Tuesday, July 08, 2014

O fenómeno da PRESSA PATOLÓGICA

Recebi um convite para escrever um artigo para um capítulo de um livro.
Não é o primeiro convite para escrever ao longo da minha carreira, mas este cai bem. Cai cada vez melhor na minha alma de escritora, que nem sempre tem o mercado do seu lado.
Trata-se de um artigo científico, porém, com alguma margem ensaística.
Decidi a abordar o trabalho, minha linha de investigação há vários anos, mas tão ampla, tão ampla que eu tinha de encontrar uma outra abordagem.
Poder refletir sobre o papel do trabalho, do emprego, do desemprego, da precariedade na vida humana, tem sido um privilegio, mas esta oportunidade era de ouro: tinha de acrescentar algo mais.

Já há muito que queria explorar o "nada fazer", o  dolce fare niente, o meditar (num sentido mais profundo oriental), mas o fazer nada e a sua importância neste mundo ocidental FAST.

Então, comecei a explorar as investigações de alguns autores acerda do ÓCIO e da evolução do conceito.

Obviamente, para efeitos deste blogue, nao irei por aí.

Porém, após uns dias de leituras, surgiu uma frase que me fez parar.

"Neste espaço, surge a pressa como um fenómeno típico da atualidade e como mola mestra para os avanços tecnológicos que fabricam equipamentos para se poder ganhar mais tempo (Aquino, 2007, p. 481)

A PRESSA.
E comecei a pensar em pessoas.
E tantas pessoas que andam cheias de PRESSA.
Que correm e correm de um lado para o outro, sempre com algo agendado a a seguir, sempre com o telemóvel na mão (e não é para passear pela net ou ver emails é mesmo para ligar!!!).
A PRESSA.
O fenómeno de achares que temos pressa. De que tempo é dinheiro.
Tempo não tem preço.
 Temos o mesmo tempo de vida que tínhamos...ou melhor, temos mais. Os últimos dados apresentavam uma estimativa de esperança media de vida de 78 anos para as mulheres.

E essas pessoas correm, cheias de pressa.
E começa a sempre patológico...como sempre, sempre que começa a afetar a qualidade de vida do APRESSADO PATOLÓGICO e figuras da sua vida.

Sabem? Aquele pessoa que nunca pode? Nunca está? Ou só pode quando pode, nao respeitando os limites dos outros? E que tem sempre para onde ir a seguir?
Sim, já havia uma psicopatologia infantil (a hiperatividade) que começou a ser falada em ser aplicada a adultos.

Mas isto da PRESSA como fenómeno moderno é fascinante.

E desgasta toda a gente à volta do apressado.

Quando vamos conseguir PARAR. Respirar. Apreciar. Só temos aproximadamente 680.000 horas de vida????!!! (para uma vida aproximada de 78 anos!).
Só faz sentido ter PRESSA em VIVER, se pensarmos que temos tão pouco tempo.
Mas pressa em viver com qualidade. Pressa em viver, com calma.


Conhecem algum APRESSADO PATOLÓGICO?



Para ler mais:

No comments: