Friday, August 12, 2022

A cova do teu pescoço

 A cova do teu pescoço é o meu novo porto de abrigo .

Retiro a minha mente para lá, para aquela imagem a contra luz, que deixa entrever o perfil do teu rosto, a curvatura dos teus lábios...

E revejo-me refugiada na concavidade do teu ombro esquerdo, enquanto sinto as sensações da tua coxa direita enrolada na minha cintura.

Sinto a tua respiração profunda, lenta.

Ouço a minha própria respiração a fazer eco no teu peito.

E, por uns segundos ,sinto a tua mão afagar-me o cabelo ou as costas, e recolho-me em ti .

Estes são os segundos de história em que me refugio estes dias.🙂

E depois das imagens, vem o cheiro. Teu. Nosso. 

E imagino a minha mão a viajar pela tua pele e a absorver todos os pormenores de ti.

E, por fim, fecho os olhos, aqui e agora, e viajo para dentro de mim só por uns instantes em busca da consciência do cantinho de mim onde vive parte de ti.

Onde estão arquivadas as torrentes de emoções que me causas e todos os sentimentos que crescem por ti...

 Encontro-te dentro de mim e fico em paz....

Tuesday, April 26, 2022

Morte aos bocados

 

Cada doença que descubro liberta-me um pouco.

Descubro que não vou morrer sem motivo.

às vezes parece que perco o brilhar das pequenas coisas.

e depois o corpo avisa. Dói. Sofre.

e a mente acompanha. Obsseca.   

 Vivemos a doença do corpo instalada

e, com isso, a mente identifica-se.

Cada dia que se acorda...apenas nos primeiros segundos somos plenos.

De repente, vem a torrente de informação que se carrega.

Voltamos a nos invadir.  

A doença é parte de nós.

Contudo, nao tenho medo da morte. 

tenho medo da morte lenta, da morte aos bocados, da morte em vida.

na tua Pessoa

Na tua Pessoa

encontro, inesperadamente, liberdade.

A facilitude de viajar nos corpos
Navegados por mentes.
Em alerta, passeamos pelo ser um do outro,

apreciando as paisagens dos pensamentos.
Somos cheiros, pureza sem filtros.
Somos liberdade de ser as Pessoas que somos.
Deixamos para trás a selva. Encontrarmo-nos onde podemos deixar de ser.

Cortar com o ser que achamos que temos de ser, para ser o ser que somos.
Liberdade para me dissolver em ti, sem me perder de mim.
Ser livre é assim. É amar-te com paz, sem medos, sem obrigações.

É poderes amar-me porque sim e como melhor quiseres.
Ser livre nas palavras e libertar o peito aos céus. Ser livre ao perto e ao longe.

O amor nunca castra, só expande. No matter what.
Sabes o que isso significa?
Que podemos ser livres juntos.
O amor só pode ser livre. Não há outro caminho, se não, não é amor.


O regresso da veia

 O blog permanece cheio de erros, sem grandes escritos...

Mas eu reencontro o caminho da Poesia. Desempacoto textos antigos. Reencontro novas inspiraões no quotidiano.

O Blogger apanhou este blogue sem explicação há umas semanas. COnsegui reclamar e repor. 

POrém tudo esta desconfigurado e estranho.

Tenho pena de apagar 15 anos de textos...e por isso, manterei.


Deixarei aqui um repositório eterno de textos, notas soltas, conquistas e passeios pela vida.

Uma vida inteira. :-) 

Deifiquei-te.

 


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Deifiquei-te.


tudo nele era meu

tudo nele era eu

eu, para ele, era tudo,

tudo no meu eu, era dele.

 

Deifiquei-te.

E enrolei-me numa historia que a minha mente engendrou.

De que fomos felizes.

De que te amei.

De que me dei.

De que me amaste.

Numa frase tua encontrei-me.

“Parece impossível deixar de te amar.”

Deifiquei-te.

Pena eu não ser politeísta.

Criei em ti tudo o que não tinha em mim.

E esvaziei-me.

Ao deificar-te, apaguei-me.


Patrícia Araújo