Friday, December 20, 2013

A palavra proferida...

Tenho tido tendência a começar muitos dos meus textos por "neste mundo fast...".

Realmente, parece o começo ideal ultimamente.

Ando tudo muito FAST, todos a correr, sem tempo, sem paz, sem parar.

Parar parece uma coisa do outro mundo.

Até a forma de falar das pessoas, e a velocidade como falam parece ter aumentado.

Será de mim? Estarei eu a abrandar e os outros a acelerar?

Por acaso, tenho mesmo a impressão que sim. Eu já atingi velocidades enormes na vida e agora abrandei, faço por isso, abrando, respiro, paro, penso antes de falar. Dou espaço, dou tempo, para não dizer algo precipitado, que possa magoar os outros.

No entanto, sou humana e isso pode acontecer-me também...

Há um Provérbio Chinês que diz "O vaso que quebra, a água que passa, a flecha que parte e a palavra proferida... não tem mais retorno".

O que distingue os seres humanos dos outros animais é o nosso cortex cerebral. Usamo-lo para tantas coisas, incluindo para o fabuloso mundo da fala e da escrita.

Será que não o podemos usar para ter cuidado nas palavras que proferimos aos outros?

A violência verbal e psicológica parece estar a aumentar. O que fazer? Talvez, mais uma vez, seja de mim, mas parece que toda a gente é adepta da frontalidade, da diretividade, mas com grosseria.

Como podemos conceber um mundo onde todos pensam antes de falar mas onde todos digam a verdade? Onde sejam autênticos consigo próprios e, em simultâneo, consigam transmitir tudo sem magoar o outro?

Dificil. É talvez um dos grandes desafios da especie humana.

Com as tecnologias parece que nos tornamos capazes de dizer tudo, parecemos corajosos. E, no entanto, escondemo-nos atrás de pedaços de plástico para não ver o outro, os seus olhos, o seu rosto, o seu comportamento não-verbal.

E quando o fazemos, cara a cara, ainda assim, parece ser difícil o controle, sentir que o outro está ali e que será magoado com a palavra proferida.

POr outro lado, outro provérbio diz "palavras leva-as o vento".

Pois... no nosso caso, humanos, a nossa capacidade de armazenamento de memória é tão enorme e tão passível de evolução, que as palavras ficam.

Muitos minorizam a importância das palavras. Mas, como já está mais do que abordado cientificamente, a relação pensamento -linguagem é profunda, e a narrativa que fazemos da vida representa-nos, expoe-nos, mesmo que não o queiramso (para saber mais, procurar terapias cognitivo-narrativas).

Cada palavra que escolhemos dizer (e escolhemos pode ser consciente ou inconsciente) a nós proprios ou a outros, representa o que pensamos, o momento em que a proferimos, a entoação ou o escudo do "foi na brincadeira", não tem qualquer valor. Ela representa-nos. Ela , a palavra, saiu de nós, da boca, do pensamento. É nossa. E foi em direção ao outro com uma flecha. Como uma pedra.

As palavras ficam gravadas. Depois, usamos o cérebro (emoções e razão à mistura) para decidir o que fazer em relação à palavra proferida por alguém.  

Monday, November 25, 2013

Psicologia do Amor? Devia ser obrigatório...


Esta semana uma amigo fez-me uma pergunta sobre o Amor.

Uma pergunta profunda, que vem de alguém que pensa no mundo através das suas experiências, mas tem a mente aberta para saber o que anda a ciência a fazer sobre isso.
Soube-me particularmente bem falar sobre isso, uma vez que esse apelo surgiu-me também na faculdade, e insistentemente quis fazer um trabalho sobre esse assunto no âmbito da psicologia social.

O interesse da ciência no amor deve ter começado logo no início do método cientifico.

Porém, os humanos complicados, demoraram a tentar operacionalizar a coisa.

Tentar explicar e fundamentar o amor é, para poetas e filósofos, estraga-lo um pouco. Dissecá-lo. Mas também, é que o a ciência faz e, depois, cada um faz dos resultados o que entender.

Os primeiros estudos sobre o Amor são atribuidos a Zick Rubin (Para saber mais, clique aqui ). Como sempre, os grandes avanços na ciência psicológica nascem do nosso fascinio pela medição e este autor, psicólogo e advogado tentou criar uma escala de mediçao psicométrica: a Rubin's Scales of Liking and Loving (Que pode consultar aqui).
Surgem depois a Teoria dos Três Modelos do Amor (Kelley), a Teoria Triangular do Amor (Sternberg) e a Teoria dos Estilos de Apego (Bowlby, Hazan & Shaver).
Por exemplo:
 
 

 
Mas, sendo este um artigo de opinião, a minha teoria preferida é de Jonh ALLAN LEE (Saber mais aqui), um sociólogo canadiano.
 
Lee pesquisou mais de 4000 opiniões sobre o amor desde Platão, concluindo que existem 6 tipos de amor, que o amor é plural (multidimensional) e não há hierarquia entre os tipos e, por fim, que a pessoa a pessoa, ao longo da vida, vai se adaptando, dependendo do momento e do par, ora a um ora a outro tipo de amor.

Então o resultado é:
Eros, Storge e Ludus e, depois, Mania, Agape e Pragma. o Autor atribui CORES a cada tipo (daí o livro se chamar The Colors of Love, 1973)
 
Para mim, isto devia fazer parte da educação emocional básica das pessoas.
 
Infezlimente, a disciplina de Educação EMOCIONAL nunca mais chega as escolas! Este era um assunto fenomenal para discutir com os jovens...
E essa seria uma das minhas profissões de sonho!!!
 
Façam um exercício pessoal e coloquem os amores que já viveram neste esquema. É iluminador!
 
Ao nível macro, reflitam sobre que tipo de amor é mais valorizado na sociedade de hoje...será só uma visão subjetiva, mas para mim, a conclusão a que chego é um pouco assustadora.
 
Boas reflexões.
 
