Thursday, October 03, 2013

Ser feliz é dificil

Ser feliz é dificil. Não é dificil atingir a felicidade, é dificil aceitá-la. Quando lá chegamos, parece que algo nos puxa para a miséria.

E no fundo, vive-se tão bem quando estamos infelizes. Alimentamo-nos da energia dos outros, da pena, de nos sentirmos vítimas. Quando estamos realmente felizes, nao conseguimos ficar lá. OU será que nao queremos?

Chego à conclusão que há pessoas que nao querem. A nossa sociedade atual dá muita atenção a tudo o que é negativo, tudo o que é “coitadinho” e as pessoas inteoriozaram que para obter atenção, têm de se demonstrar negativas, deprimidas, dificeis, infelizes.

Quando aparece alguém na nossa vida que é aberto, feliz, verdadeiro, autentico...muitas vezes dizemos ou pensamos que aquela pessoa não está bem. É anormal.

Ser feliz é ser anormal, atualmente.

Ter alegria, ter contentamento, ajudar os outros sem intenções...é sinal de que qualuer coisa é estranho. Pensamos logo que existem segundas intenções.

As pessoas desenvolvem muralhas, defesas para se proteger da excessiva felicidade. É perigoso ser feliz demais.

Como dizia uma parábola zen “Se escrevermos com marcador branco num quadro branco, nao se distingue. Escrevemos a preto num quadro branco...”

Para saber abraçar a felicidade, é preciso ter abraçado muito a tristeza profunda, ter chorado e sofrido “até ao fundo do poço”, para depois DECIDIR subir até cá acima e viver a felicidade.

Quem nunca viveu profundamente o sofrimento, nao poderá viver profundamente a alegria.

E quem viveu muito profundamente o sofrimento e, ironicamente, sentiu algum conforto lá (por mais estranho que parece isto acontece inconscientemente) pode não DECIDIR subir o poço.

Pode decidir lá ficar. Porque é bom. Porque é confortável. Porque é estável. É certo. É o mais ou menos. É o “deixa estar não mexe...porque pior nao pode ficar”.

E depois não se arrisca. Porque DECIDIR subir o polo e ser feliz, é ter de arriscar. Sabendo que se subirmos até cá acima, podemos descer até lá baixo de novo, já amanhã.

E às vezes, ficar lá em baixo é mais acolhedor.

É preciso muita coragem para ser e ficar feliz. É preciso decidir. DECIDIR.

E com isto nao quero dizer que é uma vida menos válida. Querem ficar lá em baixo, segurinhos, fiquem. É simplesmente sinal que não estão prontos. Quere ser feliz é arriscar tudo. É colocar as estranhas todas de fora. É expor-se aos outros. É por-se a nu. Tudo a nu. É realmente “dar a outra face” se for preciso. E ser feliz não quer dizer não ter momentos de dúvida, incerteza, medo, defesa, tristeza. É integrar esses momentos todos no eu. É perceber que eles fazem tanto parte da felicidade como quando estamos em pleno sofrimento e, por vezes, temos lampejos de felicidade...

Ter coragem para ser feliz, é ter coragem para aceitar tudo isso, integrado no nosso eu, e mesmo assim arriscar. É fazer uma gestão do risco emocional, e decidir ir em frente.

Não saímos à rua só com calças. Nao temos de escolher entre vestir calças ou camisola ou casaco. Não há “Ous”. Há “Es”. Vestimos as calças (tristeza), o casaco (a alegria), a camisola (dúvida), calçamos os sapatos (insegurança), o cinto (certezas) e todas as mais metáforas que quisermos. Faz tudo parte de nós. E Depois...temos um conjunto...que é o nosso EU. Quando tivermos coragem de integrar o conjunto, e aceitá-lo como um todo inseparável e com harmonia, aprenderemos a ser felizes. Se recusarmos o “conjunto”... escolhemos ser infelizes, pois estaremos a negligenciar parte de nós.

É preciso muita coragem para ser feliz. Parabéns a todos aqueles que são “demasiado” felizes.

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