântico pode ficar calado, estar autêntico e acreditar que o caminho, seja ele porque turbulências, picadas ou auto-estradas for, ao lado daquela pessoa, fará sempre sentido.

Tuesday, January 03, 2012

Medos, quadrados e Clean Slates

"Think out side the box" é uma expressão que tendo a usar muito na minha narrativa. Penso que, por medo, os seres humanos tentam encaixar tudo e todos em quadrados, ideias feitas, quadrados confortáveis, que explicam (ou tentam explicar) ou melhor, "enquadrar" será a expressão correcta, todas as coisas que acontece e pessoas que conhecem.

Isto acontece frequentemente na minha profissão. Ser psicóloga é estar imediatamente condenada a ser encaixada num quadrado, cheia de preconceitos e ideas preconcebidas que as pessoas trazem para as relações.

Quando algo novo ou relativamente novo acontece na nossa vida, o nosso cérebro inevitavelmente vai procurar, as vezes desesperadamente, situações ou pessoas semelhantes do passado. E a´´i, nesse momento de buscas e comparações. reside a infelicidade humana.

A certa altura parece que o ser humano perdeu a capacidade de viver as coisas pela primeira vez. Não é "como se fosse" a primeira vez, é porque, SÃO mesmo as primeiras vezes.

A gastronomia é sempre um bom exemplo.

Todos já comemos arroz. De muitas formas. Quando alguém nos convida "Olha, queres provar arroz de legumes",  nós não respondemos imediatamente "Não obrigado, já provei arroz de marisco e não gostei, logo também não vou gostar de arroz de legumes". Bem, se existe alguém à face da terra que dê uma respostas destas, escreva-me.

Por vezes, sinto que, em termos de relações interpessoais tudo isto se resume numa enorme falta de respeito. Quando alguém me conhece, quero que me conheça e não que me desate a encaixar nos seus quadrados, comparando-me com X e Y.

Quando algo acontece na minha vida, que se assemelhe de alguma forma a algo que já aconteceu, tento, a todo o custo, viver esse momento como se fosse a primeira vez. Se eu não fizer isto, estou a empacotar pessoas nos quadrados que eu tenho criados, quando não tenho nenhum quadrado para a aquela pessoa!!! E Isso é uma sensação horrenda.

A outra expressão com que simpatizo muito, do inglês é o "Clean Slate".
 - an opportunity to start over without prejudice
- fresh start, tabula rasa
- chance, opportunity - a possibility due to a favorable combination of circumstances; 

-If you start something with a clean slate, then nothing bad from your past is taken into account.

Foi difícil, mas penso que finalmente consegui.
E no que respeita a mim, quem não abrir um CLEAN  SLATE para mim, não me merece...
Arrumei num cantinho os quadrados do passado, e arranjei uns quadrados vazios. Clean Slates para o futuro. A única coisa que peço é que todos tentem fazer isso. Serão mais felizes. Muito mais.

Sunday, January 01, 2012

Dukkha, os fins e os começos

Dukkha é a palavra em sânscrito que designa sofrimento. Dei por mim a pensar nisso e na vida do Buda, e no sofrimento em geral que as pessoas se permitem viver.

Este texto não visa ser científico nem ambiciona ser perfeito no que respeita aos fundamentos do Budismo, note-se. É mais uma reflexão minha, como sempre.

Das quatro nobres verdades do Budismo, a primeira diz-nos que a vida é sofrimento. Depois Buda apresentou as causas e claro, o caminho (em oito partes) para nos livrarmos desse sofrimento. Quem tiver curiosidade procure saber mais...

Os fins e os começos que acontecem nas nossas vidas são uma das grandes causas de sofrimento. Se ao ler está a pensar que um fim é mais doloroso que um principio, está enganado.

Vejamos na perspectiva da gestão de Recursos Humanos: Começar um emprego novo não é tantas vezes emocionante, recheado e medos e inseguranças, emoções fortes, novas pessoas, novas hierarquias, etc. tanto qual a perda de um emprego?

Acabar e Começar são faces da mesmo moeda. Este é um principio básico quer do budismo quer do Yoga e quando aprendemos a viver os dois momentos, os fins e os começos, aceitando as nossas emoções tal como elas são, evoluímos. O cariz que atribuímos às vivências, como negativas ou positivas, faz apenas com que dividamos o mundo em dois, sempre este mundo dicotómico, bruscamente dividido entre o bem e o mal, a luz e as trevas, o gosto e o não gosto, como se essa simplificação nos ajudasse de alguma forma a viver melhor.

É em união que conseguimos evoluir e não em dispersão ou dicotomização. Para mim já foi mais difícil (O difícil e o fácil também é uma dicotomização!!!!) e, lentamente, começo a aceitar as minhas emoções como uma feliz parte de mim, porque posso sentir. Porque não tenho anedonia, porque finalmente começo a conseguir ser a "testemunha" da minha vida, nas palavras de Buda, assistindo a tudo o que se desenrola, com a paz necessária, e com o meu interior, o meu purusha, o meu si, a parte de mim que está realmente unida ao ser universal, às raízes do universo...


O Sofrimento faz parte da vida, a sua causa é o desejo. Quando desejamos demais sofremos. Quando desejamos sofremos, quer desejemos uma coisa fantástica que nunca mais chega, ou quando desejamos que algo horrível não aconteça, também sofremos.


Só quando conseguirmos ver a vida como uma bem primordial que deve ser vivido tal como nos é oferecido, conseguiremos viver realmente. Saindo dos clichés habituais, claro, porque é muito mais profundo do que o senso comum no quotidiano nos transmite. "A cavalo dado, não se olha a dente". Viver a vida em aceitação, é a única forma de realmente aceitar o bem vida, que nos foi oferecido...