 
 
Algumas referências, para quem quiser explorar mais:
 
   Rubin, Zick. 1970. Measurement of romantic love. Journal of Personality and Social Psychology
    Lee JA (1973). Colours of love: an exploration of the ways of loving. Toronto: New Press
    Robert J. Sternberg, "Triangulating Love ', in T. J. Oord ed. The Altruism Reader (2007)

 

Tuesday, November 05, 2013

Telemoveis desbloqueados, pessoas bloqueadas

À medida que avançamos por esta sociedade tecnológica, sem script, sem manual de instruções, o ser humano está nitidamente a perder-se
Com isto nao quero parecer resistente ou nostálgica, o progresso é sempre um parto dificil.

Mas chegamos a pontos de grave discussão.

Os jovens não sabem gerir o facebook. Colocamos-lhes nas mão uma ferramente quase BIG BROTHER, que há vinte anos atrás estaria nas mãos da CIA.

À medida que mergulhamos na "tech", cada vez mais livre, maior, mais potente, mais desbloqueada, o ser humano parece ficar mais fechado, mais quadrado, mais bloqueado.

Pessoas bloqueadas. Que não querem aprender mais, que acham que não precisam de evoluir mais. O ser humano parou a sua evolução e deixou o exterior desenvolver-se.

Afinal..para que serviu a trilogia Matrix? OU a trilogia (sim, trilogia!) TERMINATOR? Já não perceberam que as máquinas vão ganhar???

Friday, October 18, 2013

Mais vale só do que mal acompanhado...


Mais vale só do que mal acompanhado
Existem quatros tipos de formas de obtenção de conhecimento humano: o Conhecimento do senso comum, o conhecimento filosófico, o conhecimento religioso e mais recentemente o conhecimento científico.
Esta é uma das minhas primeiras aulas de Metodologia de Investigação Científica.
Quando o método científico surge, não tem como objetivo anular os outros.
O método científico é talvez o único que exige formação mais avançada, apesar de todos os outros exigirem alguma.
O conhecimento filosófico baseia-se em racicionios lógicos, silogismos etc.
O conhecimento religioso é dogmático, é o mais antigo, e baseia-se em dogmas que as religões criaram.
O conhecimento do senso comum, baseia-se em observações e experiências dos seres humanos ao longo de milhares de anos.
O Conhecimento científico, baseia-se em provas, obtidas segundo um conjunto de técnicas e normas que os seres humanos desenvolveram.
Os provérbios populares são um dos grandes exemplos de conhecimento científico.
Resumidos, exatos, sem grandes filosofias, deixam ao nosso critério individual a vivência da vida, para que depois confirmemos se estão adequados a nós ou não.
Este proverbio, “Mais vale só do que mal acompanhado” é forte. É duro. Parece quase agressivo ao dizer.
Vamos suavizá-lo e enquadrá-lo nas nossas vidas.
O ser humano é um ser gregário, naturalmente, gosta e obtem prazer de conviver com outros animais (racionais ou não-racionais).
É um ser afetivo (exceptuando casos patológicos que não possuem afetos, como é o caso dos psicopatas), é um ser que gosta de partilhar ideias e experiências com os outros seres (humanos ou não) e, ainda para mais com o desenvolvimento do cortex cerebral, miraculoso e único no planeta, o ser humano começou a ter prazer em trocar mentes, tocar outras mentes, estabelecer relações mentais com outros seres humanos. Dsad
 
Tudo isto faz sentido. Porém, a sociedade atual impulsiona-nos a manter contato com alguém continuamente.
Estar só por prazer de estar só é quase roçar a patologia.
E mesmo quando estamos só, temos telemóvel. A Nomofobia, a nova patologia de dependência do telemóvel, acabou por vir piorar bastante esta situação.
Podemos até estar sós fisicamente, mas estamos sempre em contacto com outros.
Ao nível dos afetos, há situações onde isto se tem tornado cada vez mais grave.
As pessoas sempre precisaram dos afetos dos outros, principalmente dos outros humanos.
Mas, de alguma forma, a globalização, a tecnologia, a abertura do mundo, gerou seres humanos que precisam de sentir o afeto dos outros. Ou outros seres humanos já eram mesmo assim, no núcleo da sua personalidade, e ainda não conseguiram ultrapassar isso.
Precisam de estar ligados, precisam de alimentar o ego, precisam de sentir que está ali alguém, algures, à distância ou presencial, que o admira, que flerta, que o faz sentir desejado, admirado, ouvido. Precisam de alimentar uma rede de contactos.
E o foco desta análise é entre o “Precisar” e o “Querer”.
Façamos um exercicio. Estamos sós. Na nossa agradável companhia. E de repente, dentro de nós, nasce uma necessidade, em segundos, de ligar para alguém. Parem um segundo. Querem ligar porque querem conversar com a pessoa, gostam dela ou PRECISAM de ligar-se com alguém? Se este ou esta não atender, pode ser o próximo...é igual, qualuqer um/a serve? O que têm nao chega, precisam de mais. Precisam de sentir que está ali alguém. E, por vezes, precisamos de alguém, e isso é natural.
Ao refletir sobre esse provérbio, Mais vale só do que mal acompanhado, é essa a minha reflexão.
Isto aplica-se a qualquer relacionamento, seja de amizade, de amor ou de outro tipo.
No caso do amor, esse relacionamento deve preencher-nos. O que não invalida que mantenhamos outros relacionamentos de amizade, pois são necessários. Mas uns não se podem anular aos outros. No seu cariz, para ser inteiros, integrais, completos, os relacionamentos devem estar cheios de verdade e, por isso, sejam de que tipo forem, os relacionamentos devem se entrecruzar, ter conhecimento uns dos outros.
Estar acompanhado com alguém que só está por estar, que não faz questão absoluta de estar connosco, que não pensa “não há mais ninguém neste momento com quem gostaria de estar”...será que vale a pena? O Povo diz que não. E então, mais vale só.

Ensaio sobre a Intimidade


A intimidade é uma palavra que eu aprecio imenso. Esta semana, todo o universo se alinhou para que eu refletisse sobre ela.

Passei na minha prateleira, na minha mini-biblioteca (de livros, reais, em Papel!) e lá estava o livro do OSHO, chamado exatamente “Intimidade”. Reli-o.

