Wednesday, April 15, 2020

"Como comemorar para sermos a sociedade que nos queremos tornar em Tempos Pós-COVID" - Por Patrícia Araújo (In País ao Minuto)

"Como comemorar para sermos a sociedade que nos queremos tornar em Tempos Pós-COVID"


A Professora Patrícia Araújo, Fundadora do Ipam Leadership Challenge, lança ideias para os líderes portugueses, acerca de como passar a comemorar eventos em portugal. 





"Sento-me a escrever este texto neste dia 20 de março de 2002, data em que se celebra o Dia Internacional da Felicidade. Uma temática que me é muito cara, quer pela investigação científica em felicidade organizacional, quer como psicóloga em exercício há quase 20 anos (muitos 20´s neste texto!), quer como instrutura de yoga e meditação.
Nestes dias de Covid-19, estamos em casa, em teletrabalho, em isolamento, logo, os festejos do dia não serão muitos. Mas será que o iriam ser de qualquer forma? Não é feriado e muitas pessoas nem sabem deste dia: estaremos sintonizados para a felicidade?
Ultimamente, tenho refletido sobre vários dias comemorativos que estão no calendário atual, designadamente em Portugal, já não fazem sentido, pois já não são representativos da realidade que vivemos e do zeitgeist, nem representam a sociedade que queremos ser.
O que uma sociedade decide comemorar diz muito de quem ela é, a que é que dá valor, aquilo em que se deseja tornar nos próximos tempos.
Tenho aproveitado estes dias para escrever artigos científicos, preparar formação, supervisão de teses e a criação de alguns novos produtos para consultoria empresarial. 
E, de vez quando, no brainstorming, surgem umas ideias de propostas de como poderão ser os dias realmente transformativos e comemorativos do futuro português.
A primeira data da minha reflexão é o recém comemorado Dia Internacional da Mulher. Eu evito sair de casa, pois este dia é altamente desmotivador para alguém que trabalhou em igualdade de género durante muitos anos.  Este é um dia em que é comemorada a conquista de direitos iguais para trabalhadores (e do voto feminino), relembrando diversas tragédias, nomeadamente o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, que ocorreu em 1911 e matou 146 trabalhadores: 125 mulheres e 21 homens. 
De notar que, por muito que nos custe admitir, a situação da Igualdade de Género não tem melhorado significativamente e tem piorado subtilmente (Havendo dados estatísticos que comprovam isso, porém, a situação é bem mais disfarçada e sublimada). Já não se assiste (talvez quotidianamente) à discriminação aberta: passamos à latência. Mas abertamente em 2017 ainda assistimos a estas afirmações no parlamento europeu:
“Women must earn less than men, because they are weaker, they are smaller, they are less intelligent and they must earn less: that’s all!” afirmou o deputado da Polónia, Janusz Korwin-Mikke.
Vale a pena ver o vídeo, olhar nos olhos deste deputado e observá-lo a afirmar estas atrocidades e, por fim, ver a resposta da eurodeputada espanhola,  Iratxe Garcia-Perez.
Aqui, a festejar o Dia Internacional da Felicidade, isolada em quarentena, a trabalhar ativamente e relembro-me das afirmações desta pessoa: Como é possível alguém afirmar tal coisa?
Ora, esta data comemorativa já não representa a felicidade social, pelo contrário, parece estar a proliferar o famoso Cobra-effect. Pelo facto de continuarmos a chamar ao Dia da Mulher – APENAS Mulher, continuamos a imputar de alguma forma apenas a ela a responsabilidade pela luta pela igualdade. Além disso, matam-se flores em vão e fazem-se festejos sem qualquer fundamento só por se ter uma vagina. O sentido de toda a coisa perdeu-se. Festejo ser mulher todos os dias, e são muitos os homens e mulheres que me acompanham nesses felizes festejos. Neste dia, deveria festejar-se as conquistas de direitos por minorias, por exemplo.
Ou então, crie-se o Dia Internacional de Ser Humano, ou o Dia Internacional de Ser Homem, e já se equilibra a balança. Cabritinhos que cegamente, sem saber porquê, trazem oferendas a quem tem um canal vaginal, não, obrigado. Agora, rodriguinhos disfarçados para vender mais produtos e serviços, não. Para isso, já chega o dia de S. Valentim (sobre o qual não vou, de todo, dissertar).
Igualdade e felicidade caminham, na minha visão, de mãos dadas numa sociedade do futuro. São os valores fundamentais, são a base de tudo. A mudança estratégica de posição deve ser internacional, com a criação do Dia Internacional da Igualdade (De género, de oportunidades, de acesso, de raça, de tudo!).
Nestes dias COVID, também ouvimos ocasionais afirmações que revelam o início de processos de categorização: A categorização está na base de todos preconceitos e estereótipos: Categorizamos, a partir do momento que criamos duas categorias- nós e eles. A partir desse fenómeno grupal, tudo acontece. O sexismo, o racismo, a xenofobia, os clubismos e, agora, a categoria ‘estou infectado’ versus a categoria ‘não estou infectado’ e, pior, quando num discurso publico, Donald Trump afirma ‘esse vírus chinês’, como se o vírus tivesse passaporte e nacionalidade.
