Friday, October 18, 2013

Mais vale só do que mal acompanhado...


Mais vale só do que mal acompanhado
Existem quatros tipos de formas de obtenção de conhecimento humano: o Conhecimento do senso comum, o conhecimento filosófico, o conhecimento religioso e mais recentemente o conhecimento científico.
Esta é uma das minhas primeiras aulas de Metodologia de Investigação Científica.
Quando o método científico surge, não tem como objetivo anular os outros.
O método científico é talvez o único que exige formação mais avançada, apesar de todos os outros exigirem alguma.
O conhecimento filosófico baseia-se em racicionios lógicos, silogismos etc.
O conhecimento religioso é dogmático, é o mais antigo, e baseia-se em dogmas que as religões criaram.
O conhecimento do senso comum, baseia-se em observações e experiências dos seres humanos ao longo de milhares de anos.
O Conhecimento científico, baseia-se em provas, obtidas segundo um conjunto de técnicas e normas que os seres humanos desenvolveram.
Os provérbios populares são um dos grandes exemplos de conhecimento científico.
Resumidos, exatos, sem grandes filosofias, deixam ao nosso critério individual a vivência da vida, para que depois confirmemos se estão adequados a nós ou não.
Este proverbio, “Mais vale só do que mal acompanhado” é forte. É duro. Parece quase agressivo ao dizer.
Vamos suavizá-lo e enquadrá-lo nas nossas vidas.
O ser humano é um ser gregário, naturalmente, gosta e obtem prazer de conviver com outros animais (racionais ou não-racionais).
É um ser afetivo (exceptuando casos patológicos que não possuem afetos, como é o caso dos psicopatas), é um ser que gosta de partilhar ideias e experiências com os outros seres (humanos ou não) e, ainda para mais com o desenvolvimento do cortex cerebral, miraculoso e único no planeta, o ser humano começou a ter prazer em trocar mentes, tocar outras mentes, estabelecer relações mentais com outros seres humanos. Dsad
 
Tudo isto faz sentido. Porém, a sociedade atual impulsiona-nos a manter contato com alguém continuamente.
Estar só por prazer de estar só é quase roçar a patologia.
E mesmo quando estamos só, temos telemóvel. A Nomofobia, a nova patologia de dependência do telemóvel, acabou por vir piorar bastante esta situação.
Podemos até estar sós fisicamente, mas estamos sempre em contacto com outros.
Ao nível dos afetos, há situações onde isto se tem tornado cada vez mais grave.
As pessoas sempre precisaram dos afetos dos outros, principalmente dos outros humanos.
Mas, de alguma forma, a globalização, a tecnologia, a abertura do mundo, gerou seres humanos que precisam de sentir o afeto dos outros. Ou outros seres humanos já eram mesmo assim, no núcleo da sua personalidade, e ainda não conseguiram ultrapassar isso.
Precisam de estar ligados, precisam de alimentar o ego, precisam de sentir que está ali alguém, algures, à distância ou presencial, que o admira, que flerta, que o faz sentir desejado, admirado, ouvido. Precisam de alimentar uma rede de contactos.
E o foco desta análise é entre o “Precisar” e o “Querer”.
Façamos um exercicio. Estamos sós. Na nossa agradável companhia. E de repente, dentro de nós, nasce uma necessidade, em segundos, de ligar para alguém. Parem um segundo. Querem ligar porque querem conversar com a pessoa, gostam dela ou PRECISAM de ligar-se com alguém? Se este ou esta não atender, pode ser o próximo...é igual, qualuqer um/a serve? O que têm nao chega, precisam de mais. Precisam de sentir que está ali alguém. E, por vezes, precisamos de alguém, e isso é natural.
Ao refletir sobre esse provérbio, Mais vale só do que mal acompanhado, é essa a minha reflexão.
Isto aplica-se a qualquer relacionamento, seja de amizade, de amor ou de outro tipo.
No caso do amor, esse relacionamento deve preencher-nos. O que não invalida que mantenhamos outros relacionamentos de amizade, pois são necessários. Mas uns não se podem anular aos outros. No seu cariz, para ser inteiros, integrais, completos, os relacionamentos devem estar cheios de verdade e, por isso, sejam de que tipo forem, os relacionamentos devem se entrecruzar, ter conhecimento uns dos outros.
Estar acompanhado com alguém que só está por estar, que não faz questão absoluta de estar connosco, que não pensa “não há mais ninguém neste momento com quem gostaria de estar”...será que vale a pena? O Povo diz que não. E então, mais vale só.

