Saturday, January 01, 2011

Gosto do ir e do voltar...

Cá estou de volta à minha terra. Depois de 7 meses a milhares de kilómetros de distância. Depois de quase e dias em viagem, ou melhor, em trânsito. A TAP fez-me perder o voo de ligação então, tive3 de atravessar o país de autocarro. Há anos que não andava num Autopullman...
Foi a fazer esse percurso que me apercebi que adoro o ir e o voltar. Adoro chegar a Portugal com os olhos de quem esteve fora tanto tempo. E entristece-me profundamente o pessimismo em que Portugal se afundou. Quando chego, reconheço ainda mais, o fantástco país que temos, independentemente de passarmos por dificuldades.


Quando se fala da crise actual, lembro-me regularmente das palavras da minha avó, quando eu era pequena e fazia birras para não comer determinado jantar. "Quando eu tinha a tua idade, passavamos fome! Era só agua com batatas e couve". Eu ficava com um ar bem estranho, como se na minha cabeça, auqilo fosse impossivel.

Hoje sei que é possivel, mas ja toda a gente se esqueceu. Agora ficam frustrados por não ter um plasma. E as pessoas sentem uma enorme necessidade de trocar de telemóvel regularmente! E tudo tem de ser mais pequeno ainda (portateis, telemoveis, etc) ou o maior possivel (plasmas, caqsas, carros)  ou o mais potente possivel!!! O que é que aconteceu a aceitar o que temos? Toda a geração dos meus avós, e pais e até meus conterrâneos estao a fazer exactamente o contrário do que lhe foi ensinado! Porquê? A explicação é simples. O liberalismoe e capitalismo actual criou muito facilmente novos Desejos! Não necessidades, DESEJOS. Necessidade é muito diferente de desejo.

Por isso, gosto do ir e do voltar. Quando voltar a Angola, vou olhar para as gentes simples e apreciá-las. Vou olhar os ricos a esbanjar e vou ficar triste de novo. Quando voltar a Portugal, apreciarei a simpatia dos portugueses, a resiliência, e ficarei triste por ja não saberem o que é a necessidade ou o desejo...

2 comments:

Angola Debates e Ideias- G. Patissa said...

viajar é assim mesmo, é evitar que o mundo seja estático. Boas festas

Retornado said...

Bem analisado.

Mas estes 36 anos de fartura (autêntica orgia), devia ser festejada, porque já ninguem nos tira aquilo que gozou:
Filhos na universidade, casas na praia cidade e aldeia, carro na garagem, à porta e no trabalho, férias em Cancun...!

Ou seja, aquilo que deviamos estar festejando, não, pelo contrário, lamuriamos que nem umas madalenas arrependidas.

Faz lembrar os retornados que viemos com uma mão a traz e outra à frente de Angola para Portugal e que ainda hoje alguns continuam a lacrimejar o que perderam.

No entanto tinhamos levado naquela Luanda Benguela etc. uma vida abençoada que nos devia manter felizes para o resto da vida, excepto quem perdeu familiares, evidentemente.

Que tristeza!