Categorizamos para tornar a realidade mais fácil de compreender, mas temos cérebros complexamente desenvolvidos para propor mudanças: temos neuroplasticidade. Mudamos todos os dias. O nosso cérebro muda e evolui, fisicamente (de notar que a descoberta da plasticidade neuronal tem poucas décadas e é importante relembrar que isto se aplica a qualquer cérebro normativo humano).
Continuando com as datas que não promovem igualdade nem felicidade, um outro exemplo claro nas comemorações portuguesas é o recém festejado dia do PAI – 19 de março. Enquanto a paternidade tem dia marcado, a maternidade tem dia mutável, porquê? Parece que se comemora a maternidade no primeiro domingo do mês?! Porquê? Não percebo. Imagino variadas explicações, mas não vou aqui levantar o véu delas. Não existe sequer igualdade nestas comemorações.
O facto de o Dia da Mãe ser um dia mutável pode causar que coincida em algum momento com o dia 1º de maio, que também já deveria ser reescrito e repensado. O Dia Internacional do Trabalhador, que foi a adoção em língua portuguesa, é tendencioso e gender-free, ao contrário do Inglês (Internacional Labor Day, apesar de ser conhecido como International Workers day, o que também não implica nenhum género).
‘Dia internacional do Trabalho’ quando na realidade, não queremos festejar o trabalho, mas sim, incentivar às boas praticas na vivência do trabalho humano por todos os envolvidos, certo? Logo, Dia Internacional da Felicidade no Trabalho, é uma nova proposta que aqui deixo.
Estamos a viver um momento em que constatamos que a qualidade de vida no trabalho (QVT) e a felicidade organizacional ainda têm muito caminho para percorrer, apesar de estarmos a assistir a evoluções gigantes. Com o COVID-19 a forçar todos a abraçar as vantagens do trabalho remoto (em regime de teletrabalho ou não), os grandes benefícios do e-learning, o reaprender a gestão do tempo e a conciliação profissional e familiar e as empresas a caminharem para uma gestão sustentável e uma Liderança mindful (Esperemos!).
Possivelmente, também as organizações evoluirão no sentido que já se pensa há tanto tempo: organizações positivas, aprendentes, com propósito, com causas, que não têm o lucro no seu core, mas sim, as suas pessoas e sua evolução e felicidade, fazendo crescer a probabilidade de toda a nossa narrativa de vida humana finalmente mudar. Tudo irá mudar e estaremos cá para abraçar a mudança, agora, desta vez, mais abertos, renovados: Sim, vem aí o ‘Crescimento pós-traumático’, também estudado recentemente pela ciência psicológica. E vamos nos reconstruir como sociedade e como humanos. Vamos reconstruir a nossa narrativa.
As palavras que usamos têm enorme peso, conduzem a sociedade e contam a nossa história e a estória que escolhemos contar. A linguagem estrutura todo o nosso pensamento, apesar de alguns velhos do Restelo, por vezes, ainda aparecerem a dizer que as palavras são irrelevantes. Já não há dúvidas em toda a comunidade científica, porém, ver a TEd Talk da Lera Boroditsky, denominada ‘Como a linguagem molda a nossa forma de pensar’ para relembrar estes temáticas, pode fazer sentido.
Além do repensar das palavras e das designações, há diferentes formas de comemorar datas, sendo uma das mais ‘fortes’ a declaração de um feriado nacional. Parar para refletir e pensar. Oferecer um dia de pausa aos cidadãos para interiorizarem a data. Incentivar a socialização e os festejos sociais. E assim chegamos a um momento difícil deste texto: Porquê é que, sendo um estado laico, ainda temos feriados religiosos? Se optamos por ter um feriado de uma determinada religião, porque não ter de outras? Ou o dia do ateísmo? Do agnosticismo? Onde está a igualdade, novamente? Que sociedade queremos criar a partir daqui?
objetivo deste artigo não era abordar os feriados, mas sim reflectir sobre que sociedade queremos ser a partir deste Março de 2020.  No 21 março foi dia da Árvore (ok, nada de errado com este!) e em breve comemora-se a primavera.
Este ano, Não há feriados no mês de março. No pós-covid, faz sentido criar uma data comemorativa. Nestes dias desafiantes, claro que se celebram os profissionais de saúde, a saúde pública, os investigadores, o legislador que compreende e tenta conduzir uma sociedade no melhor caminho, a família que cuida dos doentes (esquecemo-nos que mais de 80% dos infectados está em casa) e cada ser humano que está nesta planeta neste instante.
Mas, como sairemos das cinzas após o rescaldo? Queremos lembrar os valores da tolerância, da igualdade e da felicidade para que consigamos caminhar a partir daqui num caminho em que ‘somos todos um’…será pedir demais?...“Os sonhadores atuais são talvez os grandes precursores da ciência final do futuro”(…) “Vibra alguma alma com as minhas palavras? Ouve-as alguém que não só eu?! (Fernando Pessoa, In ‘Livro do Dessasossego)."
Para LInk Alternativo: https://www.linkedin.com/posts/pattaraujo_como-comemorar-para-sermos-a-sociedade-que-activity-6655931149010911232-zrtL

