Tuesday, September 30, 2014

Encontro-me, no cansaço

Às vezes só nos encontramos quando levamos o corpo ao limite.
No extremo do cansaço, depois de uma aula de yoga, transcrever entrevistas de doutoramento e mais uma sessão de emassar e pintar paredes, senti o corpo hoje a ceder aos seus 36 anos.
Não é que não o tivesse sentido antes, mas existem duas diferenças. Em primeiro, apeteceu-me muito escrever. Em segundo, lembrei-me da noite de sono, marcado por sonhos de morte.
Agora recordo-me de acordar com um misto de mortes e uma sensação profunda de vazio impossível agora de recriar, de a re-sentir.
Nestes dias que a minha perceção do tempo é particular (parece-me estes dias que tudo corre mais depressa), e nas sensações de que as pessoas estão a desaparecer, não me sinto quase a chegar aos 40 anos.
Não é que faça grande diferença atualmente ter 36 ou 40 ou até 42, mas o meu corpo começa a apresentar limites, que a minha mente não tem. Se teve, eu ultrapassei-os. Alguns tinha de certeza! e eu lutei tudo para os ultrapassar. Limites mentais, de preconceito, de "quadrados" em que nos encaixamos ou nos quais os outros nos encaixam. Sou capaz de quase tudo. Não me limito. O problema parece continuar a ser descobrir o que realmente quero, o que realmente faz sentido, o que traz felicidade. E nestes momentos de esgotamento corporal, encontro um pouquinho dessa sensação de felicidade.

Wednesday, September 17, 2014

Il Verano...e o controle

Quando dei por mim, já não escrevia desde Julho.
Se ainda tivesse andado a curtir, em férias, ainda vá...
Mas não. Entre pintar a casa ("euzinha!" a emassar paredes, lixar, pintar, arrumar...ufa...), trabalhar para o Doutoramento e mais mil projetos, a escrita ficou de lado.

Mas confesso que o facebook tem a sua culpa. Temos sempre algo a ver, algo a ler, alguém a quem dizer olá, uns vídeos giros, uns factos que apetece ir confirmar se são ou não verdade...e , de repente, já estamos há 1 hora em "Fact checking"...

Pelo menos comigo é assim.

O Facebook é lindo. É. Mas também é horrível. Somos invadidos pelo que não queremos.

Aliás, esse é o tema da minha reflexão de hoje. Tudo parece fora do meu controle.

Quero trabalhar, mas sou invadida por informação que não me interessa!!!!, mas que depois até é interessante.

Quero falar com esta pessoa, mas outra "entra-me " pela vida adentro.

Não quero ter TV cabo, não QUERO 130 canais de tv que me "obrigam " a ver o que não quero, mas para ter um pacote de internet e telemóvel, sou obrigada a ter televisão.

Parece que estou a ser forçada a fidelizações, contratos, obrigações.

Por mais que eu queira, acho que estamos a perder controle das nossas vidas.

Já não vamos comprar AQUILO que queremos, compramos o que está em promoção. Quero internet, vêm 3 mil ofertas atrás.

Estou cansada. Quero escolher, OPTAR. Não quero ser escolhida, coagida.

Ter controle de alguma coisa nas nossas vidas é essencial, mesmo que seja parcialmente uma ilusão. A vida acontece, muita coisa já está fora do meu controle, mesmo que eu pense que não. Mas com quem estou, quem é meu amigo, que pacote de internet escolho, que mesa , que cadeira, que roupa...isso é meu. Só meu.