Ensaio sobre a Intimidade


A intimidade é uma palavra que eu aprecio imenso. Esta semana, todo o universo se alinhou para que eu refletisse sobre ela.

Passei na minha prateleira, na minha mini-biblioteca (de livros, reais, em Papel!) e lá estava o livro do OSHO, chamado exatamente “Intimidade”. Reli-o.

Numas leituras científicas fui parar (como inevitalvelmente lá vou para muitas vezes), à teoria do Desenvolvimento humano de Eric Erikson (para saber mais visitar, por exemplo, o Blogue: http://psicod.blogspot.pt/2011/05/teoria-do-desenvolvimento-psicossocial.html).

E lá estava a 6ª crise Do Erikson “Intimidade versus isolamento”. Na adultez, depois da resolução do estádio 5 (por volta da adolescência) cuja crise a resolver é “Identidade versus difusão da identidade”, passa a ser possível ao adulto com a identidade bem definida, estar pronto a unir-se à identidade de outra pessoa, sem que essa união o ameace como indivíduo.

Por entre diversas leituras, dei por mim a querer escrever sobre a Intimidade.

A intimidade é mais do que amor, é mais do que paixão, para mim, é o fim máximo da existência humana.

Intimidade é entregar-se, sem medo de nos perdermos a nós próprios. Como diz o OSHO, só é possível haver intimidade quando estamos dispostos a abrirmo-nos ao risco. A arriscarmos que o outro nao goste mais de nós, a arriscarmo-nos partilhar tudo mesmo que o outro nos deixe, porque não pode haver APEGO na intimidade.

Por isso, na opinião do OSHO (polémica para muitos, por certo!) o maior inimigo da intimidade é o Casamento.

Na maioria das sociedades inventou-se o casamento para tentar CONTRATUALIZAR o incontratualizável. Tentamos contratualizar a intimidade. Mais do que o amor. Não há mais nenhuma tentativa (que me lembre) que tentar contratualizar sentimentos.

Um papel que nos força a amar, auto-anula-se. O casamento veio forçar as pessoas a decidir sobre o futuro, quando este não existe.

A intimidade verdadeira só pode existir no presente. O passado e o futuro não existem. A intimidade é querer partilhar todo o nosso eu com outra pessoa. Querer. Não sentir medo, nao assinar contrato, QUERER. Todos os dias querer.

E quando não temos as crises de Erikson bem resolvidas, isso torna-se difícil. Como diz o OSHO, em primeiro lugar, logo à partida porque muitos seres humanos não se amam a si próprios. Então, nunca poderão entrar em Intimidade, porque receiam que o OUTRO, quando os conhecer verdadeiramente ...descubra quem ele/ela realmente é... e se não nos amamos, obivamente, receamos que o outro também não nos ame.

Por muito que a sociedade nos queira seres humanos estáveis e iguais todos os dias (o que é um contrasenso, pois isso é um robot), nós mudamos todos os dias. A pessoa de ontem não é a pessoa de hoje e não será a de manhã.

Intimidade é arriscar amar hoje. E Hoje, arriscar partilhar quem somos e o QUE Mudamos e o que vivemos HOJE...mesmo arriscando que a pessoa deixe de nos amar por causa disso. E a pessoa pode continuar a amar a  pessoa que fomos ontem, e deixar de amar a pessoa que somos hoje. E isso acontece todos os dias e, claro, faz-nos sofrer.