Tuesday, April 14, 2020

“Os líderes portugueses irão confrontar-se com graves dificuldades em reter pessoas” - Entrevista COm Patrícia Araújo (In Link to Leaders)

“Os líderes portugueses irão confrontar-se com graves dificuldades em reter pessoas” - Entrevista Com Patrícia Araújo (In Link to Leaders)



#Metodopositivoconsult

Patricia Araujo, PhD. 
CEO da Método Positivo Consultoria
Consultora Employer Branding, Organizational Happiness 😊& Internal Marketing
Professora Universitária no IPAM, ULP-Univ. Lusófona do Porto & ISMAT-Instituto Sup. Manuel Teixeira Gomes
Instrutora de Meditação, Yoga & Mindfulness
Perfil Linkedin
Entrevista Integral: https://linktoleaders.com/os-lideres-portugueses-irao-confrontar-se-com-graves-dificuldades-em-reter-pessoas-patricia-araujo/

A felicidade organizacional deve estar no foco da liderança, mas é importante não esquecer o básico, alerta Patrícia Araújo, docente no IPAM. Em entrevista ao Link To Leaders, esta profissional lembra que colaboradores felizes são mais produtivos.


Patrícia Araújo está a preparar mais uma edição do IPAM Leadership Challenge, um dia de debate centrado no tema felicidade organizacional. A iniciativa vai realizar-se já no próximo dia 18 de dezembro e reunir investigadores e profissionais das áreas dos recursos humanos e marketing para partilha de experiências sobre esta temática e o impacto que assume na vida das empresas e dos seus colaboradores. Antecipando, esta discussão, Patrícia Araújo falou ao Link To Leaders sobre o que as organizações podem fazer para promover a felicidade dos trabalhadores.
No passado recente, o ambiente de trabalho era considerado um local onde os profissionais deveriam exercer a sua atividade com grande seriedade e de um modo concentrado, com pouca flexibilidade para as questões da envolvente. Hoje a realidade é diferente, as organizações procuram proporcionar um ambiente de trabalho agradável aos seus profissionais, criando um clima organizacional capaz de motivar. Que fatores estiveram na origem desta mudança?Bem, por um lado a mudança deve-se apenas à intensidade da busca, pois desde Elton Mayo e do Movimento das Relações Humanas, que já podemos considerar há um século, que se procurava melhorar as condições humanas no trabalho, ou seja, procurar o bem-estar humano no trabalho não é novo. Mas só agora podemos realmente parar de nos preocupar com a sobrevivência básica e orientarmo-nos para questões mais profundas e transcendentais (como diz a versão revista da pirâmide das motivações de Maslow!). Vivemos em tempos que, se tudo correr bem, poderemos finalmente viver “o fim dos empregos “, que é o nome do Livro de Rifkin que tem mais de 25 anos! Poderemos assistir ao renascer do ócio e ao reformular do significado do trabalho, quando nos afastarmos dele, dermos muitas tarefas aos robots e, finalmente pudermos viver (ao invés de SOBREviver):-)
Felicidade organizacional traduz-se em produtividade?Em dezenas de anos de investigação a chamada “Hipótese trabalhador feliz-Trabalhador produtivo” tem sido comprovada, porém, em alguns estudos não com muita força. No entanto, a própria ciência social e humana tem evoluído e a forma como se mede quer a felicidade quer a produtividade tem mudado.
“O que faz felizes os trabalhadores, no geral, e não é uma resposta-chavão, é que as suas necessidades sejam atentas, como clientes internos, como primeiros clientes da organização (…)”.