Numas leituras científicas fui parar (como inevitalvelmente lá vou para muitas vezes), à teoria do Desenvolvimento humano de Eric Erikson (para saber mais visitar, por exemplo, o Blogue: http://psicod.blogspot.pt/2011/05/teoria-do-desenvolvimento-psicossocial.html).

E lá estava a 6ª crise Do Erikson “Intimidade versus isolamento”. Na adultez, depois da resolução do estádio 5 (por volta da adolescência) cuja crise a resolver é “Identidade versus difusão da identidade”, passa a ser possível ao adulto com a identidade bem definida, estar pronto a unir-se à identidade de outra pessoa, sem que essa união o ameace como indivíduo.

Por entre diversas leituras, dei por mim a querer escrever sobre a Intimidade.

A intimidade é mais do que amor, é mais do que paixão, para mim, é o fim máximo da existência humana.

Intimidade é entregar-se, sem medo de nos perdermos a nós próprios. Como diz o OSHO, só é possível haver intimidade quando estamos dispostos a abrirmo-nos ao risco. A arriscarmos que o outro nao goste mais de nós, a arriscarmo-nos partilhar tudo mesmo que o outro nos deixe, porque não pode haver APEGO na intimidade.

Por isso, na opinião do OSHO (polémica para muitos, por certo!) o maior inimigo da intimidade é o Casamento.

Na maioria das sociedades inventou-se o casamento para tentar CONTRATUALIZAR o incontratualizável. Tentamos contratualizar a intimidade. Mais do que o amor. Não há mais nenhuma tentativa (que me lembre) que tentar contratualizar sentimentos.

Um papel que nos força a amar, auto-anula-se. O casamento veio forçar as pessoas a decidir sobre o futuro, quando este não existe.

A intimidade verdadeira só pode existir no presente. O passado e o futuro não existem. A intimidade é querer partilhar todo o nosso eu com outra pessoa. Querer. Não sentir medo, nao assinar contrato, QUERER. Todos os dias querer.

E quando não temos as crises de Erikson bem resolvidas, isso torna-se difícil. Como diz o OSHO, em primeiro lugar, logo à partida porque muitos seres humanos não se amam a si próprios. Então, nunca poderão entrar em Intimidade, porque receiam que o OUTRO, quando os conhecer verdadeiramente ...descubra quem ele/ela realmente é... e se não nos amamos, obivamente, receamos que o outro também não nos ame.

Por muito que a sociedade nos queira seres humanos estáveis e iguais todos os dias (o que é um contrasenso, pois isso é um robot), nós mudamos todos os dias. A pessoa de ontem não é a pessoa de hoje e não será a de manhã.

Intimidade é arriscar amar hoje. E Hoje, arriscar partilhar quem somos e o QUE Mudamos e o que vivemos HOJE...mesmo arriscando que a pessoa deixe de nos amar por causa disso. E a pessoa pode continuar a amar a  pessoa que fomos ontem, e deixar de amar a pessoa que somos hoje. E isso acontece todos os dias e, claro, faz-nos sofrer.

Intimidade é mais do que corpo, mente e espírito. Porque o Todo é mais do que a soma das partes (Gestal Theory!).

Quando usamos o corpo, duas pessoas têm atração física, é químico, são feromonas. É Paixão pura.

Quando nos ligamos a outro pela mente, temos um diálogo filosófico, intelectual (uma amizade, por exemplo).

Quando nos unimos pelos sentimentos, temos emoções platónicas, relações com amigos, pais, filhos, etc. Gostamos, usando as emoções.

Quando nos enamoramos (e vale a pena ler a respeito o fatástico “Enamoramento e Amor”, do sociólogo Francesco Alberoni), o fenómeno do enamoramento pode ou não conduzir ao amor.

E o amor, para que realmente o seja, só chegará ao seu pico quando é atingida a intimidade.

O ser humano é o único ser que tem essa opção à sua disposição. Escolher a imtimidade, a ligação total a outro ser pelo corpo, mente, espírito e sentimentos.

O ser humano desenvolveu cortex cerebral, ainda não sabemos bem como nem para quê ...mas eu tenho uma teoria!

Tudo o que nós fizemos com o cortex cerebral foi para unir pessoas. Pontes, estradas, edificios, telemoveis, pc’s, e agora as redes sociais.

Tudo para UNIR o mundo, para que as pessoas estejam mais próximas. Porque o humano é um animal gregário, e não eremita, e por isso, necessita de intimidade.

No entanto, é fácil cair na atual ilusão de intimidade: tennho muitos amigos, tenho 500 amigos no facebook, frequento muitos grupos, e todos gostam (?) de mim!

A intimidade nunca fará sentido ser atingida com 500 amigos. Só com um outro ser humano. E eu acho que o grande desafio da espécie humana é esse: seremos capazes de arriscar deixarmo-nos de parte (o EGO) e unirmo-nos a outro incondicionalmente, HOJE, sem passado nem futuro?

Há uma lenda antiga que diz que inicialmente havia um ser, hermafrodita, e que Deus dividiu em dois: Homem e mulher. E espalhou-os pelo mundo. A grande tarefa desses seres era reencontrar-se...e daí vem a noção de almas gémeas.

Demasiado romântico? Talvez. Mas limando as arestas da teoria, o grande desafio é encontrar o testo para a nossa panela, a porca para o nosso parafuso....e... (wait for it...)  mantê-la!

Mantê-la, correndo o risco, todos os dias. Abrindo o nosso ser ao outro porque sim, porque sabe bem que o outro nos conheça por dentro e por fora. E depois, amanha, se a pessoa que ontem se abriu à outra pessoa se transformou na pessoa de HOJE...veremos se conseguimos fazer com que a outra pessoa do HOJE continua a enamorar-se de nós. Todos os dias. Todos os dias mudámos, e se a mudança mudar a intimidade...mudou. Termina.

Correr o risco é dificil, é duro, é exigente, dói, dói muito, acho que quase todos os seres humanos sabem disso.

