O sonho dos meus
amigos é ter um GTI…
Sempre me
espantei com o bloqueio de escritor. Porque nunca o senti na pele. Sou
hipergrafica. O meu papel neste mundo é escrever, nunca tive grandes duvidas.
E é fácil
inspirar-me com qualquer coisa.
Esta semana foi
a velha pergunta “o que farias se ganhasses o euromilhões?”. Claro que não há
respostas certas, mas há a interpretação cognitivo-narrativa.
A forma como
moldamos a resposta, escolhemos cuidadosamente (apesar de ser nuns segundos) o
que vamos passar do pensamento para a linguagem e isso reflete quem somos.
Se amamos
alguém, respondemos que queremos “fugir” com essa pessoa, dar a volta a mundo,
ir de férias.
Se amamos muito
uma coisa, pedimos essa coisa.
A música
fantástica dos Clã “O sonho dos meus amigos é ter um GTI”…diz também “e os meus
amigos, riem-se de mim por ser feliz assim, sem sonhar com um gti, mas que me
importa um GTI se te posso ter a ti!!!”
É tal e qual a
lâmpada do Aladino.
Pedir um carro,
uma casa, um negócio, são desejos perfeitamente lógicos na sociedade atual.
Verdadeiros. Cumprem necessidades. Medianos, seria a primeira resposta de todo
o ser humano médio. É perfeitamente correto.
Mas o primeiro
impulso da resposta, remete ao que nos faz mais felizes.
Mas é fácil
concluir que o que nos faz mais felizes nunca teve nada que ver com dinheiro,
como todos sabemos. O facto de ganhar o Euromilhões ou muito dinheiro nunca vai
comprar uma pessoa para amar. Mas pode comprar o bocadinho extra de felicidade
em conjunto.
De que adianta
ter milhares ou milhões de euros, se não temos amor? De que adianta ter tudo,
se não se tem com quem partilhar?
Se saísse o
Euromilhões, comprava um carro, uma casa, uma viagem…para andar ou goza-los
sozinha? Sim, claro que o faria, mas nunca chegaria aos pés de gozá-los com
outra pessoa.
E vocês? Já
experimentar registar a resposta a esta pergunta ao longo da vida? Sim, vai
mudando. Há a fase do “ah, deixava de trabalhar”. Depois vem a fase do “ah, não
deixava de trabalhar, continuava tudo assim, mas já ficava mais a vontade…”.
Depois “ir viajar pelo mundo”. “Comprava o carro x, a casa y”. Ou “dava
dinheiro a família, aos amigos, faria toda a gente feliz!”. Já é um ótimo
patamar! . E por fim, até chegar ao patamar macro, em que não é uma coisa, não
é só para nós, é a partilha total com alguém e com todo o mundo. “faria
qualquer coisa, desde que estivesses comigo”.
É um pouco na
linha do desenvolvimento Moral de Kohlberg, essa ótima conceção do
desenvolvimento moral, que até hoje nenhuma outra abordagem bateu…(ler mais aqui)
É ter plena
consciência de que a morte chega, os bens materiais todos ficam. Deterioram-se.
Não valem nada. Só as experiências, as vivências, as memórias, as emoções
contam alguma coisa, quando tivermos 90 anos e já não nos conseguirmos quase
mexer do sofá lá do lar (de preferência, uma daquelas residências sénior, com
piscina, claro!).
Quando o
“Experiencing me” já não puder experimentar muito, resta apenas o “Remembering
me”. (Ler mais sobre este assunto ou ver Video aqui)
É HORA do
“experiencing me”. Já.