O que mais contribui para a felicidade dos trabalhadores?Pois, esta é uma das tais perguntas perigosas! Muito perigosas. Em muitas aulas e consultorias dou muitos exemplos de empresas que abriram Spa’s e massagens e ginásios, e os trabalhadores ficaram extremamente infelizes, revoltados e até desconfiados. O que faz felizes os trabalhadores, no geral, e não é uma resposta-chavão, é que as suas necessidades sejam atentas, como clientes internos, como primeiros clientes da organização (e aqui temos a fusão do marketing interno com os RH a dar uma resposta concreta!)
Como implementar uma estratégia de felicidade organizacional? Existe alguma fórmula para se criar uma organização feliz?A palavra fórmula aparece sempre. Mas sim, existe uma fórmula. A fórmula de sempre do desenvolvimento organizacional, que já é usada há muito e que consiste em diagnosticar, realizar um plano estratégico e implementar. Já são muitas décadas de muitas ciências a trabalhar nisto (desde a psicologia das organizações, ao marketing interno, à sociologia organizacional, à gestão de recursos humanos, etc.) e a única coisa que agora está a despertar são as organizações que estão a começar a sentir realmente a dificuldade em atrair e reter talento e estão a começar a despertar.
(…) os líderes portugueses irão em breve confrontar-se com graves dificuldades em reter pessoas e irão começar a querer diferenciar-se como organização, ou seja, começar a construir uma marca empregadora forte e expressiva”.
De onde surgem as principais falhas na felicidade organizacional? Das chefias? Da burocracia instalada? Do status quo?Será que há falhas?  Os resultados portugueses não são assim tão maus! Que me lembre, no estudo de uma consultora, acho que em 2016 ou 2017, os portugueses apresentavam uma média de 3,8 numa escala de 5 pontos possíveis, no questionário concebido pelos autores com mais de 80 perguntas!
Repare que apesar da expressão “felicidade organizacional” ser recente e estar nestes dias mais mediatizada, há muitas décadas que o bem-estar organizacional, os compromissos, a satisfação no trabalho, o clima organizacional e outros construtos são estudados quer na investigação pura quer na aplicada. Ou seja, muitas empresas já tinham práticas de estudos de clima organizacional e satisfação. Portanto, muitas delas já haviam olhado para dentro e chegado a essa conclusão sobre elas próprias, mas mais uma vez, cada organização é uma organização e logo, não posso dizer onde estão as falhas de todas as organizações portuguesas!
Agora, se questionar a minha opinião pessoal…posso dizer-lhe que acredito que, como docente e consultora na área da liderança, os líderes portugueses irão em breve confrontar-se com graves dificuldades em reter pessoas e irão começar a querer diferenciar-se como organização, ou seja, começar a construir uma marca empregadora (Employer Branding) forte e expressiva.
E a felicidade pessoal? Será que um profissional feliz na sua vida pessoal, pode gerar felicidade na organização? E o inverso?Não lhe consigo responder de cabeça os resultados de décadas de investigação, mas tenho bastante certeza que quase todas as investigações apontam nesse sentido. Mesmo estudos bastante antigos sobre satisfação no trabalho demonstravam elevada correlação com escalas de satisfação com a vida. Penso que é muito importante dizer que há uma falha geral na educação emocional em Portugal, apesar desta estar prevista há muitos anos no ensino secundário. E digo isto agora porque as pessoas não tiveram formação de inteligência emocional e acham que a felicidade é uma emoção, ou continuam a viver numa ideia romantizada cliché de que a “felicidade são momentos”!.