Intimidade é mais do que corpo, mente e espírito. Porque o Todo é mais do que a soma das partes (Gestal Theory!).

Quando usamos o corpo, duas pessoas têm atração física, é químico, são feromonas. É Paixão pura.

Quando nos ligamos a outro pela mente, temos um diálogo filosófico, intelectual (uma amizade, por exemplo).

Quando nos unimos pelos sentimentos, temos emoções platónicas, relações com amigos, pais, filhos, etc. Gostamos, usando as emoções.

Quando nos enamoramos (e vale a pena ler a respeito o fatástico “Enamoramento e Amor”, do sociólogo Francesco Alberoni), o fenómeno do enamoramento pode ou não conduzir ao amor.

E o amor, para que realmente o seja, só chegará ao seu pico quando é atingida a intimidade.

O ser humano é o único ser que tem essa opção à sua disposição. Escolher a imtimidade, a ligação total a outro ser pelo corpo, mente, espírito e sentimentos.

O ser humano desenvolveu cortex cerebral, ainda não sabemos bem como nem para quê ...mas eu tenho uma teoria!

Tudo o que nós fizemos com o cortex cerebral foi para unir pessoas. Pontes, estradas, edificios, telemoveis, pc’s, e agora as redes sociais.

Tudo para UNIR o mundo, para que as pessoas estejam mais próximas. Porque o humano é um animal gregário, e não eremita, e por isso, necessita de intimidade.

No entanto, é fácil cair na atual ilusão de intimidade: tennho muitos amigos, tenho 500 amigos no facebook, frequento muitos grupos, e todos gostam (?) de mim!

A intimidade nunca fará sentido ser atingida com 500 amigos. Só com um outro ser humano. E eu acho que o grande desafio da espécie humana é esse: seremos capazes de arriscar deixarmo-nos de parte (o EGO) e unirmo-nos a outro incondicionalmente, HOJE, sem passado nem futuro?

Há uma lenda antiga que diz que inicialmente havia um ser, hermafrodita, e que Deus dividiu em dois: Homem e mulher. E espalhou-os pelo mundo. A grande tarefa desses seres era reencontrar-se...e daí vem a noção de almas gémeas.

Demasiado romântico? Talvez. Mas limando as arestas da teoria, o grande desafio é encontrar o testo para a nossa panela, a porca para o nosso parafuso....e... (wait for it...)  mantê-la!

Mantê-la, correndo o risco, todos os dias. Abrindo o nosso ser ao outro porque sim, porque sabe bem que o outro nos conheça por dentro e por fora. E depois, amanha, se a pessoa que ontem se abriu à outra pessoa se transformou na pessoa de HOJE...veremos se conseguimos fazer com que a outra pessoa do HOJE continua a enamorar-se de nós. Todos os dias. Todos os dias mudámos, e se a mudança mudar a intimidade...mudou. Termina.

Correr o risco é dificil, é duro, é exigente, dói, dói muito, acho que quase todos os seres humanos sabem disso.

Mas se nos deixarmos ficar na pessoa que fomos ontem, nunca atingiremos de novo a intimidade. E poderemos então SOBREviver, uma vida segura, recatada, sem riscos nem emoções, sem grande sofrimento ...

Agora, é só escolher.

Saturday, October 12, 2013

Elimine o seu odor corporal...



Estava alegremente com a televisão ligada, sem lhe dar muita importância. E, de repente, ouvi um spot publicitário de uma marca de desodorizante, cujo nome não irei referir...

 

"Elimine o seu odor corporal..."

 

Pensei que os perfumes e desodorizantes serviam para melhorar os odores, mas não para eliminar.

 

Não estaremos a eliminar demasiadas coisas da nossa vida?

 

Elimine as rugas, elimine a celulite, elimine a dor, elimine o seu odor corporal, elimine as manchas, elimine as cicatrizes, elimine as brancas, elimine os sinais, elimine o que você quiser com cirurgia estética, elimine as formigas de sua casa, mate os insectos todos...