Mas se nos deixarmos ficar na pessoa que fomos ontem, nunca atingiremos de novo a intimidade. E poderemos então SOBREviver, uma vida segura, recatada, sem riscos nem emoções, sem grande sofrimento ...

Agora, é só escolher.

Saturday, October 12, 2013

Elimine o seu odor corporal...



Estava alegremente com a televisão ligada, sem lhe dar muita importância. E, de repente, ouvi um spot publicitário de uma marca de desodorizante, cujo nome não irei referir...

 

"Elimine o seu odor corporal..."

 

Pensei que os perfumes e desodorizantes serviam para melhorar os odores, mas não para eliminar.

 

Não estaremos a eliminar demasiadas coisas da nossa vida?

 

Elimine as rugas, elimine a celulite, elimine a dor, elimine o seu odor corporal, elimine as manchas, elimine as cicatrizes, elimine as brancas, elimine os sinais, elimine o que você quiser com cirurgia estética, elimine as formigas de sua casa, mate os insectos todos...

 

No entanto, com tante eliminação, parecemos não estar mais felizes. Pelo contrário. Notícias desta semana demonstram um aumento abissal do consumo de anti-depressivos e aumento do número de diagnóstico de depressão.

 

Eliminar tudo o que nós etiquetamos de "mau" na vida humana, está a ajudar em alguma coisa?

 

Eliminar as rugas, as cicatrizes, o nosso próprio odor!, não será eliminar a nossa própria história, a nossa marca nesta passagem (breve) pela terra? Não será eliminar as nossas vivências, as memórias, os registos?

 

Se ficarmos só com "as partes boas da vida" (o que é nitidamente subjetivo), será que conseguiremos ainda chamá-las BOAS? Ou passarão simplesmente a ser coisas? A ser neutras? Porque deixarão de ter contraste?

 

No oposto, estamos a adicionar muita coisa também! Adicionar montes de amigos no facebook (muitas delas que nem conhecemos, ou que não temos o prazer de conversar cara a cara), adicionamos um telemóvel, dois telemoveis ou três até, uma máquina digital, um Ipad, um PC, adicionamo-nos a dezenas, se não centenas de grupos virtuais, adicionamos muito mais comida aos pratos do que há 20 u 15 anos atrás (e achamos isso positivo)...

 

E no meio destas eliminações e adições, não estaremos a eliminar-nos a nós próprios? Não estaremos a eliminar a essência humana e a substituí-la pela essência da AI? (Artificial Inteligence?)

 

Não sei...muitos filmes. Mas é melhor rever a Trilogia "Matrix" e a Trilogia "Terminator" só para relembrar que nós é que criamos as máquinas...

Monday, October 07, 2013

O Conhecimento do Senso Comum: Mais vale só do que mal acompanhado

Existem quatros tipos de formas de obtenção de conhecimento humano: o Conhecimento do senso comum, o conhecimento filosófico, o conhecimento religioso e mais recentemente o conhecimento científico.
Esta é uma das minhas primeiras aulas de Metodologia de Investigação Científica.
Quando o método científico surge, não tem como objetivo anular os outros.
O método científico é talvez o único que exige formação mais avançada, apesar de todos os outros exigirem alguma.
O conhecimento filosófico baseia-se em racicionios lógicos, silogismos etc.
O conhecimento religioso é dogmático, é o mais antigo, e baseia-se em dogmas que as religões criaram.
O conhecimento do senso comum, baseia-se em observações e experiências dos seres humanos ao longo de milhares de anos.
O Conhecimento científico, baseia-se em provas, obtidas segundo um conjunto de técnicas e normas que os seres humanos desenvolveram.
Os provérbios populares são um dos grandes exemplos de conhecimento científico.
Resumidos, exatos, sem grandes filosofias, deixam ao nosso critério individual a vivência da vida, para que depois confirmemos se estão adequados a nós ou não.
Este proverbio, “Mais vale só do que mal acompanhado” é forte. É duro. Parece quase agressivo ao dizer.
Vamos suavizá-lo e enquadrá-lo nas nossas vidas.
O ser humano é um ser gregário, naturalmente, gosta e obtem prazer de conviver com outros animais (racionais ou não-racionais).
É um ser afetivo (exceptuando casos patológicos que não possuem afetos, como é o caso dos psicopatas), é um ser que gosta de partilhar ideias e experiências com os outros seres (humanos ou não) e, ainda para mais com o desenvolvimento do cortex cerebral, miraculoso e único no planeta, o ser humano começou a ter prazer em trocar mentes, tocar outras mentes, estabelecer relações mentais com outros seres humanos. Dsad
 
Tudo isto faz sentido. Porém, a sociedade atual impulsiona-nos a manter contato com alguém continuamente.
Estar só por prazer de estar só é quase roçar a patologia.
E mesmo quando estamos só, temos telemóvel. A Nomofobia, a nova patologia de dependência do telemóvel, acabou por vir piorar bastante esta situação.
Podemos até estar sós fisicamente, mas estamos sempre em contacto com outros.
Ao nível dos afetos, há situações onde isto se tem tornado cada vez mais grave.
As pessoas sempre precisaram dos afetos dos outros, principalmente dos outros humanos.
Mas, de alguma forma, a globalização, a tecnologia, a abertura do mundo, gerou seres humanos que precisam de sentir o afeto dos outros. Ou outros seres humanos já eram mesmo assim, no núcleo da sua personalidade, e ainda não conseguiram ultrapassar isso.
Precisam de estar ligados, precisam de alimentar o ego, precisam de sentir que está ali alguém, algures, à distância ou presencial, que o admira, que flerta, que o faz sentir desejado, admirado, ouvido. Precisam de alimentar uma rede de contactos.
E o foco desta análise é entre o “Precisar” e o “Querer”.
Façamos um exercicio. Estamos sós. Na nossa agradável companhia. E de repente, dentro de nós, nasce uma necessidade, em segundos, de ligar para alguém. Parem um segundo. Querem ligar porque querem conversar com a pessoa, gostam dela ou PRECISAM de ligar-se com alguém? Se este ou esta não atender, pode ser o próximo...é igual, qualuqer um/a serve? O que têm nao chega, precisam de mais. Precisam de sentir que está ali alguém. E, por vezes, precisamos de alguém, e isso é natural.
Ao refletir sobre esse provérbio, Mais vale só do que mal acompanhado, é essa a minha reflexão.
Isto aplica-se a qualquer relacionamento, seja de amizade, de amor ou de outro tipo.
No caso do amor, esse relacionamento deve preencher-nos. O que não invalida que mantenhamos outros relacionamentos de amizade, pois são necessários. Mas uns não se podem anular aos outros. No seu cariz, para ser inteiros, integrais, completos, os relacionamentos devem estar cheios de verdade e, por isso, sejam de que tipo forem, os relacionamentos devem se entrecruzar, ter conhecimento uns dos outros.
Estar acompanhado com alguém que só está por estar, que não faz questão absoluta de estar connosco, que não pensa “não há mais ninguém neste momento com quem gostaria de estar”...será que vale a pena? O Povo diz que não. E então, mais vale só.

