Tuesday, June 05, 2018

Funchal, esse florido Portugal

Parece que este blog adormece quando não viajo.

Quando viajo,tudo reaparece.
O Funchal recebeu-me nubladamente.
Mas a vista da minha janela às 9h da manha compensou o (enorme !) esforço de acordar as 4h para apanhar o voo das 6h.
Mais uma vez,a madeira recebeu-me bem. 
Os madeirenses continuam muito divertidos e, logo à chegada, a conversa com o motorista do bus foi assim:
Eu-"Ora,compro já ida e volta e já fico descansada..."
Ele-"Ora...não sei...até pode ser que fique por cá!!!"

Ri-me por dentro. Há uns anos quando cá estive,ouvi essa mesma frase de uma moça que me serviu o primeira café logo que aterrei.:-)

Entretanto,  Graça, o Ricardo e a Rosa da Hospedaria Por-do-sol são fantasticos. Até vão preparar o pequeno almoço mais cedo para mim amanha e na 6f!
Uma hospedaria modesta e acolhedora, feita de pessoas e sem a rigidez dos grandes hoteis...além disso. estão a ver a minha vista??? (Imagem Abaixo) 
Dia e Noite, deitada na cama, de frente para a encosta e com o mar de pano de fundo?
Aquele cheirinho a alcatifa e quadros kitsch, sabem? Delicioso. Verdadeiro.

O Marco dos Transportes da Madeira, ajudou-me a planear um destino para amanhã. 
A Empatia é uma arma poderosa.
E o Senhor do café (esse, por acaso nao perguntei o nome!) emprestou-me uma National Geographic sobre tradições egípcias.
Entretanto, destes 3 dias na madeira, a grande inovação virá no 3º dia...surpresa!



(Adriana Calcanhoto?) "Pela Janela do Quarto..." ... quem é ela, quem é ela...



 

Wednesday, February 14, 2018

O Homem-Lagarto ou "Que tal sexo reptiliano?" : um excerto de um livro work-in-progress

O Homem Lagarto ou "Que tal sexo reptiliano?" : um excerto de um livro work-in-progress

"Em momentos, ficamos frente a frente. 
Tudo estava simplesmente claro: ele era um príncipe. A aventura sexual tinha acabado e eu não me importava. Já chegava. 
Podia não ser muito, mas tinha sido suficiente. Ele aproxima-se para me beijar. Respiro fundo. Penso ‘caramba, cá estou, vai começar tudo de novo, um novo amor, a entrega, a emoção, vai ser tão bom…vai ser tudo tão…’ e, de repente, sou beijada fortemente, com língua e avanços e recuos sôfregos, que nem sei como explicar, sou invadida por beijos estranhos que começam a dar-me uma repulsa profunda que vem do mais fundo de mim. 

Não há palavras, só me aparece uma expressão enquanto ele me beija: ele era um homem-lagarto. Não fui capaz de ser direta. Não quero ser de novo a Cinderela, mas o beijo é algo fundamental, então o primeiro beijo, nem se fala. Disfarcei como pude e fui para casa com um nó no estômago. 
Um montão de sms’s surgiram no dia seguinte. Lindas, maravilhosas…mas vindas do homem-lagarto. Como era possível? Tanta expectativa depositada? A culpa era só minha, claro. 
Aquela língua a deambular, nervosa, os lábios que não paravam quietos por dois segundos, os encontrões de queixo, de maças do rosto estranhas e desarticulados, um terramoto facial… 
Ele parecia fazer todos aqueles movimentos com prazer, com uma enorme emoção. Semicerrando os olhos e deixando-se levar por ondas absurdas de paixão. Por esta altura, já visualizava crocodilos,  iguanas...mas principalmente camaleões, com a sua língua comprida a comer insectos, certo? E ocupava o tempo com pensamentos de cultura geral: "Que mais répteis existem?" [e mais uma lambidela], "Meu Deus, a minha cultura reptiliana é realmente fraca, mas serve para esquecer que estou aqui!" [cobras? línguas de cobras? línguas, línguas, línguas...tenho de pensar noutra coisa...]

Pensei, pensei. Pensei. Juro que pensei. O correto e maduro seria sentar-me com ele, abrir o jogo, que éramos incompatíveis e sei lá mais o quê. 
Se calhar há mulheres que adoram este tipo de beijos balbuciantes, camaleónicos, reptilianos, mas não eu. Arrepiava-me só em pensar em línguas.
Tinha de arrumar o assunto com alguma honestidade mas não queria estar com ele de novo. Todo aquele ser, personalidade, gestos era altamente incompatível com aqueles beijos.

No final mostrou-se bastante fácil. Escrevi uma sms “X, vou ser sincera. Desculpa fazer isto por sms, mas não estou pronta para entrar num relacionamento, ainda por cima com um ex-namorado de uma conhecida. Parece-me que ainda existem pontas soltas e prefiro não entrar em triângulos. Além disso, ainda não me sinto pronta. Mesmo. Lamento. Espero que compreendas”.
A partir daí, fui alvo de um certo ghosting (termo da moda). Ele desapareceu completamente do mapa. De quando em vez eu procurava-o no facebook, etc., mas ele evaporou. Neste caso facilitou-me bastante as coisas porque decididamente répteis não são os animais de estimação ideais para mim."