 

No entanto, com tante eliminação, parecemos não estar mais felizes. Pelo contrário. Notícias desta semana demonstram um aumento abissal do consumo de anti-depressivos e aumento do número de diagnóstico de depressão.

 

Eliminar tudo o que nós etiquetamos de "mau" na vida humana, está a ajudar em alguma coisa?

 

Eliminar as rugas, as cicatrizes, o nosso próprio odor!, não será eliminar a nossa própria história, a nossa marca nesta passagem (breve) pela terra? Não será eliminar as nossas vivências, as memórias, os registos?

 

Se ficarmos só com "as partes boas da vida" (o que é nitidamente subjetivo), será que conseguiremos ainda chamá-las BOAS? Ou passarão simplesmente a ser coisas? A ser neutras? Porque deixarão de ter contraste?

 

No oposto, estamos a adicionar muita coisa também! Adicionar montes de amigos no facebook (muitas delas que nem conhecemos, ou que não temos o prazer de conversar cara a cara), adicionamos um telemóvel, dois telemoveis ou três até, uma máquina digital, um Ipad, um PC, adicionamo-nos a dezenas, se não centenas de grupos virtuais, adicionamos muito mais comida aos pratos do que há 20 u 15 anos atrás (e achamos isso positivo)...

 

E no meio destas eliminações e adições, não estaremos a eliminar-nos a nós próprios? Não estaremos a eliminar a essência humana e a substituí-la pela essência da AI? (Artificial Inteligence?)

 

Não sei...muitos filmes. Mas é melhor rever a Trilogia "Matrix" e a Trilogia "Terminator" só para relembrar que nós é que criamos as máquinas...

Monday, October 07, 2013

O Conhecimento do Senso Comum: Mais vale só do que mal acompanhado

Existem quatros tipos de formas de obtenção de conhecimento humano: o Conhecimento do senso comum, o conhecimento filosófico, o conhecimento religioso e mais recentemente o conhecimento científico.
Esta é uma das minhas primeiras aulas de Metodologia de Investigação Científica.
Quando o método científico surge, não tem como objetivo anular os outros.
O método científico é talvez o único que exige formação mais avançada, apesar de todos os outros exigirem alguma.
O conhecimento filosófico baseia-se em racicionios lógicos, silogismos etc.
O conhecimento religioso é dogmático, é o mais antigo, e baseia-se em dogmas que as religões criaram.
O conhecimento do senso comum, baseia-se em observações e experiências dos seres humanos ao longo de milhares de anos.
O Conhecimento científico, baseia-se em provas, obtidas segundo um conjunto de técnicas e normas que os seres humanos desenvolveram.
Os provérbios populares são um dos grandes exemplos de conhecimento científico.
Resumidos, exatos, sem grandes filosofias, deixam ao nosso critério individual a vivência da vida, para que depois confirmemos se estão adequados a nós ou não.
Este proverbio, “Mais vale só do que mal acompanhado” é forte. É duro. Parece quase agressivo ao dizer.
Vamos suavizá-lo e enquadrá-lo nas nossas vidas.
O ser humano é um ser gregário, naturalmente, gosta e obtem prazer de conviver com outros animais (racionais ou não-racionais).
É um ser afetivo (exceptuando casos patológicos que não possuem afetos, como é o caso dos psicopatas), é um ser que gosta de partilhar ideias e experiências com os outros seres (humanos ou não) e, ainda para mais com o desenvolvimento do cortex cerebral, miraculoso e único no planeta, o ser humano começou a ter prazer em trocar mentes, tocar outras mentes, estabelecer relações mentais com outros seres humanos. Dsad
 