Emoções e sentimentos são coisas diferentes. Por isso, temos de dar às pessoas este conhecimento e estas ferramentas para que elas planeiem e tomem rédeas das suas vidas. Resultados sobre isto veem-se muito rapidamente em clientes que aparecem em sessões de coaching e que começam a apropriar-se da condução da sua felicidade.
Esta divisão que o ser humano vive de dividir trabalho e não trabalho está realmente a perturbá-lo bastante (..).
Mo Gawdat autor do livro “Equação da Felicidade”, disse numa entrevista ao Link to Leaders que “uma das grandes mentiras do mundo moderno é dizerem-nos que há o trabalho e a vida”. Qual a sua opinião sobe esta dualidade entre vida pessoal e profissional?É fantástico que diga isso! Lembro-me que um dos primeiros artigos científicos que escrevi foi sobre emprego e trabalho e fiz um levantamento exaustivo sobre isso que me tocou e mudou a minha vida para sempre. A palavra TRIPALIU (trabalho) é recente e era um instrumento de tortura de 3 paus. Até aí os comportamentos produtivos e comportamentos de ócio fluíam livremente. Esta divisão que o ser humano vive de dividir trabalho e não trabalho está realmente a perturbá-lo bastante, mas é recente e, infelizmente, o ócio apesar de contribuir em muito para a evolução humana, tem ganho um teor negativo.
As organizações já perceberam que o salário já não é a principal dimensão na retenção dos seus profissionais?Falamos hoje também no “salário emocional” como uma forma rápida de distinguir das recompensas extrínsecas. Já há mais de 40 anos de evidências científicas que provam que as recompensas externas não funcionam para funções complexas (funcionam eventualmente em alguns contextos de indústria onde o resultado esperado é claramente definido). Daniel Pink, um investigador da motivação que até esteve recentemente em Portugal, apresentou já muitas ideias novas sobre a motivação intrínseca assentes nos eixos Autonomia Mestria e Propósito.
Sim, não chega salário nem benefícios externos, algo nos vai mover mais, e o clima organizacional passará a ser central.
(..) Estamos a virarmo-nos para a felicidade e ainda há pouco tempo encontrei empresas que tem cadeiras horríveis, não analisam ergonomia, trabalhadores que se queixam de graves doenças profissionais (..).
Quais os principais mitos (ou clichés) que ainda predominam em torno do que deve ser a felicidade organizacional?Já fui falando em alguns acima. Mas talvez seja, em primeiro, a ideia de que é algo novo ou moderno, quando uma multiplicidade de ciências anda a investigar há muito tempo e só agora atingiu mediatismo. Em segundo, a ideia de que há uma fórmula mágica, quando na realidade, aplicam-se todos os princípios de uma liderança mindfull, com inteligência emocional e empowerment.
E em terceiro, tenho encontrado algo novo, mas preocupante que é: estarmos a falar de felicidade organizacional (e até instrumentos de medida novos) em organizações que nem a antiga QVT cumprem… ou seja…a QVT – Qualidade de vida no trabalho, foi um construto muito usado há décadas, e remetia também para o bem-estar no trabalho.
Por isso, muito cuidado…pois estamos a virarmo-nos para a felicidade e ainda há pouco tempo encontrei empresas que tem cadeiras horríveis, não analisam ergonomia, trabalhadores que se queixam de graves doenças profissionais (tendinites, problemas com temperatura, etc) e, apesar de estarmos a observar um shift muito positivo (ainda há uns anos andávamos a trabalhar em stress ocupacional!), é importante não esquecer do básico!!!


