Esta semana um dente
morreu na minha boca.
Eu senti-o a morrer aos
poucos, talvez há mais de 1 ano que estava a morrer.
Cada semana, mais ou menos
consciente sentia um pouco da sua morte.
Houve um tempo em que algo
morrer em mim me perturbava bastante.
Houve um tempo em que a
morte me perturbava.
Houve um tempo em que os
FINS no geral eram um problema.
Como escritora (a minha
principal vocação desde os 10 anos!, mesmo que tenha muito pouco publicado!)
criar um fim para uma história sempre foi o momento mais difícil
E mesmo quando sabia que
fim, era difícil escrevê-lo.
Sempre senti que o fim é
realmente o que dá sentido ao meio e ao princípio de tudo. Hoje sei que apesar
de o fim ser resolutivo e de existir um alívio incomparável em
qualquer fim, o fim não enaltece nem anula o princípio nem o meio.
Se isso é fácil de pensar
em relação a pequenos fins, é muito difícil em relação a grandes
fins (relações, mortes...etc.).
A minha segunda grande
paixão é o cinema. Como cinéfila quase obsessiva vejo-me muitas vezes a
meio do filme a pensar no fim. E a julgar o filme pelo fim que terá.
Então, desta vez, decidi
registar isto. Para que eu própria nunca me esqueça.
Estou a amar este
filme. HER .
Nomeado para os óscares 2014.
Estou a vê-lo neste
preciso momento. Só parei para escrever.
É tão belo, tão puro, tão arrebatador
que não quero que, seja qual for o fim que os autores decidiram, estrague esta
minha visão dele. Estou a amar este filme. E a única coisa que conta é o
presente.
O passado é uma história
que contamos a nós próprios (acho que ouvi isto em algum sítio...) e o futuro
ainda não existe.
Por isso, aqui neste
presente, amo este filme. E não interessa o fim.