As coisas que realmente valem a pena nesta vida


Adormecer no ombro de alguém de quem se gosta
Fazer uma surpresa, de tirar o folego, a alguém
Inspirar profundamente no pescoço de quem se ama
Cheirar a terra molhada
Olhar para o ceú estrelado até doer o pescoço.
Olhar no fundo dos olhos de quem se ama
Ajudar um amigo, sem esperar nada em troca
Sentir o primeiro ar de outono
Vestir a primeira camisola de gola alta no início do inverno
Sentir o sol a escaldar a pele na primeira vez que se vai à praia
Sentir os respingos do mar numa cmainhada de inverno
Andar de mão dada
Um beijo leve nos lábios
Conduzir por uma estrada ampla, sem destino
Encontrar o corpo nu à pele de outro corpo nu
Sentir o vento ao andar de mota
Cortarmo-nos e ver o nosso próprio sangue, ter certeza que estamos vivos
Escrever à mão, ouvir o som da caneta a deslizar no papel
Inspirar fundo, fundo...no fim de uma situação difícil
Descalçar os sapatos e andar pela relva
A alegria cega, pura e verdadeira do nosso cão/gato quando chegamos a casa
Tomar banho de imersão nu mdia frio, com velas e incenso e uma música relax
Fazer amor no chuveiro, inesperadamente
Dormir agarrado a quem se ama, de vez em quando
Cozinhar algo, com prazer, apurar, provar, apurar
Beber um bom vinho (para mim maduro tinto, Português!)
Estar só, sentir a paz de estar comigo...e gostar da pessoa em que me tornei
Perder o folego com uma paisagem da natureza
Sentir a chuva no rosto
Salvar um animal
Dar um verdadeiro elogio a alguém
Regressar a casa...


(Texto de Patrícia Araújo)



Thursday, October 03, 2013

Ser feliz é dificil

Ser feliz é dificil. Não é dificil atingir a felicidade, é dificil aceitá-la. Quando lá chegamos, parece que algo nos puxa para a miséria.

E no fundo, vive-se tão bem quando estamos infelizes. Alimentamo-nos da energia dos outros, da pena, de nos sentirmos vítimas. Quando estamos realmente felizes, nao conseguimos ficar lá. OU será que nao queremos?

Chego à conclusão que há pessoas que nao querem. A nossa sociedade atual dá muita atenção a tudo o que é negativo, tudo o que é “coitadinho” e as pessoas inteoriozaram que para obter atenção, têm de se demonstrar negativas, deprimidas, dificeis, infelizes.

Quando aparece alguém na nossa vida que é aberto, feliz, verdadeiro, autentico...muitas vezes dizemos ou pensamos que aquela pessoa não está bem. É anormal.

Ser feliz é ser anormal, atualmente.

Ter alegria, ter contentamento, ajudar os outros sem intenções...é sinal de que qualuer coisa é estranho. Pensamos logo que existem segundas intenções.

As pessoas desenvolvem muralhas, defesas para se proteger da excessiva felicidade. É perigoso ser feliz demais.

Como dizia uma parábola zen “Se escrevermos com marcador branco num quadro branco, nao se distingue. Escrevemos a preto num quadro branco...”

Para saber abraçar a felicidade, é preciso ter abraçado muito a tristeza profunda, ter chorado e sofrido “até ao fundo do poço”, para depois DECIDIR subir até cá acima e viver a felicidade.

Quem nunca viveu profundamente o sofrimento, nao poderá viver profundamente a alegria.

E quem viveu muito profundamente o sofrimento e, ironicamente, sentiu algum conforto lá (por mais estranho que parece isto acontece inconscientemente) pode não DECIDIR subir o poço.

Pode decidir lá ficar. Porque é bom. Porque é confortável. Porque é estável. É certo. É o mais ou menos. É o “deixa estar não mexe...porque pior nao pode ficar”.

E depois não se arrisca. Porque DECIDIR subir o polo e ser feliz, é ter de arriscar. Sabendo que se subirmos até cá acima, podemos descer até lá baixo de novo, já amanhã.

E às vezes, ficar lá em baixo é mais acolhedor.

É preciso muita coragem para ser e ficar feliz. É preciso decidir. DECIDIR.

E com isto nao quero dizer que é uma vida menos válida. Querem ficar lá em baixo, segurinhos, fiquem. É simplesmente sinal que não estão prontos. Quere ser feliz é arriscar tudo. É colocar as estranhas todas de fora. É expor-se aos outros. É por-se a nu. Tudo a nu. É realmente “dar a outra face” se for preciso. E ser feliz não quer dizer não ter momentos de dúvida, incerteza, medo, defesa, tristeza. É integrar esses momentos todos no eu. É perceber que eles fazem tanto parte da felicidade como quando estamos em pleno sofrimento e, por vezes, temos lampejos de felicidade...

Ter coragem para ser feliz, é ter coragem para aceitar tudo isso, integrado no nosso eu, e mesmo assim arriscar. É fazer uma gestão do risco emocional, e decidir ir em frente.

