Wednesday, September 09, 2009

Simplesmente paisagem e "Kimbo"

E, por ultimo, simplesmente paisagem e "Kimbo"...





Huambo

Segue imagem da casa do Jonas Savimbi no Huambo. E imagem de uma FILA organizada de espera para a gasolina, o que é coisa rara por cá. Já estive em algumas cidades e só vi disto no HUAMBO!

Vemos também uma estatua bem bonita do centro do HUamnbo, retratando uma "Quitandeira" (Mulher que vende na rua, tendo uma "banca mais ou menos fixa") e "Zungeiras" (mulheres que vendem de forma ambulante, carregando consigo o material: pode ser roupa, bijuteria, sapatos e até já a vi a carregar botijas de gas!)

Por ultimo, uma casa completamente esburacada de balas...uma casa de alguém...





Menongue

Fotos de Menongue. E do caminho para lá...








Kuvango

Algumas Fotos de Kuvango, uma cidade bastante destruída...



Huambo



Seguem então Fotos da Praça Central do Huambo.

Tuesday, September 08, 2009

Menongue, Lubango e Huambo – uma viagem pela “Angola Profunda”?




No mapa pode parecer-vos pouco, mas acreditem, é muito! Mais uma “escapadinha” por “Angola Profunda” (como diz o Hermínio).
De 04 a 07 de Setembro, fizemos um total aproximado de 1200km pelo sul de Angola.
Apesar de ter outros objectivos também, aproveitamos então para conhecer a profunda África.

Saímos de Lubango às 08 da manhã de 6ª feira, dia 04 de Setembro, partindo para a Capital da Provincia do Kuando-Kubango, Menongue, que dista aproximadamente 400 km do Lubango. E que 400km! Seguindo pelo Kuvango, cidade totalmente destruída, parecendo mesmo fantasma, passamos por Cuchi, vila pela qual nem demos conta…
Acompanhamos a linha férrea nova ou renovada, obra ajudicada a empresas chinesas. Tentarei colocar aqui fotos de algumas partes da linha (não se assustem, os comboios andam devagar!) e de um descarrilamento a que assistimos (havia acontecido recentemente).

Continuamos pela estrada, sem saber se havia estrada. A minha noção de estrada muda a cada dia. Será que era por ali? Terra e areia? Era isso a estrada? Seguimos para o Menongue com terreno Minado de ambos os lados. Os avisos de minas podem ser sinalética própria (uma caveira com a frase “Perigo Mina” ou “Perigo de Morte”), ou podem ser simplesmente alguns troncos de arvore com um rabisco qualquer branco ou vermelho. Todos sabem que isso significa mina.
Seguimos mais de 150 km até Menongue por areia, lama, buracos, estradas onde só passava um carro e claro, minas de um lado e do outro. Uns bifes em “de vinha e alho” na geleira (na mala) prontos a ser churrascados e nem sequer conseguíamos parar!

Chegamos ao Menongue perto das 20h00.
Concluímos que andamos a ser enganados constantemente. Quando alguém nos diz “é num instante, são 4 ou 5 horas”, usualmente acontece-nos demorar 10h a chegar!
O Menongue é uma capital de província muito pouco desenvolvida. Encontramos apenas o supermercado “Nosso Super”, o que nos traz, diga-se de passagem, grande reconforto. Não encontramos um café, pastelaria ou Hotel à vista no centro da cidade.
Pelo que me dizem, foi grande teatro de Guerra e começará em breve a evoluir.
Acampamos no espaço de uma empresa portuguesa que gentilmente nos deixou montar as tendas, e nos ofereceu uma rico café, na que comprovadamente era a Única máquina de café de Menongue! Rico “Cimbalino”.

No dia seguinte concluímos que não era exequível voltar a passar pelo sofrimento da estrada minada, acrescento o pormenor ainda de não termos qualquer rede no telemóvel durante HORAS de viagem…

Decidimos partir para o Huambo. Voltaram a enganar-nos. “de Menongue a Huambo são 4 ou 5 horas”, são os tais 395 km. Afinal, demoramos quase 7 h, mesmo descontando 1 hora e meia para breve churrasco na berma da estrada. Literalmente em cima do alcatrão, pois se entrássemos para o terreno corríamos risco de MINAS novamente.
Atravessamos centenas de pequenas populações. Isoladas. Em volta do Lubango, surgem os “Kimbos”, com figuras semi-tribais. Mas quando subimos para Huambo, já surgiamm menos “Kimbos” e mais “musseques”. Relembro, na minha ingenuidade de quem vai descobrindo aos poucos, o “Kimbo” é realmente artesanal, feito de palha/capim/hastes de madeira de arvore e por vezes, em sítios frios, as populações forram o Kimbo por fora com barro. O “Musseque”, penso que também chamado “Sanzala”, é uma pequena casa, já construída com tijolos feitos de barro, à moda da construção moderna (tijolo-sobre-tijolo) e, usualmente com telha de chapa de zinco, com pedras pousadas em cima par o telhado não levantar. No Musseque já existem geradores, parabólicas, motas, carros e “jeeps” (passo o estrangeirismo…carros todo-o-terreno).