Tudo isto faz sentido. Porém, a sociedade atual impulsiona-nos a manter contato com alguém continuamente.
Estar só por prazer de estar só é quase roçar a patologia.
E mesmo quando estamos só, temos telemóvel. A Nomofobia, a nova patologia de dependência do telemóvel, acabou por vir piorar bastante esta situação.
Podemos até estar sós fisicamente, mas estamos sempre em contacto com outros.
Ao nível dos afetos, há situações onde isto se tem tornado cada vez mais grave.
As pessoas sempre precisaram dos afetos dos outros, principalmente dos outros humanos.
Mas, de alguma forma, a globalização, a tecnologia, a abertura do mundo, gerou seres humanos que precisam de sentir o afeto dos outros. Ou outros seres humanos já eram mesmo assim, no núcleo da sua personalidade, e ainda não conseguiram ultrapassar isso.
Precisam de estar ligados, precisam de alimentar o ego, precisam de sentir que está ali alguém, algures, à distância ou presencial, que o admira, que flerta, que o faz sentir desejado, admirado, ouvido. Precisam de alimentar uma rede de contactos.
E o foco desta análise é entre o “Precisar” e o “Querer”.
Façamos um exercicio. Estamos sós. Na nossa agradável companhia. E de repente, dentro de nós, nasce uma necessidade, em segundos, de ligar para alguém. Parem um segundo. Querem ligar porque querem conversar com a pessoa, gostam dela ou PRECISAM de ligar-se com alguém? Se este ou esta não atender, pode ser o próximo...é igual, qualuqer um/a serve? O que têm nao chega, precisam de mais. Precisam de sentir que está ali alguém. E, por vezes, precisamos de alguém, e isso é natural.
Ao refletir sobre esse provérbio, Mais vale só do que mal acompanhado, é essa a minha reflexão.
Isto aplica-se a qualquer relacionamento, seja de amizade, de amor ou de outro tipo.
No caso do amor, esse relacionamento deve preencher-nos. O que não invalida que mantenhamos outros relacionamentos de amizade, pois são necessários. Mas uns não se podem anular aos outros. No seu cariz, para ser inteiros, integrais, completos, os relacionamentos devem estar cheios de verdade e, por isso, sejam de que tipo forem, os relacionamentos devem se entrecruzar, ter conhecimento uns dos outros.
Estar acompanhado com alguém que só está por estar, que não faz questão absoluta de estar connosco, que não pensa “não há mais ninguém neste momento com quem gostaria de estar”...será que vale a pena? O Povo diz que não. E então, mais vale só.

As coisas que realmente valem a pena nesta vida


Adormecer no ombro de alguém de quem se gosta
Fazer uma surpresa, de tirar o folego, a alguém
Inspirar profundamente no pescoço de quem se ama
Cheirar a terra molhada
Olhar para o ceú estrelado até doer o pescoço.
Olhar no fundo dos olhos de quem se ama
Ajudar um amigo, sem esperar nada em troca
Sentir o primeiro ar de outono
Vestir a primeira camisola de gola alta no início do inverno
Sentir o sol a escaldar a pele na primeira vez que se vai à praia
Sentir os respingos do mar numa cmainhada de inverno
Andar de mão dada
Um beijo leve nos lábios
Conduzir por uma estrada ampla, sem destino
Encontrar o corpo nu à pele de outro corpo nu
Sentir o vento ao andar de mota
Cortarmo-nos e ver o nosso próprio sangue, ter certeza que estamos vivos
Escrever à mão, ouvir o som da caneta a deslizar no papel
Inspirar fundo, fundo...no fim de uma situação difícil
Descalçar os sapatos e andar pela relva
A alegria cega, pura e verdadeira do nosso cão/gato quando chegamos a casa
Tomar banho de imersão nu mdia frio, com velas e incenso e uma música relax
Fazer amor no chuveiro, inesperadamente
Dormir agarrado a quem se ama, de vez em quando
Cozinhar algo, com prazer, apurar, provar, apurar
Beber um bom vinho (para mim maduro tinto, Português!)
Estar só, sentir a paz de estar comigo...e gostar da pessoa em que me tornei
Perder o folego com uma paisagem da natureza
Sentir a chuva no rosto
Salvar um animal
Dar um verdadeiro elogio a alguém
Regressar a casa...