Não saímos à rua só com calças. Nao temos de escolher entre vestir calças ou camisola ou casaco. Não há “Ous”. Há “Es”. Vestimos as calças (tristeza), o casaco (a alegria), a camisola (dúvida), calçamos os sapatos (insegurança), o cinto (certezas) e todas as mais metáforas que quisermos. Faz tudo parte de nós. E Depois...temos um conjunto...que é o nosso EU. Quando tivermos coragem de integrar o conjunto, e aceitá-lo como um todo inseparável e com harmonia, aprenderemos a ser felizes. Se recusarmos o “conjunto”... escolhemos ser infelizes, pois estaremos a negligenciar parte de nós.

É preciso muita coragem para ser feliz. Parabéns a todos aqueles que são “demasiado” felizes.

Monday, September 23, 2013

Tecnologia, Tecnologia...para que te quero...


Estive em férias uma semana. Mas para mim, não há férias da observação. Principalmente observar os humanos no seu habitat natural.

 

E, digo-vos muito está realmente a mudar.

 

Os seres humanos estão, mais uma vez a descurar os sentidos. O Olfato já perdeu grande capacidade e predominância, em termos evolutivos, nomeadamente pelo facto de nos termos afastado do chão, aquando da evolução para Homo erectus.

 

Agora é a vez da visão e audição. Os humanos nao estão a usar os seus sentidos diretamente!

 

Simplesmente veem tudo através de ecrãs.

 

Foi fantastico e triste ao mesmo tempo, constatar a quantidade de pessoas que tirava fotografias na praia, dentro da agua, dentro da piscina, com iphones, ipads e outras coisas mais.

 

Dentro de grutas magnificas, as pessoas passaram todo o tempo a disparar fotos. Poucas pessoas tocaram na pedra, sentiram o ambiente, inspiraram o ar, ouviram o silêncio de uma gruta subterrânea oferecida pela natureza.

 

Pessoas sentadas em muros, desesperadas por sinais wireless gratuitos. Pessoas em grupo, sentadas em esplanadas, com paisagens belas, a olhar para ecrãs...e ironicamente, eventualmente a ver outras coisas belas.

 

Já dizia o António Variações "Estou bem, aonde nao estou".

 

Os seres humanos nao vivem no presente. Vivem no futuro (tiram fotos e fazem gravalções do presente para ver no futuro) e vivem no passado (sempre em comparações, e a planear já reviver o passado no futuro! Nao é irónico?).

 

A tecnologia não nos está a tirar o Presente?

 

Não estaremos a caminhar para ficar sem sentidos nenhuns?

 

Não estará a tecnologia a criar uma nova caverna de Platão? Estaremos a prepara-nos para reviver uma espécie de espelho da realidade? Não serão sombras?

 

Estamos voluntariamente a ir viver para dentro da Matrix???

Tuesday, September 03, 2013

Limpeza Kármica e os amigos


Estou a chegar aos 35 anos. Sendo assim, segundo algumas crenças de que renovamos o nosso corpo a cada 7 anos, vou para o meu 6 corpo (7x5=35) e estou a fechar a existência do meu quinto corpo.

 

Poderia refletir sobre muita coisa, mas nesta fase particular da minha vida, decidi refletir sobre as amizades.

 

Tenho poucas e boas amizades. Nao quero Mais. Prefiro ter 3 bons amigos, do que 50 pessoas com quem tomar um copo.

 

E dei por mim a pensar, no meio da minha autenticidade (tema do blog e meu objetivo Karmico nesta vida), sobre o que é um amigo.

 

Quase todos os dias sou invadida com frases feitas no facebook sobre a amizade. Frases belas, de autores conhecidos ou não, imagens tocantes, principios de vida... mas depois, na realidade, poucos os seguem realmente.

 

É duro e exigente viver na verdade e na autenticidade.

 

E, às vezes, mesmo que vivamos ou tentemos, os outros continuam a julgar que estamos em manipulações, e isso dói.

 

Mas antes... duas notas.

 

Karma significa, na raiz, ação. Toda ação terá uma consequência. Boa ou má. Isto dependerá da intenção da ação. Assim, ao contrário do que muita gente pensa, Karma nao é "o que fazes de mal, volta para ti mal".

 

Mas sim, tudo o que fazes com determinada intenção, volta para ti igual. Assim, podemos fazer algo muito bom (tudo é subjetivo) mas tinhamos a intenção inicial de magoar ou prejudicar alguém...e a inteção é que conta.

 

Por outro lado, a palavra amigo. Amicus está o verbo "amo", que significa "gostar de", "amar".

 

No meio da minha limpeza Kármica a caminho do meu 6º corpo, o meu foco naturalmente revelou-se ser os amigos.

 

E cheguei a algumas conclusões, que nao tirei de animo leve, apesar de algumas parecerem perfeitos clichés. Agora comprovados como verdades minhas.

 

1.º Mais vale só do que mal acompanhado. Passo muito tempo sozinha. Não por falta de pessoas com quem estar, nem por falta de amigos. Mas sim porque prefiro estar só, do que acompanhada de pessoas cuja intenção karmica eu duvido.

 

2.º Amigo nao cobra. Amigos não cobram, não ajustam contas, nao mandam bocas indirectas, nao ajem com segundas intenções.

 

3.º Amigos são para sempre. Memso que passem anos, dias, meses. Amigos ligam para amigos, sem pensar quem ligou da última vez. Amigos ligam porque querem estar com os amigos e NÃO ligam quando não querem estar...e os amigos compreendem. Porque as pessoas têm direito a estar com quem querem estar naquele momento.

 

4.º Amigos não fazem os amigos sentirem-se culpados ou pressionados. Passe o tempo ou as situações que passarem, os amigos nao fazem o outro se sentir pressionado a fazer algo, a convidá-lo para algo, e nao anda a contabilizar nada. Não há conta-corrente entre amigos.

 

5.º A amizade verdadeira nao tem fronteiras. Pode-se conversar sobre tudo. Pode dizer-se todas as VERDADES. A verdade doi sempre mais, mas é pura. A Mentira , muitas vezes dói menos, mas está poluída à partida e vai continuar a poluir a vida toda.

