Monday, September 27, 2010

Domingo na Jomba

Este domingo foi passado na Jomba, a cerca de 20 km do Lobito. Uma praia semi-deserta, com uma pequena taxa informal de entrada (os "moços" encarregues da limpeza insistiram que todos dessem a sua contribuição...)

A Praia da Jomba, que há muitos anos atrás possuía uma propriedade com nascente de agua e fabrica de enchimento, está agora vazia. A propriedade semi-destruída, mas a nascente de água continua lá. O paraíso de infância de alguém...

Em menos de 30 minutos apareceram muitos jovens...e pelo primeira vez vi os nativos apreciaram as aguas, nadarem, saltarem, desafiarem os mares...

Ficam algumas fotos.






À vinda para o Lobito...consegui tirar esta foto em andamento da Estátua "reabilitada" que foi colocada na avenida principal do Lobito (parece que estava no aeroporto do Lobito, e se metaforizava ao AR, agora, adaptada, está associada ao MAR...reciclagens...)

Monday, September 20, 2010

Testar limites, descobrir quem somos, sair dos “embrulhos sociais”

Viagem Benguela/Cimo/ Dombe Grande/Lucira/Bais das Pipas/Namibe

BORN TO BE WILD?

Aproveitando o facto do dia 17 de Setembro ser feriado em Angola, decidimos acampar.
Na realidade são apenas 3 dias e apesar de parecer muito, aqui em Angola, onde as distâncias são todas grandes…no fundo, no fundo, não chega para muito.
Vamos a factos: em 3 dias fizemos 930 km, ao longo de aproximadamente 10 horas. DEZ horas dentro num carro, aos tombos a maioria do tempo…

Equipados com pouco, e mantendo a filosofia que queremos estar o máximo próximo da simplicidade (porque a vida, no fundo é simples: KISS:Keep it simple, stupid!), levamos comida, alguns “luxos”. O conceito de “luxo” é relativo e muito pessoal: Um maduro tinto bem português (Monte Velho), um chuveiro próprio para Aventuras “on-the road”, um tanque de água e um leitor de DVD’s com um filme, que não chegamos a precisar sequer de ver para entreter! E um tenda para dormir, claro!

Ao ver a fotos, acho que irão perceber. Não há condições para fotografar a luz da lua a bater na praia deserta, e não há forma de captar o silêncio profundo do meio das montanhas sem viva-alma (nem pássaros, nem nenhum animal!), não há forma de vos descrever a paz de uma praia vazia.

Mas, pelas fotos, captem o que conseguirem.

E acreditem: Fazer uma fogueira só com lume e lenha é bem mais difícil do que o que parece!

Mas não há nada comparável a estar no meio do silêncio, com o mar a berrar bem alto, a luz da lua, o corpo frio a ser aquecido pelas brasas amarelas e vermelhas e laranjas, e cheiro daquele pinho ou não sei bem o nome...tão natural a queima para nos aquecer...

Todos nós estamos em “Embrulhos sociais”. Embalagens em que nos colocamos para nos promover junto dos outros, junto de todas as hierarquias e pessoas da sociedade. Só saindo definitivamente disso, conseguimos nos sintonizar com quem somos.

E é verdade: por vezes é assustador. Parece que não sabemos quem somos quando somos retirados desses embrulhos. Sentimo-nos vazios, desprovidos dos títulos e rótulos que povoam o nosso dia-a-dia. E isso assusta muito gente. Mas não tem de assustar. Os títulos e rótulos que usamos, devem sair quando nós queremos. Como uma casaco que simplesmente se despe.

Muitas descrições da prática de meditação são parecidas com o paragrafo anterior.

Por isso, muitas pessoas não estão ainda preparadas para a meditação ou para o Yoga ou qualquer outra alternativa que implique que as pessoas se dispam de todos os embrulhos (e embrulhadas…) sociais e se descubram a si próprias. E que passem tempos em solidão. E que se confrontem com todos os pensamentos pequeninos que a nossa mente tem…

É nestas enormes extensões de areal vazio, nestas gigantes montanhas, nestes espaços imensos que nem parecem deste Planeta (por ex. na Baía das Pipas) que uma pessoa consegue atingir a sua “ninguemdade”. O Estado de ser ninguém. O estado pacífico de se sentir a formiga mais pequena do planeta. Pacifico, na fase final, porque antes disso, despiram-se as frustrações e os sentimentos estranhos de afinal sermos tão insignificantes…e só depois vem a paz de ser absolutamente ninguém, e no entanto, sentir que somos únicos.

Um abraços a todos os amigos, amigos e á minha família! Muitos Beijos e abraços de 8000 km de distância!

Patty

Foto 1: Detalhe da Baís das Pipas - Namibe

Foto 2: Praia Perto de Bentiaba. Não sei o nome. Completamente Deserta, só se chega de Todo-o terreno, por uma caminho bastante escondido. A cerca de 5 minutos da Praia do Faiel (onde acampamos uma noite)
Foto 3; Praia do Faiel - Acampamento. Eu e o Meu Hermínio conseguimos fazer a fogueira para assar uns bifinhos de vaca e de peru (sim, claro, o vegetarianismo foi colocado em Stand-by já há algum tempo!)


