Sunday, September 12, 2010

A caminhada ao Sombreiro e a Arte de ser ninguém

Durante muitos anos ouvi, e ainda ouço por vezes, a expressão “ser alguém”, faz parte da minha infância e do conhecimento do senso comum, da sabedoria popular. Desde sempre, o considerado “povo” quis subir na hierarquia social, que infelizmente sempre existiu e, pelo caminho que vamos, parece que vai existir sempre. Não digo a hierarquia económica (haverá sempre na jogada o ESE-Estatuto Socio-económico), mas a “hierarquia das Manias” de quem é bom, a mania de ser superior, ou de achar que, por este ou aquele motivo, se é melhor que o outro. Aquela noção tão revoltante de ser superior ou inferior.

O ser alguém parece ter-se traduzido em “passar por cima dos outros a qualquer custo, para chegar a um lugar de poder, qualquer que seja”. E, no fim de tudo, apesar do mau karma que se acarreta, isso é fácil.
Difícil é ser ninguém. É não ter nem querer nenhum tipo de atenção especial. É querer ser a gota no oceano e não desejar ser o oceano.

Todos estes pensamentos me revoltam e perturbam bastante. E pensem: vivemos encafuados no dia-a-dia do trabalho…e quando chega ao fim de semana temos de respirar!!! Largar os tacões e as roupas desagradáveis, deixar de usar “coletes de forças” e “mascaras” organizacionais, deixar cair os títulos e descer de pedestais imaginários ou em quais no colocam, e ser nós próprios, procurar o nosso eu, a nossa autenticidade. Está aqui. No meio do vento e do ceú, das plantas e da terra, da areia e dos animais. Pertencemos.

É horripilante pensar que existem pessoas que passam a vida a praticar a posse, de tudo e de todos.

Um dos Yamas (Princípios éticos e orientadores do Yoga) que mais gosto e pratico é Aprarigraha: o Não-apego, o desapego das coisas materiais, o estar satisfeito consigo próprio, e sentir que já se tem e se é, tudo o que se precisa ser. A pratica da aceitação do que se tem.


Quem pratica o Apego todos os dias, está condenado a ficar sem nada, pois vive na ilusão de que possui alguma coisa…quando nada é de ninguém.

Fico triste, deixo-me invadir pela tristeza de observar tanto apego neste mundo.

Aliás, o Budismo já explicava que a origem de todo o sofrimento é o Apego…
Bem, deixando de lado as minhas aspirações a escritora, entro num registo mais soft. Vejam então nas fotos as casinhas de madeira na Baia Azul…que lindas, não são? São o meu sonho!

Vejam o caminho que fizemos para o ex-libris de Benguela, o Sombreiro. Essa Rocha em cima do monte que é a principal atracção dos postais da baía de Benguela.

Bem, apreciem as fotos da amizade, do convívio, das paisagens bonitas, das pessoas livres e felizes , nem que por umas horas apenas...

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