 

6.º Amigo nao tem medo de magoar o amigo. Amigos sabem que a mesmo que se discorde, respeita-se, e se não se gosta de algo no outro ou numa situação, comunica-se ao outro. Sem indirectas, sem picadas (porque os seres humanos não são animais, logo, não funcionam por picadas ou chicotadas para andar para a frente).

 

Assim, se algum dia voltar a sentir pressão, culpa, picadas, bocas, etc., vou resintonizar. Vou dar mais algumas chances de construir aquela amizada. E depois das chances, vou deixar essa amizade para trás.

 

Porque os amigos também mudam, também deixam de ser compativeis connosco e têm esse direito. Têm o direito de encontrar amigos mais compativeis, e temos o direito de terminar as amizades saudavelmente.

 

Porque, tal como qualquer outro relacionamento entre seres (humanos ou não), os relacionamentos fazem sentido num determinado tempo histórico e espacial. E depois terminam. O fim de uma amizade por ser algo tão benéfico e saudavel como uma inicio.

 

Os seres humanos desevolveram nos ultimos seculos um medo enorme de FINS (assunto que já foi tema de outro texto meu aqui no blog).

 

O fim de uma amizade pode ser o final mais profundo do quão bela foi aquela amizade e do quanto representou na vida das duas pessoas.

 

A todos os meus amigos atuais, um abraço. Eles sabem quem são.

 

A todos os meus amigos com quem partilhei grandes amizades no passado, outro abraço. A nossa amizade já acabou no espaço mas saibam que permanece no tempo (no tempo passado), e independentemente de qualquer coisa que se tenha passado ou que simplesmente as nossas vidas se tenham afastado, vocês estarão no meu cérebro e no meu coração para sempre.

 

A todos os meus amigos do tempo futuro, venham. Tentemos.

 

A amizade, como qualquer relação humana, exige empenho. Exige duas partes. Pode parecer um cliché, e é. É tão básico e tão dificil.

 

Enquanto escrevo este texto, a voz dentro de mim, do meu eu mais espiritual, repete algo sobre o qual já escrevi muitas vezes. As relações tóxicas. Não se mantêm relações que se tornaram tóxicas. Por muito que o passado tenha sido lindo. Nao são as pessoas que se tornam Tóxicas, note-se. São as relações.

 

E a voz dentro de mim, nesta minha caminhada para o 6º corpo renovado, diz-me que há várias relações que se tornaram tóxicas. Vou terminá-las. Naturalmente. Desejo a essas pessoas, uns foram amigos outros conhecidos outros colegas, nao interessa, a maior das felicidades. Talvez a relação deles comigo também seja tóxica. Que me guardem nos seus corações para sempre.

 

Mas a minha regra de vida é simples. OU é autêntico ou não é. E não há que ficar triste com os fins. Terminam belas amizades, que continuarão para sempre belas. Arrumadas com carinho no meu arquivo cerebral, na minha pasta de fotos, no meu diário. Quem sabe um dia, deixem de ser tóxicas. Quem sabe um dia voltem a ser reactivadas. Por ora...é o fim.

 

Às vezes dói viver assim. Às vezes parece mais fácil fingir, fazer de conta. Ter consciência plena dos fins da nossa vida não é fácil. Mas é claro, é limpo, fica-se com o coração aberto para outra...




Monday, July 15, 2013

Ser autentico versus ser defensivo

Sermos autênticos connosco próprios e com os outros é um grande desafio.
Principalmente quando chegamos a um ponto da nossa vida em que parece que já vivemos coisas demais, já conhecemos coisas a mais, é demasiada "areia para a nossa camioneta".
Quando nos aconteceu de tudo, quando o queixo já nos cai imensas vezes, começa a ser difícil ser autentico, porque os medos começam a vencer.

Autêntico é o tema desta blogue. Autenticidade não é verdade, ou certeza, ou fazer o que é certo ou errado. Não é um julgamento.

Autenticidade é ser coerente com o que pensamos, sentimos e fazemos. Quando pensamos e sentimos algo e não temos o comportamento correspondente, gera-se um desequilibro interno que vai contra a nossa autenticidade.

Por muito que nos queiramos abrir ao mundo e abrir aos outros, custa. Custa muito.

Às vezes a vontade de nos fecharmos e isolarmos de tudo e todos é muito grande e até pode ser saudável.

Outros seres humanos, usam outras formas de defesa. Contêm as suas expectativas. Auto-medeiam-se. Dizem que aconteça o que acontecer, paciência. Não confiam, Não geram confiança. Não se abrem, porque dói demais abrirmo-nos.

Dói demais jogar como o profundo risco que é expormo-nos aos outros.

É quase como jogar na Bolsa. 

Sabemos que ao comprar, por exemplo, ações, elas podem subir ou descer. Sabemos da existência do RISCO.

Mas nos sentimentos e nas emoções e risco é muito maior. O Dinheiro perde-se e ganha-se. As ações compram-se e vendem-se. E com a postura mental certa, as aprendizagens que daí advém podem até ser vantajosas.

No jogo dos sentimentos, comprar ações que depois baixam o valor, é uma marca que fica para sempre.

É preciso muita coragem para comprar ações "sentimentais" de novo. Para acreditar que as ações em que estamos a "apostar" vão subir o seu valor , durante o resto da vida.

É difícil investir emocionalmente.

Então passamos a comprar porque sim, a tentar ganhar, mas sem acreditar muito, a contar com o risco enorme de que o seu valor vai descer. Desinvestimos...mas vamos investindo alguma coisita...

Não quero comprar ações assim. Para isso, não compro. Se não acredito , não compro. Se não acredito, não amo. Apostar no amor, não acreditando, não é amar. É um jogo, talvez. 

É jogar contando com a probabilidade que o valor da ação pode subir, mas não é amar.

Para ser autênticos, temos de acreditar incondicionalmente no que estamos a comprar. Jogar no mercado da bolsa do amor, já a pensar que o preço das ações vai descer...nunca pode ser amor. Porque não foi autentico, porque não houve entrega, porque há defesas ativadas.