Foto 4: Eu, em frente à tenda, a fazer o arroz de feijão e um pimento assado! Festejando o facto de ter o Monte Velho por companhia (Depois lembro-me sempre que falta "aquele" copo certo para beber aquele vinho, "naquela" temperatura certa...mas depois, tudo sabe bem...)
Foto 5 : A Fogueira: Ah, que bom o  lume a palpitar e depois as brasas...

  Foto 6: Preparando o Pequeno almoço!

Foto 7: Continuando a preparar o pequeno almoço , em formato de Brunch, enriquecido!


Foto 8: E a seguir, lavar a loiça e tomar "banhinho"...vejam bem...de chuveiro! (Para os curiosos, liga-se ao isqueiro uma pequena bombinha que entra no tanque e puxa agua!!! Fria...não se pode ter tudo...)

Foto 9: Um olival  em Bentiaba (onde se situa também o estabelecimento prisional)

Foto 10 : Mais plantações riquíssimas...

Foto 11: Uma praia pequenina, ao lado da praia de "Chapéu armado", uns quilómetros acima do Namibe (Infelizmente a Praia de "Chapéu armado" foi privatizada, e não conseguimos entrar, estava vedada)


 

Foto 12: O outro lado da praia pequenina...

Foto 13: Baia das Pipas: Namibe
 


Sunday, September 12, 2010

Festival Internacional Gastronómico na Nancy’s English School e Guest House

Decorreu há alguns fins-de-semana atrás, mais um Festival organizado pela Nancy. Claro, festival é um termo relativamente pouco justo para designar um convívio agradável, internacional e banhado sempre pela simpatia e acolhimento típico da casa!

Promoveu-se o contacto e a reflexão e cada um contou uma história lembrando um pouco a psicoterapia de grupo (sou psicóloga, né?) ou então aquelas brincadeiras adolescentes quando se vai passar um fim-de-semana com amigos! Os adultos estão gravemente a perder isso. Jogam na vida como se fosse uma batalha no Coliseu de Roma.

Como dizia o Osho, o meu grande meditador, no seu Tarot da Transformação, a vida é para ser vivida, a Brincar, como se fosse uma brincadeira leve, e não deve custar às pessoas viver…

E foi assim que nos sentimos nesta tarde internacional em que falamos com russos, búlgaros, portugueses, mexicanos, americanos, brasileiros…e acho que não esqueço nenhuma nacionalidade.

Aqui ficam as fotos… (de comida internacional, pessoas, e da fofinha cadela "Mucki"...depois de muito esforço lá consegui apanhá-la numa boa pose!)



 

 

 



 

A caminhada ao Sombreiro e a Arte de ser ninguém

Durante muitos anos ouvi, e ainda ouço por vezes, a expressão “ser alguém”, faz parte da minha infância e do conhecimento do senso comum, da sabedoria popular. Desde sempre, o considerado “povo” quis subir na hierarquia social, que infelizmente sempre existiu e, pelo caminho que vamos, parece que vai existir sempre. Não digo a hierarquia económica (haverá sempre na jogada o ESE-Estatuto Socio-económico), mas a “hierarquia das Manias” de quem é bom, a mania de ser superior, ou de achar que, por este ou aquele motivo, se é melhor que o outro. Aquela noção tão revoltante de ser superior ou inferior.

O ser alguém parece ter-se traduzido em “passar por cima dos outros a qualquer custo, para chegar a um lugar de poder, qualquer que seja”. E, no fim de tudo, apesar do mau karma que se acarreta, isso é fácil.
Difícil é ser ninguém. É não ter nem querer nenhum tipo de atenção especial. É querer ser a gota no oceano e não desejar ser o oceano.

Todos estes pensamentos me revoltam e perturbam bastante. E pensem: vivemos encafuados no dia-a-dia do trabalho…e quando chega ao fim de semana temos de respirar!!! Largar os tacões e as roupas desagradáveis, deixar de usar “coletes de forças” e “mascaras” organizacionais, deixar cair os títulos e descer de pedestais imaginários ou em quais no colocam, e ser nós próprios, procurar o nosso eu, a nossa autenticidade. Está aqui. No meio do vento e do ceú, das plantas e da terra, da areia e dos animais. Pertencemos.

É horripilante pensar que existem pessoas que passam a vida a praticar a posse, de tudo e de todos.

Um dos Yamas (Princípios éticos e orientadores do Yoga) que mais gosto e pratico é Aprarigraha: o Não-apego, o desapego das coisas materiais, o estar satisfeito consigo próprio, e sentir que já se tem e se é, tudo o que se precisa ser. A pratica da aceitação do que se tem.


Quem pratica o Apego todos os dias, está condenado a ficar sem nada, pois vive na ilusão de que possui alguma coisa…quando nada é de ninguém.

Fico triste, deixo-me invadir pela tristeza de observar tanto apego neste mundo.

Aliás, o Budismo já explicava que a origem de todo o sofrimento é o Apego…
Bem, deixando de lado as minhas aspirações a escritora, entro num registo mais soft. Vejam então nas fotos as casinhas de madeira na Baia Azul…que lindas, não são? São o meu sonho!

Vejam o caminho que fizemos para o ex-libris de Benguela, o Sombreiro. Essa Rocha em cima do monte que é a principal atracção dos postais da baía de Benguela.

Bem, apreciem as fotos da amizade, do convívio, das paisagens bonitas, das pessoas livres e felizes , nem que por umas horas apenas...