Sunday, March 31, 2013

Tristeza, crises e outras reflexões

31 de Março. Mais um dia cheio de tristeza nesta minha vida. E a vida traz tudo isso, e temos de aceitar. 
O engraçado é que sabemos que tanto as tristezas como as alegrias são causadas por nós próprios. São mesmo. Mas às vezes, na pura e inocente ignorância, decidimos tentar, arriscar, mesmo sabendo que vamos sofrer. Mas não há outra forma de viver, se não viver a tentar.
Sou feliz por tentar. Sou feliz por conseguir sentir tristeza. Sou triste por no meio do turbilhão também causar tristeza aos outros. E só por isso é que lamento. Claro que outros também me causam tristezas, mas dói mais quando assumimos as nossas responsabilidades.

A crise não é económica, nem financeira. Estranhamente é a mesma crise de sempre do ser humano. Ambições, especulação, incapacidade de ver além do que está à nossa frente, incapacidade de nos colocarmos no futuro, de aceitar que o mundo vai mudar e apanhar o comboio em vez de ficar preso no comboio do passado.

As pessoas vêem as mesmas notícias vezes sem conta. A comunicação social aberrante dás a notícias que vendem mais. E o que vende mais é mesmo ... a tristeza.

A alegria não vende. Não aumenta audiências. A miséria é mais contagiante do que a alegria.

Mas de alguma forma a rotina é confortável. Dizer mal deste ou daquele sem ver o que fizeram de bom. Dizer que se vai mudar algo amanha, já amanha ...mas depois a tentação da imutação é grande.

A rotina traz segurança e, os humanos atuais, desesperados por segurança em algum nível cometem estupidezes. Eu sei, eu também as cometo.

Mas no meio da minha ingénua estupidez, fico feliz. Por tentar. Por criar memórias fantásticas. Por doerem, porque se não doessem era sinal que não tinham tido significado.

Mas às vezes dói demais. Dói demais ter de aceitar e assimilar tudo isto. Que a vida é tristeza e alegria, e que temos de assumir as responsabilidades por ambas. Dói demais ser capaz de nos colocarmos no lugar do outro, e dói demais conseguir compreendê-lo, mas ainda assim não nos identificarmos com o outro.

Dói demais ver as pessoas a seleccionar a tristeza do dia para sofrer melhor. Alguém que matou alguém, um imposto que aumentou, percentagens soltas sem compreensão. Todos querem ser economistas.

Há 20 anos, que eu me lembre, as pessoas não queriam saber o excesso de pormenores. Olhavam para a família, para o amor, para o seu interior. Agora olham para as noticias, as normas, as novas regras, o défice, a troika.

Desliguem disso um pouquinho.

Reconetem-se convosco próprios. E se quiserem encontram tristezas próprias  alegrias próprias  arrependimentos próprios  Está tudo cá dentro. Reflitam por dentro. Se cá dentro não estiver nada, não existe exterior.

Se formos vazios, não existe mundo pelo qual/no qual viver.

Mais vale sentir ALGO, do que vazio.

E a tentação de voltar atrás é grande. Muito grande. Mas se já tentamos, já demos o nosso melhor, então mais vale sofrer e, depois voltar a tentar. Vezes e vezes sem conta. Até nos encontramos a nós próprios. Sem magoar mais ninguém. Sem que mais ninguém nos magoe.