A única hipótese de ver as ações amorosas subirem, é acreditar que sim. Porque  nós estamos lá, metidos no jogo do início ao Fim. É o Princípio da incerteza de Heisenberg . O Efeito de estarmos lá, presentes, é incontornável.

O risco de desactivar as defesas é enorme. Mas o risco de viver constantemente com as defesas activadas...faz com que viver, seja simplesmente SOBREviver.



Tuesday, June 18, 2013

Investigação de Doutoramento - Pedido de colaboração

Investigação de Doutoramento Sobre TRABALHO PRECÁRIO, Emprego, Desemprego e INEMPREGO em graduados Portugueses.

Caros leitores:

Gostaria de pedir o vosso apoio na divulgação da investigação de forma a encontrar participantes .

O questionário demora 3 MINUTOS a ser respondido!

Ajudem-me a Descobrir e estudar o fenómeno do Inemprego, e dos novos profissionais : os INEMPREGADOS.

Visite este link e partilhe:

http://pt.surveymonkey.com/s/VRB93JW

Obrigado.

Patrícia Araújo

Para saber mais sobre esta investigação, visite o Blogue Oficial: http://inemprego.blogspot.pt/

Fernando Pessoa

Não sei se a minha vida de pensamento
se coadua com a vida de casamento....

Fernando Pessoa

Monday, April 15, 2013

Revisitar “O Advogado do Diabo”


Como cinéfila incurável, já havia visionado o Filme “O Advogado do Diabo” pelo menos duas vezes. Vi-o da perspectiva cinéfila, pelo excelente desempenho do fabuloso Al Pacino. Na altura, pesava ter entendido as profundas metáforas (às vezes mais diretas do que metáforas!), mas só agora, muitos anos depois a revisita-lo, é que o percebi profundamente.
As pessoas nem sempre se identificam com as personagens, pois os filmes são muitas vezes hiperbolizados.
Mas é simples, como o Diabo diz, ou Satanás que é um título mais elegante “Eu venci nitidamente o século XX, não se nota?”. Sim, nota-se, e o século XXI também esta a ser ganho por ele.
Agora, os humanos aprenderam a ser mais subtis. As guerras dão muito trabalho, demoram muito.
A guerra agora é psicológica e social. É manipuladora. É ganhar as massas pela vaidade. Como diz o Diabo também, “A vaidade é o meu pecado preferido”, e é sempre através dela que ele obtém o que quer.
Um advogado íntegro, justo, transforma-se rapidamente num tubarão de poder. Muitos de nós, humanos, vemos o filme como filme e pensamos que nunca chegaremos lá, mas infelizmente eu vejo humanos a chegar la todos os dias.
Se não, vejam. O Que o Keanu Reeves faz é simplesmente seguir-se pela sede de uma boa casa, bons fatos, bons escritórios e ganhar sempre, sempre que possível e sempre mais (ganhar casos, ganhar dinheiro, etc.). Posto assim não parece muito grave, pois parece se o que toda a gente quer. Depois, é só abandonar a nossa personalidade de base, as pessoas que se ama e deixar que a vaidade entre o reto do caminho.
É um pequeno passo, apesar de parecer grande.
E o próprio diabo diz-lhe “Mas tua amas a tua esposa…então vai, vai estar com ela…”. Mas mesmo assim o Keanu não vai.
Rapidamente o poder e o ego enchem-no e, como se se tratasse de uma panela de pressão, o ego lá dentro não quer saber de nada mais do que se passa cá fora. Uma pessoa centrada e calma, facilmente começa a aceitar entrar em conflitos, em confrontos, porque acha que os pode ganhar, que os quer ganhar e isso passa a defini-lo. Começa a instalar-se a agressividade (no caso do Keanu é apenas verbal, mas não deixa de ser grave).
Muito simplesmente os restantes passos fluem: uma vida cheia de dinheiro não se pode perder. Mais vale deixar os princípios para trás, a família, a esposa e os sonhos antigos que, no fundo, já não interessam porque já temos tudo o que preenche a panela de pressão.
A panela já está cheia de ego, de poder, de dinheiro e acima de tudo de vaidade. Vaidade fica perto do reconhecimento, mas é mais acima. Vaidade é achar-se o melhor, sem a menor dúvida. Na panela já não cabe auto-crítica, não cabe reflexão, não cabe amor, não cabe dúvida, porque a panela já está preenchida com ganância, dinheiro, vaidade e poder. O que dantes se considerava errado, agora é possível, pois quando se tem algum poder, tudo é manipulável, tudo é obtido (seja subornar alguém, não devolver o que não é nosso, passar à frente numa fila , etc.).
Enfim, tudo ganhou outra perspetiva. Só quando o Keanu perde quem ama (ou amava), atinge. Mas para muitas pessoas nem isso é suficiente, porque quando a panela está cheia…também não há espaço para repensar, reformular, reorganizar, mudar, voltar atrás, ter coragem de…qualquer coisa. Porque a panela já está cheia…logo, não há espaço…percebem, né?
E este é o nosso século XXI. O da vaidade. O dos gourmets, o dos carros que custam mais que casas, a febre do dinheiro, uns bons sapatos, um bom fato, vender a alma ao diabo por um salário astronómico.
E é o tempo do tudo ou nada. Ouça muitas vezes as pessoas dizerem que querem o melhor ou nada. Se a geração anterior tivesse pensado assim, muitos de nós tínhamos crescido sem nada.
Quem não tem dinheiro, deseja-o tão profundamente que é capaz de (preencham o que espaço…), quem já o tem agarra-se de tal forma que é capaz de (preencham o espaço…). E algures no meio disso, o Keanu perdeu-se a ele próprio…
Esta será a nova guerra psicológica. E afinal é tão fácil por os seres humanos nesta situação. É mais fácil do que o que pensamos.
Serei uma idealista? Talvez. Mesmo com a minha panela cheia de dinheiro e vaidade, chegou a um ponto que fui capaz de parar para reavaliar a panela e esvaziá-la e voltar a enchê-la. Será que me vai acontecer a mim? Não sei. Pelo menos, ainda tenho algum espaço na minha panela de pressão para a auto-crítica.
E a sua panela de pressão? Como está?