Há alguns dias estava a preparar alguns conteúdos científicos para as minhas aulas. Um dos conteúdos era uma teoria, da qual não consegui descobrir quem é o autor original.
É uma teoria dos saberes, que está ligada com o estudo da competência.
Refere-se a três saberes essenciais: o saber-saber (conhecimento), o saber-estar ou saber-ser (as competências interpessoais ,sociais, etc.) e o saber-fazer (saber técnico).
Depois disto, e face a outras situações da minha vida, pus-me a pensar no saber-dar.
Nestes anos de experiência da minha modesta vidinha, sempre acreditei que as pessoas têm a capacidade de aprender todos os saberes. Todos os saberes que quiserem, se realmente quiserem. Às vezes, nós temos de saber esperar que os outros desenvolvam essas competências. E eu esperei. E espero ainda.
Mas há pessoas que não sabem dar. Eu também aprendi a dar com outras pessoas. Aprendi a sentir o prazer enorme de dar algo a alguém. Algo físico, como uma prenda, algo imaterial como um elogio ou um contacto ou um favor.
Devia ter uns dezoito ou dezanove anos quando alguém me deu algo e eu disse que não podia aceitar. E alguém me disse que eu não podia dizer isso, porque o prazer de dar era destruído por comentários desses.
Nos últimos anos, felizmente, pude dar muito. A vida trouxe-me alguma estabilidade financeira e fiz surpresas a várias pessoas. Comecei a ter grande prazer nisso.
Algumas surpresas que fiz, por exemplo, à minha mãe, trouxeram-me emoções que nunca havia sentido. Um calor no coração, uma lágrima escondida, um prazer de a ver feliz, um contentamento inexplicável por ver a expressão dos “apanhados” estampada na cara dela!
O saber dar envolve o saber-ajudar, o saber-estar lá para os outros, o saber-dar atenção ao outro.
Não vos vou dizer que dou sempre desinteressadamente, aliás, nunca dou desinteressadamente. Espero que, um dia, alguém tenha amabilidade de me devolver a sensação de felicidade de receber e, que, ao mesmo tempo, eu possa dar a essa pessoa a sensação enorme do prazer de dar.
Quando falamos de coisas materiais, há também as regras de etiqueta em sociedade. Nem sempre me revejo nelas. Mas, acho eu, diz a etiqueta que se alguém nos oferece algo, devemos oferecer algo de volta, se não logo, então numa próxima oportunidade. Mas já fiquei muitas vezes sem receber nada.
Perdoem-me se isto soa mal, pode parecer interesseiro ou materialista, mas não é. Já dei prendas de 1 euro e recebi emails que valiam 1000 euros, só pelas palavras que me tocaram.
Talvez cada um aprenda a dar na hora certa. Ou talvez seja uma das tarefas desta vida resolver este assunto. Como sabem, o Karma diz que toda a acção tem uma reacção e se a intenção da acção é positiva, a reacção será positiva. E este é mais um motivo para dar.
E com isto não digo que quem não sabe dar é egoísta ou que o faz por maldade. Não chegaria a tanto. Como diz o budismo, é a ignorância que está na raiz de todos os males.
Acreditem, se aprenderem a dar, nunca mais vão querer parar. O vosso coração encher-se-á de alegria e de positividade sem limites…
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