(Texto de Patrícia Araújo)



Thursday, October 03, 2013

Ser feliz é dificil

Ser feliz é dificil. Não é dificil atingir a felicidade, é dificil aceitá-la. Quando lá chegamos, parece que algo nos puxa para a miséria.

E no fundo, vive-se tão bem quando estamos infelizes. Alimentamo-nos da energia dos outros, da pena, de nos sentirmos vítimas. Quando estamos realmente felizes, nao conseguimos ficar lá. OU será que nao queremos?

Chego à conclusão que há pessoas que nao querem. A nossa sociedade atual dá muita atenção a tudo o que é negativo, tudo o que é “coitadinho” e as pessoas inteoriozaram que para obter atenção, têm de se demonstrar negativas, deprimidas, dificeis, infelizes.

Quando aparece alguém na nossa vida que é aberto, feliz, verdadeiro, autentico...muitas vezes dizemos ou pensamos que aquela pessoa não está bem. É anormal.

Ser feliz é ser anormal, atualmente.

Ter alegria, ter contentamento, ajudar os outros sem intenções...é sinal de que qualuer coisa é estranho. Pensamos logo que existem segundas intenções.

As pessoas desenvolvem muralhas, defesas para se proteger da excessiva felicidade. É perigoso ser feliz demais.

Como dizia uma parábola zen “Se escrevermos com marcador branco num quadro branco, nao se distingue. Escrevemos a preto num quadro branco...”

Para saber abraçar a felicidade, é preciso ter abraçado muito a tristeza profunda, ter chorado e sofrido “até ao fundo do poço”, para depois DECIDIR subir até cá acima e viver a felicidade.

Quem nunca viveu profundamente o sofrimento, nao poderá viver profundamente a alegria.

E quem viveu muito profundamente o sofrimento e, ironicamente, sentiu algum conforto lá (por mais estranho que parece isto acontece inconscientemente) pode não DECIDIR subir o poço.

Pode decidir lá ficar. Porque é bom. Porque é confortável. Porque é estável. É certo. É o mais ou menos. É o “deixa estar não mexe...porque pior nao pode ficar”.

E depois não se arrisca. Porque DECIDIR subir o polo e ser feliz, é ter de arriscar. Sabendo que se subirmos até cá acima, podemos descer até lá baixo de novo, já amanhã.

E às vezes, ficar lá em baixo é mais acolhedor.

É preciso muita coragem para ser e ficar feliz. É preciso decidir. DECIDIR.

E com isto nao quero dizer que é uma vida menos válida. Querem ficar lá em baixo, segurinhos, fiquem. É simplesmente sinal que não estão prontos. Quere ser feliz é arriscar tudo. É colocar as estranhas todas de fora. É expor-se aos outros. É por-se a nu. Tudo a nu. É realmente “dar a outra face” se for preciso. E ser feliz não quer dizer não ter momentos de dúvida, incerteza, medo, defesa, tristeza. É integrar esses momentos todos no eu. É perceber que eles fazem tanto parte da felicidade como quando estamos em pleno sofrimento e, por vezes, temos lampejos de felicidade...

Ter coragem para ser feliz, é ter coragem para aceitar tudo isso, integrado no nosso eu, e mesmo assim arriscar. É fazer uma gestão do risco emocional, e decidir ir em frente.

Não saímos à rua só com calças. Nao temos de escolher entre vestir calças ou camisola ou casaco. Não há “Ous”. Há “Es”. Vestimos as calças (tristeza), o casaco (a alegria), a camisola (dúvida), calçamos os sapatos (insegurança), o cinto (certezas) e todas as mais metáforas que quisermos. Faz tudo parte de nós. E Depois...temos um conjunto...que é o nosso EU. Quando tivermos coragem de integrar o conjunto, e aceitá-lo como um todo inseparável e com harmonia, aprenderemos a ser felizes. Se recusarmos o “conjunto”... escolhemos ser infelizes, pois estaremos a negligenciar parte de nós.

É preciso muita coragem para ser feliz. Parabéns a todos aqueles que são “demasiado” felizes.