Monday, March 02, 2009

Algarve…by Winter





Tirei uns dias de férias para me afastar da dissertação de mestrado e relaxar. Fui para onde ninguém vai, como costuma ser o meu princípio: Quem vai para o Algarve em Fevereiro? O tempo esteve do nosso lado e o sol acompanhou-nos a todo o caminho.
Foram três dias de passeio, sem grandes ilusões turísticas. O Algarve, nu e cru, fora do seu tempo, sem ninguém, apenas com a natureza que possui e que é ignorada todo o ano.

Porém, como sabemos o Algarve já não é português, para mal ou para bem. Quem se vê por lá é inglês, alemão ou semelhante, consoante as zonas de que passeia.
Dá vontade de viver no Algarve no Inverno, exceptuando claro o nível de vida que é elevadíssimo.

No entanto, quem quiser passar lá umas noites a dois, por menos de 20 euros por noite, pode sempre aproveitar as promoções do www.destinia.com, um portal de compra de férias muito barato (às vezes mais baratos que portais portugueses!)
Desta vez, a nossa estadia foi do Aparthotl Bayside Salgados, na praia dos Salgados, em Albufeira. Não excessivamente requintado, mas recatado e com tudo que é essencial.

Poesia

Ocasionalmente, volto ao meu verdadeiro ser. Poemas escritos recentemente, no passado e na semana passada…


Quebras-me

Quebras-me e deixas-me aqui estendida aos pedaços.
Q quebras-me sem sentires, sem saberes,
Quebras os laços que podiam existir.
Parece que te ouço rir quando me quebras
sem que te apercebas. Eu viro costas e
faço de conta que não ouço os teus passos,
nem a tua voz.
E deixo que me quebres, uma e outra vez
Porque me agarro ao nós que tu já não crês.
Reato-me e coso-me por dentro
E engulo em seco.
Volto amanhã para me quebrares como se
Me degolasses num escuro beco.

Em 2008


Hesitante

O passeio do receio é um caminho
Que faço hesitando,
Respirando a medo a cada dia,
Contendo um pouco mais de vida dentro de mim.
Guardo-me para mim, escondida
Para ninguém ver.
O receio de que o passeio mostre aos outros
Como sou consome-me a cada hora.
Na pressa da vida receio a demora, a perda, o tempo
Que se desgasta em minudências.
Passeio pela vida com medos e receios
Sem dizer, sem mostrar, sem os querer
Mas sem os negar.
Contenho em mim a verdadeira
Essência bem escondida e fico feliz
Por saber que ela lá está, e no entanto
Receio embarcar na busca por ela.
Então deixo-a estar lá,
Bem guardada dentro de mim, atrás do receio,
Enquanto passeio pela vida que vou vivendo hesitando.

Fevereiro de 2009


Leva-me

Leva-me para esses caminhos, esses do falado amor
Da intimidade, do afecto,
E convence-me a sair desta via do desassossego,
Do pensar, do alerta pessimista.
Se me conseguires levar a bem, devo ficar por lá.
Leva-me para longe destes pensamentos daninhos
Que são diabinhos que me corroem
E convence-me que amar é mais.
Leva-me e diz-me que não há volta e
Que a revolta que trago comigo
Desaparece por magia.
Mostra-me a tua via, a tua estrada,
Conduz-me de mão dada e eu só prometo deixar-me levar.
Depois, apaga os caminhos antigos,
Dá os meus diabinhos como perdidos
E mostra-me a tua auto-estrada de amar.

Em 2008

Luanda...os últimos dias



Nos últimos dias de Dezembro, passei uma tarde em Luanda, na ilha de Luanda. As memórias já me falham e o tempo parece mesmo passar mais rápido cá em Portugal. Aquela tarde no Clube Náutico na ilha Luanda soube a uma semana de Férias.
Finalmente, seguem abaixo umas fotos. Relembro que sou uma falsa fotografa, pois já me rendi à digital, mas a minha alma lomografa continua cá…e vivia a espontaneidade e intuição (sem técnica…)

Uma história infantil, para crianças e adultóides

O Caracol Medroso-Uma história infantil, para crianças e adultóides
Era uma vez um caracol, que todos os dias saía do seu esconderijo e punha os corninhos ao sol. Este caracol não era um caracol qualquer, ele conseguia ver o que outros não queriam ver.