O nascer dos Chief Happiness Officers - por Patricia Araujo (Publicado in ECO Sapo)

O nascer dos Chief Happiness Officers - por Patricia Araujo (Publicado in ECO Sapo)


A busca pelo bem-estar organizacional não é nova. Após a revolução industrial, altura em que se trabalhava 50/70 horas por semana, já nos preocupávamos com a qualidade de vida no trabalho (QVT).


Este mês deixei de ser cliente de uma empresa de suplementos nutricionais porque se recusa a dar informação sobre práticas internas de felicidade organizacional (ou bem-estar dos trabalhadores). É inconcebível para mim esta falta de transparência, pois isto é também a marca, a employer branding.

Este é o peso que acho que a felicidade organizacional (FO) vai ter no futuro: deixaremos de comprar produtos se não soubermos como o cliente interno é tratado.

A busca pelo bem-estar organizacional não é nova. Após a revolução industrial, altura em que se trabalhava 50/70 horas por semana, já nos preocupávamos com a qualidade de vida no trabalho (QVT). A expressão “felicidade organizacional” tem vindo a ganhar projeção (apesar de alguns investigadores não concordarem com a designação) e tem englobado a satisfação no trabalho, as emoções positivas, o florishing, o flow e outros.

As empresas têm sido cativadas pela FO, não só pela lógica de fazer os trabalhadores felizes mas também de aumentar a produtividade, atrair e reter talento e construir uma consistente marca empregadora.

A promoção da FO é um dos casos em que não é preciso igualdade! Ou seja, que não haja pacotes standard. Cada empresa deve fazer o seu diagnóstico organizacional, ajustando a intervenção, segmentando por departamentos, secções ou até pessoas.

Pensemos no básico: há departamentos inteiros em que pessoas passam 8h/dia em pé e outros, 8h/dia sentados. Em conjunto com uma mestranda minha, a Sara Martinho, designer e a cursar gestão de marketing interno, estamos a investigar os espaços de trabalho e seu impacto na FO (WorkSpace/OfficeSpace), que sempre foi algo que me preocupou como psicóloga do trabalho.

Outro exemplo: num processo de consultoria a uma PME, diagnostiquei que o mais relevante era chegar a consenso sobre a regulação do ar condicionado. Pode parece estranho mas isto era uma causa de infelicidade e os consultores independentes são uma mais-valia neste diagnóstico.

Cada país, cada empresa, cada trabalhador é um caso, e o diagnóstico personalizado é sempre a solução. Sendo uma área multidisciplinar, estou inclusivamente a conceber uma formação especializada universitária em gestão da felicidade organizacional, que iniciará em 2020 e que visa formar happiness managers e Chief Happiness Officers.