As populações do Kimbo estão mais naturais: vivem do seu gado e algumas plantações, sem grande influência das modernices.
Chegar a Huambo. Reflectores na estrada. Estrada! Estrada pintada. Pintada com bermas e traços a dividir a estrada. Não há buracos na cidade. Não há lixo. Avenidas largas, edifícios públicos iluminados. Parecia a nossa querida “Avenida dos Aliados by night”.
Procuramos Hotéis. Hotel Ritz, Hotel Nino, Residencial (Grupo SISTEC). Acabamos no Hotel Nova Estrela (recomendo!), mesmo perto do centro. Totalmente equipado com tudo o que se possa imaginar que exista nas lojas de comércio asiático. E mais umas imitações de cabeças de veado e elefantes na parede. Um pseudo Luxo “Kitsch”. Quarto kin-size, com plasma e banheira de hidro-masssagem. Era outra Angola.

Jantamos na Cervejaria “Novo-Império”. Um rico Bitoque, ou melhor, como na minha terra um “Prego no Prato” com tudo. Numa esplanada com clima óptimo. Sem humidade
Depois de um excelente pequeno-almoço e umas centenas de “ahs” pelo caminho, estava na hora de voltar ao Lubango. Mais uma vez, diziam que era uma viagem para 5 ou 6 horas. Saímos do Huambo às 12h00 e chegamos a casa às 24h00.
Péssimas estradas, “picada”, atolamentos e zero-sinalização. Churrascamos a 30 ou 40 km de Caconda: de churrasco teve pouco, pois fizemos arroz de chouriço…em cima das brasas.
Passamos Caconda já a anoitecer e aí começou o pior. A rede foi-se de novo. A estrada enlameada. A concessionária decidiu molhar a estrada durante a noite o que causou atolamentos. Tivemos de parar e ajudar um camião. Amarraram a cinta ao Jeep e lá os tiramos.

Durante o dia já havíamos realizado uma boa acção: um cachorrinho de 2 meses a morrer na berma da estrada. Não quis fotografar para tentar esquecer a imagem de quase-morte. O calor a escaldar o alcatrão. O seu quase-último suspiro. Paramos o carro e quando chegamos lá perto ele quase que nos cai nas mãos. Terra no olhos na garganta, a língua branca, a boca cerrada. Chamei-lhe “Manel” naqueles nimutos e deitamos-lhe agua pela goela abaixo. A respiração por vezes ofegante por vezes a parecer esgotar-se. Fiz uma serie de testes rápidos. Não estava cego nem surdo. Não tinha instinto de deglutição. Mas sabemos que não podemos dar água em quantidade a quem já não bebe há dias. O cachorrinho deve ter sido desmamado havia dias. Tinha uma espécie de planta amarrada – mão humana. Abrirmos um “yogurte”, penso que a lactose despertasse, mas já quase sem esperança. O que faríamos? Deixar À morte lenta? Levá-lo? Para onde? Para a próxima civilização? Se foi alguém da civilização que tinha amarrado aquilo ao pescoço, sei lá se não para o matar? Mais valia desenrascar-se sozinho. África, não é um bom país para animais. Não há (ainda) espaço para carinho para animais. De repente, começa a beber o “yogurte”, com uma força de quem se agarra à última oportunidade de viver. Lambeu tudo. A língua vermelhinha. Tínhamos de continuar. Lavamo-lo, limpámo-lo e alimentámo-lo. Agora era com ele e com o Universo.
Em Caconda e Calumquembe fomos mal informados. Não existia sinalética e não conseguíamos encontrar a “estrada” para o Lubango. Estrada, que significa caminho de bois, claro.
Pelo caminho, por vezes, pedíamos informações à polícia. Alguns bêbados queriam entrar para o carro e vir indicar a estrada.
Às 24h00 chegámos ao Lubango. Bendita a sinalização. O Lubango é claro, é uma cidade que se percebe bem, na qual se circula bem.
Fica aventura. Já agora fica o “mapa das aventuras”. Pode parecer pouco, mas já cá estão os milhares de quilómetros. “Those were the days of our lives”…mas custou bastante. Já tenho saudades de viajar de avião!

O dia de trabalho começou ainda com o cansaço acumulado da viagem. E sem um chuveiro merecido, porque a electrobomba falhou, sem lençóis ou toalhas porque a logística falhou, sem pijama para dormir porque não estava lavado, com vários assuntos pendentes, trabalhos para corrigir, etc.,etc. etc,…
Em breve publico fotos da viagem…