Ele punha os corninhos ao sol, e olhava, olhava, olhava tudo à sua volta.
As árvores, os rios, as folhas, os assobios do vento e dos humanos naqueles dias em que os humanos estranhamente apareciam para sentar-se na floresta, todos juntos, e riam.

Ele observava as nuvens, as pedras, os animais e os outros caracóis como ele, a colocar os corninhos ao sol.

Certo dia, viu um caracol seu amigo, morrer.

Ninguém sabia bem o que era “morrer” , mas nunca mais ninguém via os tais amigos caracóis que “morriam”.

Uns diziam que ia para o céu, outros diziam que ia para outra terra, para junto de outros caracóis que eram anjos., para junto do Deus dos caracóis.

O caracol começou a ter medo. Até aí, nunca soube o que era o medo, e mais nenhum caracol o percebia! “Vem para o sol, primo caracol”, diziam os outros, mas ele tinha medo, muito medo.

Medo das árvores porque podiam cair, medo das folhas que podiam esconder um buraco no chão, medo dos outros animais ou dos humanos que eram muito grandes, medo do escuro e até medo do sol!

O caracol passava o dia escondido com medo de algo desconhecido, com medo de tudo à sua volta, porque nada era certo, tudo poderia correr mal, e ele podia “morrer”. O seu coraçãozinho batia muito forte, parecia que ia saltar para fora do peito por causa daquele medo que ele sentia em todos os momentos.

Os outros caracóis vieram dizer que ele estava doente, e que isso não era vida de caracol.
Mas o caracol acreditava que qualquer coisa lhe ia acontecer. O medo crescia e crescia dentro dele, mas ninguém conseguia perceber. Até que um dia o caracol ficou paralisado, o medo já não o deixava mexer-se.

Sem se conseguir mexer ou fazer fosse o que fosse, nem os pequenos corninhos conseguia mover para que sentisse o sol a aquecer.
Os outros caracóis iam para o sol, de folha em folha, casavam, tinham bebes caracóis, iam à escola, e um dia desapareciam.

Mas o nosso caracol também estava a morrer, só que no mesmo lugar, em vez de viver a vida de caracol que era suposto viver.

Até que um dia, pelo meio de um raio de sol, viu algo a fazer sombra, a vir em direcção a si, uma coisa enorme, talvez um pé humano, talvez outra coisa grande e que parecia pesada, que vinha de cima, e só a poucos centímetros de distância é que o caracol deixou que o medo se transformasse em coragem e arrastou-se a correr, a correr como corre um 
caracol...muito devagar.

Desde esse dia o caracol teve todos os dias medo. Era mais vivido do que os outros caracóis que simplesmente viviam. Ele vivia e sentia o medo, percebia-o, deixava que o medo se instalasse e, depois, respirava fundo transformava todo esse medo em coragem, e fazia o que um caracol tinha de fazer: viver cada dia, correndo as folhas, ouvindo os rios, aquecendo ao sol.

(Como psicóloga, escrevi esta história com intuito educacional. Pode ser usada para ajudar crianças a lidar com o medo, não o perdendo, mas transformando-o em coragem e noutras intervenções).

P.S. Respeite os direitos de autor. Para Citar esta história, utilize a seguinte referência bibliográfica:
Araújo, P.(2008). O Caracol Medroso:Uma história infantil, para crianças e adultóides. Acedido em  (COLOCAR AQUI MÊS e ano da consulta) e Disponível em http://pseudotudo.blogspot.com/2009/03/uma-historia-infantil-para-criancas-e.html.