Por fim, uma última reflexão: em Portugal, em 2017 apenas 19% das empresas cumpriu as 35 horas de formação anual. A formação (autoconhecimento) permite às pessoas conhecerem a sua complexidade, lidar com o stress ocupacional e procurar soluções para a sua FO.

Que 2020 traga a todas as empresas portuguesas a força para evoluir e promover cada vez mais a felicidade organizacional.

Para ler artigo integral: https://eco.sapo.pt/opiniao/o-nascer-dos-chos/




#Metodopositivoconsult

Patricia Araujo, PhD. 
CEO da Método Positivo Consultoria
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Entrevista Com Patrícia Araújo, Psicóloga Organizacional, Jornal Expresso 20-07-2019

"O Emprego para a vida toda Foi uma Exceção"

Entrevista Com Patrícia Araújo, Psicóloga Organizacional, Jornal Expresso 20-07-2019

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Sempre em torno das temáticas relacionadas com as carreiras e o trabalho humano, Nesta entrevista ao Expresso focou-se os resultados mais recentes da vivência da Precariedade/Flexibilidade do trabalho em Portugal e do construto do 'INEMPREGO'.

Para ler no Jornal Expresso, Clique aqui

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Quando o Inemprego teve toda a atenção. Continua a ser premente repensar a precariedade e retransformá-la numa flexibilidade aceitável, saudável e exequível para os humanos do futuro....

Para Ler a Entrevista Completa visite:

https://www.linkedin.com/pulse/entrevista-jornal-expresso-20-07-2019-patr%C3%ADcia-ara%C3%BAjo/

Amor em tempos de Covid-19: Finalmente, vamos ler o Manual de Instruções? - POr Patricia Araujo (Publicado Sapo24)

Amor em tempos de Covid-19: Finalmente, vamos ler o Manual de Instruções? (Publicado In Sapo 24)

Patricia Araujo, PhD. 
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Há cerca de uma década, em África, estive em quarentena cerca de 4 a 5 dias, com febre, diarreias e vómitos, e até hoje não sei que ‘bicho me mordeu’. Os resultados mostravam-se inconclusivos para a malária e os anti-corpos da febre tifoide atacavam a toda a força. Lembro-me do médico, meu amigo dizer: “Esqueça, dificilmente vamos descobrir o que é isto. Vamos esperar pacientemente e ver a evolução”. Isolados, sozinhos, do outro lado do planeta, sem família por perto, omitimos a todos o que se estava a passar. E passou. Não deixei de amar África, partilhei essa quarentena com um grande amor da minha vida e ela tornou-nos mais próximos.
“Amor em tempos de cólera”, de Gabriel Garcia Marquez (colombiano), conta a história do amor entre Florentino e Fermina, que passaram mais de 50 anos quase sem contacto. Na sétima arte, imortalizado pelo espanhol Javier Bardem (nascido em Las Palmas, de Gran Canaria) e pela belíssima romana-Italiana Giovanna Mezzogiorno. Dois países hoje assolados pelo nosso sétimo coronavirus. Dois dos países, línguas e culturas que adoro profundamente.
Na obra, reflexões comparativas entre a doença que é o amor e a devastadora pandemia daquele momento histórico - a cólera - emergem discreta e elegantemente. Fernanda Montenegro (idónea actriz brasileira, conhecida por certo de todos os portugueses), assume o papel de Mãe de Florentino (Bardem). Numa cena entre mãe e filho, Florentino, chega a casa, com o que parecem os sintomas da cólera, gemendo, vomitando e com febre:
Mãe: - É cólera, meu filho!
Florentino: - Não, mãe. Eu entreguei-lhe a minha carta…. agora tenho de esperar resposta.
Mãe: - Então filho, goza bem essa dor, tira vantagem dela agora! Enquanto és jovem. E sofre, meu filho, sofre tudo o que puderes, porque estas coisas não duram a tua vida toda.
E a vida toda, é bem curta, como sabemos. Como psicóloga (especializada em MBCT- Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness) e como professora de Mindfulness, estas sábias palavras maternais indiciam o que muitos sabemos e que a ciência confirma: mergulhar e aceitar a dor é a melhor forma de a ultrapassar e integrá-la no nosso ser. A dor é útil, é funcional e adaptativa. ‘A Dor é inevitável, o sofrimento é opcional’ (Buddha). A dor emocional que vivemos nos relacionamentos amorosos pode ser só dor e não se transformar em sofrimento, desde que dominemos a nossa narrativa.
Nestes dias, surgem estatísticas de divórcios, mais intensificados na China, mas que, estimo que surjam um pouco por todo o mundo e em diversos contextos, já que o comportamento humano tende a ter padrões.
Contudo, mais uma vez (e como sempre), esquece-se o resto: Quantas relações começaram neste tempo? Como se começa o amor em tempos de Covid-19? Quantas relações se estão a firmar mais fortes estes dias? Quantas memórias emocionais positivas estarão a ser criadas entre casais ou outros relacionamentos com figuras relevantes? Alguém tem essa estatística? Quantos relacionamentos em isolamento (num mesmo espaço ou à distância) estão a consolidar-se, enquanto lemos este artigo? Quantas abordagens criativas podemos agora conceber com tudo isto? Será “longe da vista, perto do coração” ou “longe da vista, longe do Coração”?

Continuar a ler https://24.sapo.pt/opiniao/artigos/amor-em-tempos-de-covid-19-finalmente-vamos-ler-o-manual-de-instrucoes

The quiet games: a gamificação da quarentena é caminho para vacina social? - Por Patricia Araujo

The quiet games: a gamificação da quarentena é caminho para vacina social? - Por Patricia Araujo

Patricia Araujo, PhD. 
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Sabemos que as pessoas, nos dias de hoje, têm dificuldade em estar quietas. 

Algumas preferem inclusive autoaplicar-se eletrochoques a estar 15 minutos em silêncio com os seus pensamentos, concluiu um fascinante estudo experimental em 2014 (Pode ler um resumo aqui). 

Não é assustador? 

O estudo revelava que 67% dos homens e 25% das mulheres do estudo, autoaplicaram-se eletrochoques. Um participante aplicou 120 eletrochoques durante os 15 minutos do estudo! Por outro lado, vá lá a ciência explicar (há muito tempo mesmo!) que a motivação por punições não funciona (maus tratos, ameaças, multas, coimas, castigos, etc., não impedem as pessoas de quererem ir à praia e tentar furar a quarentena). 

Implementamos técnicas de gestão comportamental estruturada infantil com enorme sucesso. No entanto, com adultos a motivação extrínseca (por exemplo, prémios, salário, etc.) tem as suas limitações face à intrínseca, contudo neste caso acredito que funcionaria. 

Por fim, somos PIGS – Portugal, Itália, Grécia e Espanha. Sem julgamentos, mas temos determinada cultura e forma de estar que é frequentemente útil, mas neste momento é contraproducente. Se pensavam que seria fácil para nós praticar o dolce fare niente estavam enganados: O nosso dolce fare niente é ao sol, numa esplanada, a conversar, a dar uma caminhada e com bom prato e copo. E não se mudam hábitos enraizados em dois dias. 

O antropólogo Edward Hall desenvolveu a Proxémica: o estudo do uso do espaço entre indivíduos num contexto social. Evidentemente, a distância interpessoal dos povos latinos sempre foi mais curta. Uma abordagem que está prestes e ser revolucionada pela necessidade de distanciamento social atual – enquanto não chega a vacina biológica, tentemos implementar o que alguns chamam a vacina social.

Continue a ler o artigo aqui:
 https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/the-quiet-games-a-gamificacao-da-quarentena-e-caminho-a-para-vacina-social/